terça-feira, 30 de junho de 2020

Filme – “Dios se lo pague” – Yuca despejou toda sua ira sobre a esposa e se dirigiu à fábrica onde, além de ser barrado, foi despedido; o trágico suicídio de Maria; discussão com o patrão e prisão; Barata se encanta com a história do amigo; as instalações e o escritório de Alvarez serão passados ao amigo; ações preferenciais deixadas pelo funcionário e muitos outros papéis; é preciso retornar à casa mais cedo para um árduo trabalho

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Vemos novamente o Alvarez contando a história para o amigo Barata na casa onde se transformava em mendigo e guardava velhos acessórios... Ele explicou que ficara transtornado ao saber que bastou um breve um instante para lhe roubarem o trabalho de muitos anos... Disse que na época não tinha a menor estrutura para perdoar Maria, sua esposa simplória. Só depois pudera entender que tudo o que ela havia feito fora por amor, sem qualquer maldade.
O operário de então despejou toda sua indignação na pobre Maria, disse-lhe poucas e boas sobre as desilusões que viviam, a insultou e a culpou pelo fracassado futuro que viria. Não conseguia se lembrar, mas possivelmente a agredira fisicamente... Barata não o reprovou. Alvarez admitiu que estava enfurecido e que mesmo nesse estado se dirigiu à fábrica. Obviamente não permitiram sua entrada e ainda o despediram por tratar o patrão de modo desrespeitoso. O que mais poderia fazer? Perambulou pelas ruas como se fosse um sonâmbulo.
(...)
Só depois de muitas horas Yuca retornou à casa... Chamou a Maria, mas ela não lhe respondeu. Ao abrir a porta do quarto viu que ela havia se enforcado. Algo trágico de se ver.
Ainda mais transtornado, Yuca deixou a casa... Atravessou o cortiço e novamente caminhou em direção à fábrica. Dessa vez ninguém conseguiu impedir sua entrada e ele foi direto à sala do patrão. O homem, que estava em sua mesa manipulando alguns papéis, se assustou com a chegada do empregado demitido...
Yuca foi dizendo que queria seu projeto de volta. O outro desdisse garantindo que não era com ele que devia tratar e exigiu que o operário se retirasse... Ao notar a determinação do intruso, disse que poderiam chamar o gerente e conversar sobre o acordo anteriormente recusado.
Yuca estava revoltado... Sua mulher se suicidara e ele já não tinha os papéis. Estava disposto a recuperá-los. Havia uma faca sobre a mesa e ele a pegou exigindo que o patrão abrisse o cofre. O tipo assustou-se e fez o que ele pediu, mas logo correu até o dispositivo que soava o alarme em toda fábrica. Os dois se atracaram e foram separados pelos muitos homens que chegaram à sala. Enquanto Yuca era contido por eles, o patrão correu ao cofre e o fechou novamente. Ao mesmo tempo anunciou que o intruso tentara assaltá-lo... Deu ordens para que chamassem a polícia para prendê-lo.
(...)
Alvarez explicou ao Barata que houve um processo e um julgamento em que várias testemunhas, certamente acordadas com o patrão, ajudaram a condená-lo.
Depois veio a dureza da prisão... Mas ao finalizar a pena, ninguém mais o incomodou. Para sobreviver passou a mendigar. Disse isso enquanto apontou aos uniformes, largou o de detento e assumiu os andrajos e o resto da história já era conhecida. Barata ficou encantado com tudo o que ouviu e disse que o amigo merecia mesmo se dar bem na vida. Alvarez respondeu que ainda estava para realizar algo ainda maior e certamente chegaria o dia em que lhe passaria aquela instalação e tudo o que nela havia.
Exatamente por ter tomado tal decisão é que Alvarez queria que Barata conhecesse mais sobre o seu método e procedimentos. Foram para outra sala que funcionava como um escritório... Muitos papéis sobre uma mesa... Barata manifestou sua admiração e adiantou que não saberia usar nada do que via... Perguntou se Alvarez trabalhava ali e este lhe respondeu que possuía um funcionário que organizava toda papelada, estudava certos dados que eram repassados a ele. Assim podia otimizar as ações do velho mendigo.
Sobre a mesa principal havia um grande envelope... Certamente fora deixado pelo citado funcionário. Alvarez o abriu, fez breve leitura e disse ao Barata que o amigo era um homem de sorte. Este apenas sorria sem nada entender. Alvarez, já trajado como homem da alta sociedade, disse que aquilo eram “ações preferenciais”. Enigmaticamente, explicou que aquilo saldava a dívida que a sociedade tinha com ele
Barata ainda quis saber de qual sociedade ele falava... Alvarez respondeu que era difícil de explicar. Quanto mais falasse menos o outro entenderia. Todavia foi até um cofre e tirou outros papéis. Colocou-os numa pasta e logo se encaminharam para outra saída. Barata ouviu que teria de ir se acostumando com os acessos. Mas aquela era uma “saída de executivo” e obviamente como mendigo não poderia ultrapassá-la sem chamar a atenção das pessoas.
Alvarez concordou que tinham de sair por onde haviam entrado... Estava com pressa. Devia voltar para casa, pois tinha muito trabalho. Lembrou que se assustariam ao vê-lo chegar mais cedo. O que podia fazer? Todos teriam de se acostumar às mudanças que estavam por vir.
Indicação (não informada)
Um abraço,
Prof.Gilberto

