quarta-feira, 5 de maio de 2021

“A Ópera de Três Vinténs” – peça de Bertold Brecht musicada por Kurt Weill – Polly visitou o marido condenado e revelou que já havia transferido o dinheiro para Manchester; muito a falar e a ouvir, pois mal o conhecia; sem dinheiro, podia implorar à rainha; Brown busca reconciliação, mas o Navalha quer “acertar as contas”; marteladas anunciam que a execução está se aproximando


Foi o Mac Navalha terminar sua canção e Polly chegar à cadeia...
O policial Smith até a interrompeu dizendo que não podia deixá-la entrar, pois ela “só tinha o número dezesseis” e ainda não era a sua vez. Ela se mostrou indignada... Que história é essa de número dezesseis? Era esposa do condenado e precisava falar com ele!
Possivelmente essa numeração tinha a ver com senha ou algo parecido para organizar a visitação aos presos... O tira achou por bem não criar confusão com a mulher e a autorizou entrar, mas apenas por cinco minutos.
Mais uma vez Polly quis discutir... Que história é essa de cinco minutos? Será que ele imaginava que era tão simples assim? Uma despedida “para sempre”, e entre marido e mulher, é ocasião em que muitas coisas devem ser ditas!
(...)
Smith indicou o local onde Mac Navalha estava preso e Polly dirigiu-se a ele.
O bandido exclamou sua surpresa ao vê-la... Sim, era ela mesma que lhe perguntava sobre como estava passando... Muito deprimido? Ela afirmou que podia entender que a situação era das mais difíceis. Ele perguntou o que ela faria após sua execução... E o que seria dela?
Polly respondeu que os negócios iam muito bem e no momento aquilo era o de menos. Importava saber da situação do sentenciado... Estava muito nervoso? Ela gostaria de saber a respeito de muitas coisas que ele jamais lhe contara... Sobre seu pai, por exemplo... Ela não conseguia entender tamanha fragilidade do marido preso, poi sempre demonstrou ser um homem saudável.
O Navalha foi direto ao ponto... Precisava saber se ela não o podia ajudar a sair da prisão. Ela respondeu que sim, claro. Ele adiantou que só seria possível com dinheiro, pois havia combinado um suborno com o que fazia a guarda.
Polly explicou que o dinheiro que tinham já havia sido enviado a Manchester... Mac entendeu que, então, ela estava sem nada.
(...)
Polly confirmou que não tinha dinheiro... Ele mesmo havia orientado a fazer a transferência. Mesmo assim ela se dispôs a “falar com alguém”, até mesmo com a rainha...
Conforme tentava articular as ideias, Polly foi desvanecendo até não mais conseguir conter o desespero. O policial Smith a afastou e perguntou ao preso se já tinha conseguido as mil libras.
Polly teve de se retirar e ao mesmo tempo em que saia despedia-se do Mac Navalha. Desejava-lhe tudo de bom e que não se esquecesse dela.
(...)
Com a ajuda de outro policial, Smith trouxe uma mesa e o prato de aspargos para a cela do Navalha.
O outro confirmou que os aspargos estavam macios e saiu... O chefe Brown reapareceu e disse ao Smith que queria de saber o que o velho amigo Macheath queria com ele. Gostou se saber que estava chegando no mesmo momento em que traziam o prato de aspargos, assim ele saberia que estavam bem-intencionados.
O chefe de polícia entrou na cela no mesmo instante em que a mesa da refeição foi preparada... Smith os deixou a sós.
Depois de um "alô", Brown anunciou os aspargos e perguntou ao amigo se ele não queria prová-los. Muito contrariado, o Navalha respondeu que não queria ser incomodado por ele, pois sabia que outras pessoas pretendiam render-lhe “as últimas homenagens”. Essas palavras foram pesadas para o tira, que não escondeu sua decepção.
Pragmático, o condenado sugeriu que enquanto comia sua última refeição podia ouvir a apresentação das “as contas”. Brown desejou-lhe bom apetite e novamente expôs o seu lamento, garantindo que era como se o amigo traspassasse seu “coração com um ferro em brasa” com aquelas duras palavras.
Mac reprovou o sentimentalismo do outro e exigiu “as contas”.
(...)
Brown retirou mesmo um caderninho do bolso e afirmou que as contas estavam anotadas. Pelo menos as do último semestre... O Navalha o provocou dizendo que, então, ele só estava ali “para sacar o seu dinheiro”...
Ainda mais angustiado, o policial quis explicar que o amigo devia saber que não era assim como estava dizendo... Por sua vez, o Navalha respondeu que o policial podia pensar como bem entendesse, mas certamente ele não o deixaria sair prejudicado, e por isso tinha de saber quanto estava lhe devendo. Devia apresentar os cálculos, pois a vida o tornara um tipo desconfiado.
Brown disse que se seu amigo de longa data (e de muitas falcatruas) falava daquele modo, ele mesmo não conseguia pensar direito... Suas palavras foram interrompidas pelos golpes de martelo mais ao fundo.
O policial Smith devia estar preparando o “palco da execução”.
Leia: “A ópera de três vinténs”. Editora Paz e Terra.
Indicação do filme (14 anos)
Um abraço,
Prof.Gilberto

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