quarta-feira, 12 de maio de 2021

“A Ópera de Três Vinténs” – peça de Bertold Brecht musicada por Kurt Weill – O Navalha celebra a chegada de Brown; a “Canção dos Canhões” na versão do filme


Brown concluiu que estava arruinado... Os mendigos de Peachum, embora sem o seu consentimento, ocuparam as ruas e tumultuaram as festividades de coroação... A rainha ficou estarrecida ao encarar os olhos da gente miserável e, para ainda mais complicar a situação do chefe de polícia, a força de segurança partiu para a violência contra os pobres manifestantes.
Vimos que Brown se dirigiu ao Banco do Navalha. Outrora poderoso, no momento restava-lhe contar com o perdão e boa-vontade do velho conhecido. O parceiro não guardou rancores e prometeu-lhe um posto na direção do negócio... Polly não perdeu o tino do empreendimento e foi sugerindo a aplicação dos dez mil da fiança que ele havia se apropriado.
(...)
Assim que o dinheiro foi passado à Polly, Mac Navalha disse aos capangas que deviam “aprender mais aquela lição”. Referia-se à atitude do Brown, que “salvou a fiança”...
O momento tornou-se festivo. Todos se dirigiram à mesa para se servirem de uísque... O Navalha começou um discurso em homenagem ao Brown, um homem, “cujo rei, em sua imensa sabedoria ergueu-o acima de seus companheiros. E, apesar de tudo, continuou meu amigo... E assim será.”
Os dois apertaram as mãos... E o Navalha prosseguiu: “Mas o destino age por meios misteriosos. Vocês me entendem. Hoje, esse homem veio a mim, Mac Navalha... De amigo para amigo. Aprendam essa lição”.
Brown o ouviu com atenção e na sequência pediu a palavra... Perguntou ao companheiro se ele se lembrava do tempo em que ambos serviram como soldados na Índia... Sim, bons tempos!
Um brinde! E logo os dois iniciaram a cantoria... Trata-se da “Canção dos Canhões”, que vimos em https://aulasprofgilberto.blogspot.com/2021/03/a-opera-de-tres-vintens-peca-de-bertold_2.html. A versão para o filme traz sugestivas alterações.
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“Canção dos Canhões” – versão do filme

“John e Jim estavam lá
E George virou sargento;
O Exército não ligava
Para quem você era;
E marchamos ao norte
Para a fronteira.
Soldados vivem
Sob o estrondo dos canhões;
Do Cabo até Cooch Behar,
Se chover uma noite
E eles avistarem
Uma raça desconhecida –
Seja branca ou negra –
Eles podem picá-los
Para fazer sua carne moída.
         O uísque de Johnny esquentou
         E Jimmy achou que congelaria;
         George pegou-os pelo braço
         Dizendo: “Não desertem”;
         Soldados vivem
         Sob o estrondo dos canhões.
         Do Cabo até Cooch Behar,
         Se chover uma noite
         E eles avistarem
         Uma raça desconhecida –
         Seja branca ou negra –
         Eles podem picá-los
         Para fazer sua carne moída.
John está enterrado
E Jimmy, morto;
E atiraram em George
Para roubá-lo.
Mas o sangue ainda é vermelho
E o Exército
Ainda está recrutando.
Soldados vivem
Sob o estrondo dos canhões.
Do Cabo até Cooch Behar,
E se chover uma noite
E eles avistarem
Uma raça desconhecida –
Seja branca ou negra –
Eles podem picá-los
Para fazer sua carne moída.

Leia: “A ópera de três vinténs”. Editora Paz e Terra.
Indicação do filme (14 anos)
Um abraço,
Prof.Gilberto

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