segunda-feira, 29 de junho de 2020

Filme – “Dios se lo pague” – o ardiloso patrão conseguiu que a ingênua Maria lhe mostrasse o projeto do tear criado por Yuca; surrupiou os papéis e ainda obteve uma pequena nota manuscrita sobre os acertos do operário com um empresário concorrente; Yuca desperta e surpreende o patrão em sua casa; discussão sobre certo contrato desfavorável e sobre a grande quantia necessária para pagar pela patente; ao notar que seu segredo foi quebrado, Yuca conclui que Maria o traiu

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Obviamente o patrão não se retirou... Maria dirigiu-se ao surrado gabinete da cozinha, recolheu um tubo e o passou ao homem. Vimos que Maria ficou muito preocupada e olhou na direção do quarto, pois temia que o marido os flagrasse. O tipo não perdeu tempo e foi logo abrindo o recipiente... Não demorou e ele percebeu que se tratava de um projeto interessante. Assim que manifestou sua impressão, Maria disse que Yuca sempre lhe dizia que fixariam ricos com a patente.
O patrão articulou um plano e disparou que algo nos papéis não fazia sentido e o resultado traria problemas para o funcionamento ideal do tear... Em tom de desespero, Maria disse que não podia ser, pois o marido garantia que estava tudo muito bem calculado e que só lhe faltavam alguns papéis do governo. Aliás, estavam dando duro em seus empregos para juntar dinheiro e dar entrada nos papéis.
O homem ouvia as palavras da mulher simples ao mesmo tempo em que enrolhava os papéis para devolvê-los ao tubo, dando a entender que perdera o interesse pelo projeto de seu empregado. No mesmo instante disse que talvez Yuca guardasse mais papéis em outro local, talvez onde fizesse os desenhos. Na sequência sugeriu que Maria fosse verificar...
Ela disse que tinha medo de acordar Yuca... Pediu ao homem que não fizesse barulho e se retirou... O distinto cavalheiro tratou de retirar novamente os papéis, dobrou-os e os colocou na parte interna de seu paletó, depois tratou de fechar o tubo vazio. Maria voltou e entregou-lhe um papel onde não havia nada desenhado, apenas algumas palavras...
O patrão respondeu que não havia interesse no papel, disse que não tinha importância e devolveu o tubo à Maria, sugerindo que o colocasse no local mesmo de onde o havia tirado. Ela fez o que lhe foi pedido e quis saber se o homem se convencera a respeito do que lhe havia mostrado... Ele ia respondendo afirmativamente e ia passar-lhe algumas recomendações a respeito do tratamento de saúde de Yuca, mas foi interrompido por este, que acabava de se levantar.
(...)
Yuca admirou-se ao vê-lo e foi logo perguntando o que ele pretendia... O patrão disse que precisava falar-lhe em particular. Assim que Maria saiu, o empregado perguntou novamente sobre o que o levara à sua humilde casa. O tipo respondeu que esperava que Yuca reconsiderasse, já que o gerente o havia informado que ele não assinara certo contrato formulado especificamente para o seu vínculo empregatício e o projeto no qual vinha trabalhando.
Podemos notar que já se sabia que ele estava desenhando uma máquina especial... E que o patrão quis convencê-lo a ceder-lhe os direitos sobre a autoria do projeto. Como resposta sobre o referido contrato, Yuca disse que não se sentia confortável de dar de presente o que lhe havia custado muito trabalho. Disse ao gerente exatamente isso... O patrão quis saber se o que lhe oferecia era pouco. Yuca respondeu que sim, era pouco diante do que o empresário ganharia com a máquina. Mas será que ele queria receber a fábrica inteira em troca do tear? Yuca explicou que pretendia apenas o valor justo por sua máquina.
O tipo vociferou que aquilo era uma loucura... Como pagaria tão alto preço por um projeto que nem sequer vira? Yuca disse que se ele lhe desse o dinheiro para a patente poderia lhe mostrar tudo. O patrão indicou que o operário teria de assinar o contrato antes, mas ele respondeu que não podia... E ficaram nisso, o empresário querendo convencer-lhe de que era uma oportunidade imperdível e Yuca agradecendo e insistindo que não podia aceitar.
Então o patrão colocou-se na condição de quem já não precisava da invenção do outro... O que ele teria a dizer? Yuca respondeu que outros se interessariam... Disse isso e emendou que o patrão podia se retirar de sua casa, pois nada mais tinham a tratar. O homem suspirou e sentenciou que pelo visto o empregado conversava com empresários concorrentes e isso o deixava “bem valente”. Um deles, de nome Rember, pagaria mais do que ele? Yuca quis saber como é que o patrão sabia de suas negociações com o outro... Então o patrão apontou com a ponta de sua bengala o último papel que Maria havia trazido e que estava sobre a mesa.
O homem se retirou... Yuca pegou o papel e logo entendeu que a esposa era a responsável pela quebra do segredo.
Indicação (não informada)
Um abraço,
Prof.Gilberto

