quinta-feira, 20 de maio de 2021

“O Estrangeiro”, de Albert Camus – fim do encontro com Sintès; embriaguez no alto da escada; ouvindo o silêncio do prédio e o lamuriar do cão do velho Salamano; semana de trabalho e poucas novidades; carta enviada e cinema; um alegre e romântico sábado com Maria; Meursault não sabe definir o que sente pela moça e pouco se importa com isso; discussão e gritos no quarto de Sintès

Talvez seja interessante retomar https://aulasprofgilberto.blogspot.com/2021/05/o-estrangeiro-de-albert-camus-vinhos.html antes de ler esta postagem:

Sintès gostou da carta que Meursault redigiu... Estava certo de que daria prosseguimento ao seu plano e de que podia contar com o amigo. Já era noite avançada e os dois concordaram que o produtivo encontro havia terminado.
Meursault estava cansado e com sono, mas sem disposição para se levantar e voltar para o seu quarto. Sua fisionomia denunciava certo esgotamento e o outro observou que soubera da morte de sua mãe... Sintès emendou que “mais dia menos dia” aquilo tinha de acontecer.
O rapaz era da mesma opinião. Ao se levantar, o anfitrião apertou-lhe a mão com força e sentenciou algo como o bom entendimento a que tinham chegado, e a que sempre chegariam por saberem tratar “de homem para homem.
(...)
Meursault fechou a porta do cubículo de Sintès... A escada estava escura e ele se deixou ficar por algum tempo. Todo o prédio parecia calmo e ele pôde sentir o “sopro úmido e obscuro” desde o piso mais abaixo. Tudo o que podia ouvir era o sangue a latejar nos ouvidos, então não se importou de continuar parado por mais um pouco.
Ouviu o gemido do cão do velho Salamano... E a queixa do animal rompeu o silêncio que se experimentava no prédio que àquela hora estava “cheio de sonos”.
(...)
A semana foi de muito trabalho para Meursault no escritório... De resto, tudo correu dentro do mais ou menos previsto.
Raimundo Sintès visitou-o certa tarde para confirmar que havia enviado a carta... Por duas ocasiões foi ao cinema com o camarada Manuel, e sobre isso podia dizer que na maior parte das vezes o outro não conseguia entender o que se passava na grande tela. Por isso Meursault tinha de explicar-lhe o filme em diversos momentos.
(...)
No sábado a Maria o visitou... Haviam combinado isso mesmo. A garota apareceu com um vestido de linhas brancas e vermelhas e umas sandálias de couro. Sua aparência o instigou tanto mais porque sua pele estava com uma bonita cor “queimada do sol” e ele pôs-se a imaginar seus seios firmes sob o tecido.
Tomaram um ônibus e seguiram a uma praia... O lugar era envolvido por rochedos e algumas áreas que abrigavam canteiros de rosas. Às quatro horas da tarde água morna estava convidativa e Maria divertiu-se com uma brincadeira que Meursault gostou de aprender. Como as ondas chegavam “pequenas e preguiçosas”, podiam nadar e ao mesmo tempo sorver alguma espuma que tinham de soprar para o alto depois de se colocarem “voltados para o céu”. O efeito provocado era “uma espécie de renda espumosa que desaparecia no ar” ou ainda “uma chuva quente” que caia sobre seus rostos.
Evidentemente os dois se irritavam com o ardido na boca provocado pelo sal da água. Num dado momento, Maria juntou-se a ele e logo se beijaram apaixonadamente.
Ao se vestirem, Maria encarou o namorado com seus olhos brilhantes. Beijaram-se novamente e não mais falaram. Desejavam retornar a Argel e iram à casa de Meursault para finalizar bem o dia.
(...)
A janela permaneceu aberta, pois a noite de verão (e de paixão) havia sido bem quente...
Pela manhã, combinaram almoçar juntos. Por isso Meursault deixou o apartamento para providenciar carne... Ao retornar ao prédio ouviu uma voz de mulher desde o quarto do Raimundo Sintès.
De volta às suas instalações, ouviu o barulho que só podia ser das brigas do velho Salamano com seu cachorro... Logo puderam discernir o som das botas do velho e o das patas do animal descendo a escada de madeira... Mais um pouco e ouviram o tradicional “Bandido, cão nojento” indicando que estavam prestes a ser retirarem para a rua.
Meursault contou a história do velho e seu cão... Maria riu-se a valer... De sua parte, o rapaz observou com atenção seus gestos e graça por estar vestindo um de seus pijamas... Isso o fez a desejar mais uma vez.
(...)
Maria quis saber se Meursault a amava... Ele respondeu que “parecia que não” e acrescentou que “não queria dizer nada”. Como seria de esperar, a garota assumiu ares de tristeza.
Durante a preparação do almoço ela voltou a sorrir sem qualquer motivo, e isso empolgou o rapaz que decidiu beijá-la novamente. E enquanto a envolvia em seus braços, ouviu-se uma tremenda gritaria desde a casa do Raimundo Sintès.
Leia: “O Estrangeiro”. Editora Abril.
Um abraço,
Prof.Gilberto

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