segunda-feira, 3 de maio de 2021

“A Ópera de Três Vinténs” – peça de Bertold Brecht musicada por Kurt Weill – elogiando um retrato do Navalha para saber se ele estivera nos aposentos de Lucy; nenhuma das duas sabia do paradeiro do bandido; revelando a verdade sobre a barriga grávida; Polly diz aprovar que a outra fique com o Navalha assim que o encontrasse; felicidade de uma, tristeza da outra, tristeza das duas, o Mac Navalha estava sendo encaminhado para a condenação; Célia Peachum e a preparação de uma “linda viúva”; Smith esbanja arrogância; as pessoas se deslocavam para o espetáculo do enforcamento e os policiais não podiam perder tempo


Enquanto tomava o café, Polly mostrou um retrato que estava no quarto e o elogiou dizendo que o Navalha estava muito bem na fotografia. Quis saber quando ele lhe trouxera... Lucy não entendeu a pergunta enquanto a outra insistia em saber se ele lhe entregara ali mesmo no quarto.
Lucy respondeu que Mac Navalha não estivera em seus aposentos... Polly mostrou-se surpresa ao mesmo tempo em que admitia que aquilo não tinha a menor importância. Depois emendou que “os caminhos do destino são bastante emaranhados”.
Na verdade, Polly ficou satisfeita ao saber que seu marido bandido não visitara sua desafeta. Lucy percebeu no mesmo instante e falou que deviam parar com a “conversa mole”, já que podia ver que o que a colega queria era “espionar”.
Polly não se fez mostrou depreciada pela observação e pediu-lhe que dissesse a verdade sobre o paradeiro do Navalha. Lucy respondeu que não tinha a menor ideia e que Polly é quem devia saber.
(...)
Então a situação era essa... Uma desconfiava que a outra soubesse onde o Navalha se escondia. Chegaram ao ponto de jurar que não sabiam.
Polly confirmou que, por incrível que pudesse parecer, não sabia mesmo. Disse isso e sorriu. Bem diferente era a postura de Lucy, que se pôs a chorar. Cada vez mais satisfeita, a outra não pretendia amenizar o drama de sua oponente, e disse que o Navalha sumia num momento delicado, quando ele sabia que tinha “dois compromissos”.
Lucy desabafou que já não aguentava mais, pois tudo lhe era terrível demais. Polly não escondeu sua alegria, respondeu que estava feliz e que, ao menos no fim da tragédia, podia dizer que tinha encontrado “uma verdadeira amiga”. Animada, perguntou se podia oferecer-lhe um pedaço de bolo.
Entristecida, Lucy pediu-lhe que não fosse tão amável, pois não merecia... Depois sentenciou que “os homens não prestam”. Sim, Polly concordou, mas, indignada acrescentou um “o que podemos fazer?” Lucy manifestou que desejava esclarecer algo que colocaria a situação “a limpo”... Disse isso e acrescentou que sabia que a outra ficaria bem zangada.
Evidentemente Polly ficou curiosa... Ainda mais que Lucy disse que “ela não é verdadeira”... Falou enquanto apontava para a própria barriga. Ela estava querendo dizer que “por causa do bandido” havia forjado uma barriga de grávida. Então Polly ainda mais riu e exclamou que aquilo era “fantástico”.
Com um travesseiro, Lucy moldara uma barriga de grávida. Polly a chamou de “danada de esperta”... Depois perguntou-lhe se gostaria de ficar com o Navalha, pois ela mesma lhe dava “de presente!”. Se o achasse, podia pegá-lo para si!
(...)
A conversa foi interrompida porque desde o corredor ouviam-se passos apressados... Polly quis saber o que estava acontecendo.
Lucy foi até à janela e viu que Mac Navalha estava novamente preso... A outra mostrou-se decepcionada ao mesmo tempo que dizia que “agora acabou”.
De repente a Dona Célia Peachum chegou ao quarto... Ao ver Polly, disse-lhe que devia trocar de roupa, pois enforcariam o seu marido. A mulher garantiu que trazia o vestido de luto e que a filha seria uma “viúva linda”. Esperava que ao menos fizesse “uma cara mais alegre”.
(...)
O próximo cenário evidencia um momento específico: “cinco horas da manhã de sexta-feira”... Mac Navalha foi trazido pelos tiras para a “cela dos condenados à morte”, ele que estivera com as prostitutas de Turnbridge havia sido traído novamente por elas e seria enforcado.
Os sinos de Westminster repicaram...
(...)
O policial Smith confirmou que os sinos estavam repicando pela primeira vez... Com a autoestima elevada, exigiu que o bandido mantivesse a postura ao ficar de pé e que desse um jeito em sua “cara amarrotada”. Era de se envergonhar! Precisava saber que quando os sinos repicassem pela terceira vez, “às seis em ponto”, já estaria enforcado.
Outro policial informou que antes das cinco as ruas de Newgate estavam abarrotadas de “gente de todo tipo”... No momento não teriam como passar por elas. Smith estranhou... Como ficaram sabendo? O outro respondeu que pelo visto logo toda Londres ficaria sabendo e, assim, os que haviam se preparado para “ver o cortejo da coroação” apareceriam para assistir à execução do Navalha. Se isso de fato ocorresse, a rainha desfilaria com as ruas esvaziadas.
Smith concluiu que tinham de fazer as coisas sem perder tempo, pois assim as pessoas conseguiriam ir também ao cortejo que ocorreria às sete. Era preciso que os policiais fizessem o que tinha de ser feito sem vacilar.
(...)
Mac Navalha perguntou as horas ao Smith... Este respondeu-lhe com agressividade, “Você é cego? Cinco e quatro”!
Leia: “A ópera de três vinténs”. Editora Paz e Terra.
Indicação do filme (14 anos)
Um abraço,
Prof.Gilberto

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