“Rei do Congo – A mentira que virou folclore”, de José Ramos Tinhorão – fidalgos negros levados por Diogo Cão a D. João II; informações de Rui de Pina sobre o tratamento dispensados aos sequestrados do Congo e estratégia para políticas futuras; promoções e benefícios ao capitão Diogo Cão; o manicongo retribui diplomaticamente; tramas da nobreza contra D. João II; episódios em Évora, prisões e punições; execução do duque de Viseu e prisão do bispo D. Garcia de Menezes

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Alguns meses depois, ao retornar à desembocadura do rio poderoso, Diogo Cão decepcionou-se por não encontrar os que haviam sido enviados ao encontro do manicongo... Assim decidiu voltar a Portugal levando consigo “quatro fidalgos negros”. Rui de Pina esclarece que esses haviam “entrado nos navios para verem as novidades das coisas”... O capitão assegurou que os traria de volta depois de “quinze luas ou quinze meses”.
Na verdade, essa iniciativa contrariava o “regulamento do rei”, todavia, ao saber que os que chegavam da África com Diogo Cão “eram fidalgos e príncipes”, D. João aprovou a iniciativa e os recebeu com alegria. Os “sequestrados do Congo” foram tratados com dignidade e receberam roupas e serviços dispensados aos que são investidos de majestade.
Sem dúvida o rei sabia da importância da relação amistosa, pois planejava futuros empreendimentos na África... Ainda sobre a boa recepção aos africanos com vistas às relações futuras com o manicongo, os registros de Rui de Pina nos dão conta de que:

                   “o dito capitão dos navios entregou ao rei estes negros, não como prisioneiros, mas como amigos, para que aprendessem os hábitos e a língua do reino durante aquele tempo para depois de regressados à pátria, aquela nação bem amestrada através da doutrina e virtude daqueles negros que regressaram conosco, mais facilmente pudessem ser convertidos e compreendidos”.

