Talvez seja interessante retomar https://aulasprofgilberto.blogspot.com/2021/05/o-estrangeiro-de-albert-camus-vinhos.html antes
de ler esta postagem:
Sintès gostou da carta que Meursault redigiu...
Estava certo de que daria prosseguimento ao seu plano e de que podia contar com
o amigo. Já era noite avançada e os dois concordaram que o produtivo encontro havia
terminado.
Meursault estava
cansado e com sono, mas sem disposição para se levantar e voltar para o seu
quarto. Sua fisionomia denunciava certo esgotamento e o outro observou que
soubera da morte de sua mãe... Sintès emendou que “mais dia menos dia” aquilo
tinha de acontecer.
O rapaz era da mesma opinião. Ao se levantar, o anfitrião apertou-lhe a
mão com força e sentenciou algo como o bom entendimento a que tinham chegado, e
a que sempre chegariam por saberem tratar “de homem para homem.
(...)
Meursault
fechou a porta do cubículo de Sintès... A escada estava escura e ele se deixou
ficar por algum tempo. Todo o prédio parecia calmo e ele pôde sentir o “sopro
úmido e obscuro” desde o piso mais abaixo. Tudo o que podia ouvir era o sangue
a latejar nos ouvidos, então não se importou de continuar parado por mais um
pouco.
Ouviu o gemido do cão
do velho Salamano... E a queixa do animal rompeu o silêncio que se
experimentava no prédio que àquela hora estava “cheio de sonos”.
(...)
A
semana foi de muito trabalho para Meursault no escritório... De resto, tudo correu
dentro do mais ou menos previsto.
Raimundo Sintès
visitou-o certa tarde para confirmar que havia enviado a carta... Por duas
ocasiões foi ao cinema com o camarada Manuel, e sobre isso podia dizer que na
maior parte das vezes o outro não conseguia entender o que se passava na grande
tela. Por isso Meursault tinha de explicar-lhe o filme em diversos momentos.
(...)
No sábado a Maria o
visitou... Haviam combinado isso mesmo. A garota apareceu com um vestido de
linhas brancas e vermelhas e umas sandálias de couro. Sua aparência o instigou
tanto mais porque sua pele estava com uma bonita cor “queimada do sol” e ele
pôs-se a imaginar seus seios firmes sob o tecido.
Tomaram um ônibus e seguiram a uma praia... O lugar era envolvido por
rochedos e algumas áreas que abrigavam canteiros de rosas. Às quatro horas da
tarde água morna estava convidativa e Maria divertiu-se com uma brincadeira que
Meursault gostou de aprender. Como as ondas chegavam “pequenas e preguiçosas”,
podiam nadar e ao mesmo tempo sorver alguma espuma que tinham de soprar para o
alto depois de se colocarem “voltados para o céu”. O efeito provocado era “uma
espécie de renda espumosa que desaparecia no ar” ou ainda “uma chuva quente”
que caia sobre seus rostos.
Evidentemente os dois se irritavam com o ardido na boca provocado pelo
sal da água. Num dado momento, Maria juntou-se a ele e logo se beijaram
apaixonadamente.
Ao
se vestirem, Maria encarou o namorado com seus olhos brilhantes. Beijaram-se
novamente e não mais falaram. Desejavam retornar a Argel e iram à casa de
Meursault para finalizar bem o dia.
(...)
A janela permaneceu aberta, pois a noite de verão (e de paixão) havia
sido bem quente...
Pela manhã, combinaram
almoçar juntos. Por isso Meursault deixou o apartamento para providenciar
carne... Ao retornar ao prédio ouviu uma voz de mulher desde o quarto do
Raimundo Sintès.
De volta às suas instalações, ouviu o barulho que só
podia ser das brigas do velho Salamano com seu cachorro... Logo puderam
discernir o som das botas do velho e o das patas do animal descendo a escada de
madeira... Mais um pouco e ouviram o tradicional “Bandido, cão nojento”
indicando que estavam prestes a ser retirarem para a rua.
Meursault contou a história do velho e seu cão... Maria riu-se a
valer... De sua parte, o rapaz observou com atenção seus gestos e graça por
estar vestindo um de seus pijamas... Isso o fez a desejar mais uma vez.
(...)
Maria quis saber se Meursault a amava... Ele respondeu
que “parecia que não” e acrescentou que “não queria dizer nada”. Como seria de
esperar, a garota assumiu ares de tristeza.
Durante a preparação do almoço ela voltou a
sorrir sem qualquer motivo, e isso empolgou o rapaz que decidiu beijá-la
novamente. E enquanto a envolvia em seus braços, ouviu-se uma tremenda gritaria
desde a casa do Raimundo Sintès.
Continua em https://aulasprofgilberto.blogspot.com/2021/05/o-estrangeiro-de-albert-camus-sintes.html
Leia: “O
Estrangeiro”. Editora Abril.
Um
abraço,
Prof.Gilberto