Vemos novamente o Alvarez contando a história
para o amigo Barata na casa onde se transformava em mendigo e guardava velhos
acessórios... Ele explicou que ficara transtornado ao saber que bastou um breve
um instante para lhe roubarem o trabalho de muitos anos... Disse que na época
não tinha a menor estrutura para perdoar Maria, sua esposa simplória. Só depois
pudera entender que tudo o que ela havia feito fora por amor, sem qualquer
maldade.
O operário de então
despejou toda sua indignação na pobre Maria, disse-lhe poucas e boas sobre as
desilusões que viviam, a insultou e a culpou pelo fracassado futuro que viria.
Não conseguia se lembrar, mas possivelmente a agredira fisicamente... Barata
não o reprovou. Alvarez admitiu que estava enfurecido e que mesmo nesse estado se
dirigiu à fábrica. Obviamente não permitiram sua entrada e ainda o despediram
por tratar o patrão de modo desrespeitoso. O que mais poderia fazer? Perambulou
pelas ruas como se fosse um sonâmbulo.
Só depois de muitas horas Yuca retornou à casa... Chamou a Maria, mas
ela não lhe respondeu. Ao abrir a porta do quarto viu que ela havia se
enforcado. Algo trágico de se ver.
Ainda
mais transtornado, Yuca deixou a casa... Atravessou o cortiço e novamente
caminhou em direção à fábrica. Dessa vez ninguém conseguiu impedir sua entrada
e ele foi direto à sala do patrão. O homem, que estava em sua mesa manipulando
alguns papéis, se assustou com a chegada do empregado demitido...
Yuca foi dizendo que
queria seu projeto de volta. O outro desdisse garantindo que não era com ele
que devia tratar e exigiu que o operário se retirasse... Ao notar a
determinação do intruso, disse que poderiam chamar o gerente e conversar sobre o
acordo anteriormente recusado.
Yuca
estava revoltado... Sua mulher se suicidara e ele já não tinha os papéis.
Estava disposto a recuperá-los. Havia uma faca sobre a mesa e ele a pegou
exigindo que o patrão abrisse o cofre. O tipo assustou-se e fez o que ele
pediu, mas logo correu até o dispositivo que soava o alarme em toda fábrica. Os
dois se atracaram e foram separados pelos muitos homens que chegaram à sala.
Enquanto Yuca era contido por eles, o patrão correu ao cofre e o fechou
novamente. Ao mesmo tempo anunciou que o intruso tentara assaltá-lo... Deu
ordens para que chamassem a polícia para prendê-lo.
(...)
Alvarez explicou ao
Barata que houve um processo e um julgamento em que várias testemunhas,
certamente acordadas com o patrão, ajudaram a condená-lo.
Depois veio a dureza
da prisão... Mas ao finalizar a pena, ninguém mais o incomodou. Para sobreviver
passou a mendigar. Disse isso enquanto apontou aos uniformes, largou o de
detento e assumiu os andrajos e o resto da história já era conhecida. Barata
ficou encantado com tudo o que ouviu e disse que o amigo merecia mesmo se dar
bem na vida. Alvarez respondeu que ainda estava para realizar algo ainda maior
e certamente chegaria o dia em que lhe passaria aquela instalação e tudo o que
nela havia.
Exatamente por ter tomado tal decisão é que Alvarez queria que Barata
conhecesse mais sobre o seu método e procedimentos. Foram para outra sala que
funcionava como um escritório... Muitos papéis sobre uma mesa... Barata
manifestou sua admiração e adiantou que não saberia usar nada do que via...
Perguntou se Alvarez trabalhava ali e este lhe respondeu que possuía um
funcionário que organizava toda papelada, estudava certos dados que eram
repassados a ele. Assim podia otimizar as ações do velho mendigo.
Sobre a mesa principal havia um grande envelope... Certamente fora
deixado pelo citado funcionário. Alvarez o abriu, fez breve leitura e disse ao
Barata que o amigo era um homem de sorte. Este apenas sorria sem nada entender.
Alvarez, já trajado como homem da alta sociedade, disse que aquilo eram “ações preferenciais”.
Enigmaticamente, explicou que aquilo saldava a dívida que a sociedade tinha com
ele
Barata ainda quis saber de qual sociedade ele
falava... Alvarez respondeu que era difícil de explicar. Quanto mais falasse
menos o outro entenderia. Todavia foi até um cofre e tirou outros papéis.
Colocou-os numa pasta e logo se encaminharam para outra saída. Barata ouviu que
teria de ir se acostumando com os acessos. Mas aquela era uma “saída de
executivo” e obviamente como mendigo não poderia ultrapassá-la sem chamar a
atenção das pessoas.
Alvarez
concordou que tinham de sair por onde haviam entrado... Estava com pressa. Devia
voltar para casa, pois tinha muito trabalho. Lembrou que se assustariam ao
vê-lo chegar mais cedo. O que podia fazer? Todos teriam de se acostumar às
mudanças que estavam por vir.
Continua em https://aulasprofgilberto.blogspot.com/2020/07/filme-dios-se-lo-pague-nancy-e-pericles.html
Indicação (não informada)
Um abraço,
Prof.Gilberto