Em 1484 o rei agraciou Diogo Cão com relevantes benefícios: uma “tença vitalícia anual de mil reais brancos” e mais o “direito ao uso de um brasão em cota, elmo ou escudo e em ‘todas as outras coisas em que os nobres filhos de algo de antiga linhagem podem trazer’”.
No ano seguinte, o capitão retornou ao Congo para devolver os negros que havia levado ao seu país. De fato, depois das “quinze luas” os fidalgos negros já possuíam informações suficientes acerca dos “benefícios culturais” que os portugueses estavam dispostos a lhes oferecer.
(...)
O manicongo mostrou-se satisfeito com o retorno de sua gente... Gostou de ver os trajes ocidentais nos homens chegados de Portugal e manifestou sua vontade de “tomar o santo batismo e a fé de Cristo”.
Quando retornou a Portugal no ano de 1486, Diogo Cão se fez acompanhar de uma “embaixada oficial do chefe negro do Congo”, que levava ao rei português significativos presentes como “dentes de elefantes e coisas de marfim lavradas, e muitos panos de palma bem tecidos com finas cores”.
(...)
Como se vê, a diplomacia entre D. João II e o manicongo teve bom início... Porém os tais esforços se esfriaram durante certo tempo devido a entreveros do rei com a nobreza de seu país, “senhora de privilégios”.
Desde 1481 os nobres já se dispunham a destituí-lo e consta mesmo que tramavam atentar contra a sua vida. O livro nos dá conta de que durante a “reunião das Cortes em Évora” a situação atingiu maior gravidade, tanto é que o rei deu início a processos contra o duque de Bragança, D. Fernando, reconhecidamente o principal líder de seus desafetos, que terminou degolado em praça pública na mesma Évora. Também o marquês de Montemor e o conde de Faro foram condenados... Porém o primeiro conseguiu fugir do país, e o conde morreu antes do processo de execução.
A trama dos nobres contra o rei prolongou-se... Os rebeldes tentaram matá-lo no desembarque em Alcácer do Sal, mas o rei, prevenido, fez o percurso por terra. E logo que chegou ao seu destino intimou D. Diogo (duque de Viseu, “primo e cunhado de D. João e irmão da rainha D. Leonor”), reconhecidamente um dos principais insurrectos.
O próprio rei apunhalou seu desafeto “com todo o respeito da lei”, dado que a ação foi lavrada e reconhecida por duas testemunhas. De acordo com nota de “Rei do Congo”, “o auto de ocorrência” foi “lavrado na presença do juiz dr. Nuno Gonçalves” e “teve como testemunha das razões alegadas para justificar o fato D. Vasco Coutinho”, que era “irmão do implicado na trama D. Guterre Coutinho, comendador de Sesimbra”, e “Diogo Tinoco, irmão da amante do condenado bispo de Évora, D. Garcia de Menezes, senhora a ‘quem se devia a informação sobre a conspiração’”. Sobre o citado bispo, diz-se que foi “encerrado numa cisterna da torre de menagem da cidade de Palmela, onde após poucos dias morreu, ‘dizem que com peçonha’”.
Leia: Rei do Congo. Editora 34.
Um abraço,
Prof.Gilberto

quarta-feira, 24 de junho de 2020

Filme – “Dios se lo pague” – Alvarez começa a contar ao Barata os motivos de ter passado amargos tempos na cadeia; ele e a esposa Maria eram operários e viviam à beira da miséria; à noite dedicação a um projeto de máquina; dupla jornada e doença; visita do patrão à casa; dissimuladamente, o empresário conseguiu convencer a ingênua Maria de que se tratava de um bom empregador; descobrindo os segredos do pobre Yuca

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Mario Alvarez disse ao Barata que na época em que foi preso trabalhava “como uma besta” numa fábrica... Trabalhava dia após dia numa época em que ainda não haviam inventado as leis de patentes. Durante a noite dedicava-se a desenhar projetos para uma máquina que tinha tudo para revolucionar a indústria têxtil e, se obtivesse a patente do invento, garantiria vida melhor à família.
Barata quis saber se o amigo tinha filhos. Alvarez explicou que a vida miserável que levava não lhe possibilitava pensar em filhos... O seu salário mal dava para satisfazer as necessidades da esposa, Maria, ela também operária explorada numa fábrica.
O amigo apontou para uma moldura que destacava a fotografia de uma mulher... Alvarez admitiu que era ela e emendou que se tratava de uma pessoa simples e analfabeta, até porque apenas os endinheirados podiam dedicar-se à educação formal. Barata quis saber se ela ainda vivia... Então Alvarez pôs-se a contar-lhe sua história.
(...)
Certa tarde, enquanto Alvarez descansava antes de assumir a jornada noturna, Maria tratou de cuidar dos afazeres da casa quando foi surpreendida pela chegada de um cavalheiro muito bem vestido... O homem atravessou o portão do cortiço onde viviam e foi direto à porta. Entrou sem bater e foi perguntando à Maria se ali morava o senhor Yuca (assim Alvarez era chamado no passado). Ela respondeu afirmativamente e disse que ele estava doente.
O tipo disse que sabia e que estava ali para se certificar de que o médico da fábrica lhe fizera uma visita como ele havia ordenado. No mesmo instante Maria reconheceu que aquele só podia ser o dono da fábrica onde o marido trabalhava. Ele confirmou e emendou que Yuca era um de seus empregados. Ela respondeu que o médico viera à casa e que recomendou repouso ao marido. Depois agradeceu a gentileza do patrão.
Maria perguntou se era necessário despertar Yuca, mas o cavalheiro adiantou-lhe que queria tratar diretamente com ela. E foi dizendo que se ela amava o esposo devia cuidar bem dele, pois o médico lhe dissera que o estado dele era grave. Ela respondeu que fazia o que podia, pois também era muito atarefada. Como que a dar uma advertência, o patrão reprovou o fato de Yuca trabalhar à noite, fora do expediente da fábrica. Por isso é que só podia dormir mal e sofrer problemas com a saúde!
A ingênua Maria foi logo dizendo que o patrão tinha razão, mas o marido estava muito envolvido numa “invenção”. O patrão a desdisse garantindo que aquilo de invenção era algo que o esposo queria que ela acreditasse. Depois perguntou que invenção seria... Maria se mostrou surpresa... Então o patrão não sabia? Pois Yuca lhe dissera que já havia falado a ele!
Na sequência, Maria contou que se tratava de um tear e que já estava quase pronto. O dono da fábrica garantiu que não sabia de nada... Será que poderia dizer ao Yuca que a própria esposa lhe revelara o segredo? A mulher se mostrou apavorada e implorou que não lhe dissesse nada, pois o marido a fizera jurar que jamais falaria sobre o projeto com ninguém.
O empresário foi ardiloso e disse à Maria que aquilo só podia indicar que o empregado o vinha enganando... Ela garantiu que não havia enganação e que o projeto estava na casa e que ela mesma o guardava. O homem estava mesmo mal intencionado e redarguiu garantindo que, se era assim, o empregado cometia o erro de não lhe falar a respeito. Maria quis saber em que o marido errava... O tipo disse que precisava saber se o projeto era importante...
Antes que continuasse, a própria Maria adiantou que o projeto possibilitaria que um único tear realizasse o trabalho de cem empregados. O patrão explicou que se fosse verdade poderia permitir que Yuca trabalhasse em casa, receberia salário sem que precisasse ir à fábrica. Ela mostrou-se admirada... Poderia mesmo fazer isso pelo marido?
O patrão respondeu que precisaria ver os planos, desenhos... Se conseguisse acessar os papéis concederia uma licença médica para começar. Mas sem os papéis ele só podia lamentar... Mas a mulher não havia dito que guardava os papéis? Mas e o juramento? O homem quis passar-lhe confiança e acrescentou que não tinha nenhuma intenção de prejudicar o seu melhor empregado.
Maria vacilava... Todavia o patrão sabia como lidar com a situação... Ele se virou na direção da porta e deu a entender que, já que ela não confiava nele, não podia fazer nada e iria embora.
No último instante Maria pediu ao homem que não se fosse.
Indicação (não informada)
Um abraço,
Prof.Gilberto

terça-feira, 23 de junho de 2020

Filme – “Dios se lo pague” – Alvarez novamente disfarçado de velho mendigo caminha com o amigo Barata, a quem conta os detalhes do final da noite de festa em sua casa; para Barata, Nancy o abandonaria por ser velho e mendigar; inteligência, a “verdadeira juventude”; Alvarez tomou uma decisão ainda não revelada e conduz o amigo ao seu esconderijo e local de transformação; vários disfarces e lembranças; uniforme de presidiário e a notícia de que havia passado oito anos, amargos tempos, na cadeia

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Na cena seguinte vemos Alvarez mudado no velho mendigo e caminhando com seu amigo Barata... Ele acabava de contar sobre o ocorrido após a festa em sua casa e sobre a conversa que tivera com Nancy, o modo como ela disse que o adorava... Em sua opinião, ela havia mentido...
Barata quis saber se ela revelou que mentiu antes de ganhar o belo colar... O velho explicou que foi depois. Mas ele mesmo não havia ensinado que o dinheiro é o que merece ser amado no mundo? Essa foi a outra pergunta de Barata. O velho concordou, mas deixou claro que, como vivia guardando o que recebia de esmola, era o que tinha e podia dar.
A conclusão de Barata era simples... Já que Nancy era muito bonita, certamente iria embora. Em sua opinião, as mulheres bonitas sempre apreciam os mais jovens. Contrariado, Alvarez discordou e disse que a verdadeira juventude está na inteligência.
Barata disse mais... Uma mulher bonita e boa como Nancy não iria querer viver com um homem que pede esmolas por aí. O amigo respondeu que nem ela nem ninguém sabia... Só mesmo o companheiro conhecia sua identidade e do que vivia. Barata pensou e concordou... Disse que se contasse a respeito ninguém acreditaria. Ele mesmo tinha dificuldade para acreditar que era verdade que tinha um amigo milionário e mendigo. Era de estranhar!
Alvarez ouviu o colega e disse-lhe que era por isso que se dispusera a levá-lo a um local secreto naquela noite. Disse que estava disposto a ir até o fim em uma decisão que estava para tomar, mas que precisava de forças. Barata ficou curioso... O velho respondeu que se tratava de algo ao qual ele havia se proposto. Falta muito? Talvez alguns dias.
(...)
Os dois chegaram a um casarão que parecia abandonado...
Alvarez conduziu o amigo por uma escadaria. Este se perguntava por que havia sido “o escolhido”. Em resposta, o velho disse que Barata era uma alma simples, que apreciava crer em sua narrativa e não se empenharia em planos complexos para prejudicá-lo.
Alvarez nutria bom apreço pelo Barata... Disse-lhe que sua companhia o enchia de motivação. Talvez se não andassem juntos, viveria a falar sozinho e provavelmente o internariam num asilo de loucos.
Andaram por cômodos como se passassem por um complexo labirinto. Então chegaram a uma sala usada por Alvarez para a troca de roupa. Havia peças para diferentes ocasiões e necessidades de um mendigo... Havia as que usava junto a campos de futebol, as que serviam para as portas dos teatros... Barata disse que o amigo bem poderia emprestar-lhe uma daquelas. O velho respondeu que tudo aquilo seria passado para ele assim que “chegar o dia”.
Outra sala lembrava um camarim com toucador e espelho iluminado... Alvarez sentou-se diante dele e começou a tirar o disfarce de seu rosto. E foi como se estivesse “mudando a alma”. Produtos limparam a maquiagem e facilitaram-lhe a retirada da barba postiça... Barata quis saber se ele o ensinaria sobre aquilo também. O velho respondeu que o amigo não tinha necessidade de disfarces.
(...)
Barata aproximou-se de um cabide... Alvarez disse-lhe que aquela foi a primeira roupa que ele usou para pedir esmolas. Mantinha-a como uma lembrança.
Ao lado havia outra roupa... Via-se que era listrada e tinha um número no alto do bolso... Um uniforme de presidiário. Barata quis saber... Alvarez explicou que se tratava de outra lembrança, pois o tinha usado por oito anos. E não era para pedir esmolas. Usou o uniforme porque esteve preso.
Barata disse que não se assustara com a revelação... Emendou que sua mamãe vivia dizendo-lhe que a prisão é o destino para os que vivem fugindo do trabalho. Alvarez começou a explicar que aquela era outra falsa ideia, uma mentira sobre “os que vivem do trabalho alheio”. Tanto é que se fosse verdade “faltariam cadeias” para tantos especuladores e falsários.
Barata arregalou os olhos e perguntou se o amigo havia matado alguém no passado... O velho interrompeu a limpeza que fazia no rosto e disse que não precisava ter medo. O puseram naquele uniforme injustamente... Num momento de sua vida em que mais trabalhava.
Indicação (não informada)
Um abraço,
Prof.Gilberto

“Rei do Congo – A mentira que virou folclore”, de José Ramos Tinhorão – breve recapitulação das viagens lusitanas ao litoral atlântico da África; informações de Duarte Pacheco sobre a expedição de Diogo Cão ao Congo; dificuldades de comunicação com os nativos e notícias sobre a existência de liderança política mata adentro; fragmentos de Rui de Pina e as pedras do Ielala; informações sobre as inscrições nas pedras extraídas da Revista Brasil-Portugal nº47; Luciano Cordeiro, um cientista português, paixão pela pesquisa; as fotografias das inscrições do Ielala

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Os registros da última postagem apontam que os portugueses acessaram a embocadura do Rio Poderoso (o Congo, também chamado de Zaire por um bom tempo) graças à expedição de Diogo Cão (1483).
Vimos que os lusitanos tiveram acesso a terras de rica floresta habitada por negros não islamizados, os cacongos.
(...)
A título de mais uma recapitulação, cabe lembrar que a década de 1440 havia sido marcada por expedições predatórias em terras litorâneas da África... Mais tarde ocorreram as tentativas pacíficas com a intenção de estabelecerem relações comerciais com árabes que viviam nas localidades costeiras ou que por elas circulavam.
No final da década de 1470 e no início da de 1480 os portugueses organizaram feitorias/fortalezas na ilha de Arguim e em Cacheu (1479), na Guiné, e em São Jorge da Mina (1482).
Graças a essas iniciativas, tiveram mais condições de avançar pelo Congo.
(...)
Em seus manuscritos, Duarte Pacheco afiançou que os exploradores foram recepcionados pela “gente toda negra, com seu cabelo revolto” com muita curiosidade. Diogo Cão tratou de fincar à margem esquerda um marco, “padrão de posse”, que havia levado já trabalhado em pedra... Depois deu a alguns de seus homens a tarefa de obter informações pela redondeza.
Acontece que os “línguas” (como eram chamados os que cuidavam de aprender línguas de povos a serem conquistados; atuavam como intérpretes no caso de contato) que acompanhavam Diogo Cão eram do Senegal e não compreendiam os dialetos bantos, próprios da área subtropical. Esses viriam a ser chamados de “grupo congolês”.
Apesar de praticamente se limitarem à troca de sinais, os portugueses conseguiram saber que o povo local reconhecia um líder que vivia em área mais distante mata adentro.
(...)
É Rui de Pina que, com sua “Crônica d’El-Rei D. João II”, nos dá informações acerca das iniciativas de Diogo Cão nos primeiros passos lusitanos no Congo. O capitão seguia as orientações determinadas por El-Rei no documento “de indústria e ordenação d’El-Rei”.
A partir do estabelecido pelo monarca, Diogo Cão determinou que um grupo seguisse por terra com o intento de encontrar o chefe citado pelos nativos... O grupo era constituído principalmente por “intérpretes cristãos conhecedores de várias línguas”.
Entrementes, o capitão prosseguiria pelo poderoso rio...
Avançou por mais ou menos 160 quilômetros, quando suas embarcações chegaram ao “paredão de rochedos conhecido como ‘pedras do Ielala’”, responsável por cataratas estupendas.
O acidente geográfico fez Diogo Cão retroceder... Todavia tratou de ordenar que inscrevessem “dois testemunhos de sua presença” nas pedras da exuberante paisagem.
Na mais alta foi esculpido o escudo de seu país, uma grande cruz e os dizeres: “Aqui estiveram os navios do esclarecido rei D. João, o segundo de Portugal – Diogo Cão, Pero Anes, Pero da Costa”.
Noutra que se localizava mais abaixo, e ao que tudo indica havia sido parte da maior que se localizava mais acima, inscreveram uma sigla e “os nomes Álvaro Pires, Pedro Escobar e, em seguida ao desenho de uma cruz significando ‘falecido’, o nome de Gonçalo Álvares”.
(...)
Tinhorão cita “A inscrição de Ielala”, de Luciano Cordeiro, que saiu na “Revista Brasil-Portugal” nº 47 (de janeiro de 1901).
A revista está disponível na internet em sítio próprio (hemeroteca digital) e disponibiliza as versões digitalizadas. Em acesso na data desta postagem resgatamos as imagens que ilustram os registros. A leitura atenta nos ajuda a entender que o texto de Cordeiro foi redigido pouco antes de sua morte. Na página anterior à de sua redação há uma bela homenagem a ele, que foi fundador e dirigente da “Sociedade de Geographia de Lisboa”, e à sua colaboração científica ao país.
Luciano Cordeiro recebeu as fotografias das inscrições das “pedras do Ielala” pouco antes de sua morte. Elas lhe foram entregues pelo Doutor Paulo Cancella que, em viagem à ilha de São Tomé, contatara certo português que vivia em Matadi, e este recomendou-lhe o envio das “misteriosas inscrições de difícil decifração” ao estudioso.
Como podemos notar, algumas palavras citadas na matéria da revista receberam pequenas adaptações no texto de “Rei do Congo”. Isso à parte, vale a análise e contemplação do antigo documento.
E que belo documento... Que bom que há este “hemerotecadigital.cm-lisboa.pt”!
Leia: Rei do Congo. Editora 34.
Um abraço,
Prof.Gilberto

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