sábado, 31 de agosto de 2019

“A Invenção dos Direitos Humanos – uma história”, de Lynn Hunt – a tradição dos romances epistolares; a dramática história do “amor condenado” de Heloísa e Pedro Abelardo; sobre “Júlia ou A nova Heloísa”, de Rousseau; amor interrompido por obediência ao pai; “amor de amigo”

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Enfim chegamos à parte do livro em que a autora passa a tratar especificamente da leitura de romances epistolares durante o século XVIII e o quanto essa prática contribuiu para que as pessoas comuns passassem a “imaginar a igualdade” a partir da empatia em relação a personagens que provocavam “emoções torrenciais”.
(...)
A primeira obra citada é “Júlia ou A nova Heloísa” (1761), de Rousseau. O livro alcançou grande popularidade, e há que se destacar que foi publicado um ano antes de “Do Contrato Social”.
O complemento no título, “A nova Heloísa”, trazia grandes expectativas, pois tratava-se de clara referência à conhecida história datada de épocas medievais (século XII) sobre o “amor condenado” da jovem Heloísa por Pedro Abelardo, seu tutor (filósofo escolástico e clérigo católico). O livro não entra em maiores detalhes, mas sabe-se que a referida história de amor se tornou famosa através dos tempos por seu conteúdo dramático.
Conta-se que Heloísa pertencia a uma rica família e que seu tio (Canon Fulbert) se tornara o responsável pela sua educação formal. Ele contratou Abelardo, renomado filósofo, que se tornou hóspede da família na capital francesa exatamente para este fim... Contrariando todos princípios da educação ministrada pelos mestres católicos, o professor se apaixonou pela jovem.
Não demorou e Heloísa engravidou. Para evitar maiores escândalos, os dois resolveram deixar Paris e seguiram para o norte do país, onde o filho do casal nasceu. Abelardo decidiu obter o perdão de Fulbert e oficializar o matrimônio. A princípio tudo ocorreu conforme o desejado pelos amantes, que se casaram na catedral de Notre Dame. Todavia logo se iniciaram as maledicências da sociedade da época e o tio de Heloísa decidiu perseguir o casal.
Fulbert conseguiu que dois tipos atacassem o filósofo e o castrassem. Na sequência Abelardo e Heloísa foram separados pelo resto de suas vidas. Ele tornou-se monge e ela madre superiora de uma abadia. Ambos se dedicaram aos estudos e à espiritualidade... Enquanto viveram trocaram cartas de amor.
(...)
Essas cartas foram publicadas, e por séculos cativaram e inspiraram os leitores.
A personagem do romance de Rousseau, Júlia, também vive a experiência de se apaixonar pelo tutor, Saint-Preux. Mas decide oprimir a paixão para satisfazer o desejo do pai autoritário e contrário ao relacionamento.
O pai acertara o casamente de Júlia com um soldado russo que lhe salvara a vida em tempos passados. Evidentemente, Wolmar (esse era o nome do russo) era bem mais velho do que a moça. Júlia era tão devota às ordens do pai que afogou sua antiga paixão... Tempos depois passou a cultivar o “amor de amigo” por Saint-Preux e, de fato, pouco antes de morrer, confessa-lhe isso em uma carta.
O livro pode suscitar a questão em torno da intenção de Rousseau... Afinal, ele celebrou a submissão da mulher ao pai e ao esposo por ele definido, ou procurou retratar de modo trágico o modo como Júlia sacrificara os próprios desejos?
Problematizações à parte, os leitores se impressionaram com a obra... Muitos se comoveram e se identificaram com a protagonista.
A fama de Rousseau já era considerável e a receptividade positiva do público fez dessa obra um sucesso de repetidas edições em outros países. Voltaire referiu-se ao livro como “lixo miserável”... Bem diferente foi a impressão de Jean le Rond d’Alembert (colaborou com Diderot na “Enciclopedia”), que escreveu ao próprio Rousseau para garantir que havia “devorado” o livro e que talvez fosse melhor preparar-se para eventual censura dado que a França era um “país em que se fala tanto do sentimento e da paixão e tão pouco se os conhece”.
Leia: A Invenção dos Direitos Humanos. Companhia das Letras.
Um abraço,
Prof.Gilberto

sexta-feira, 30 de agosto de 2019

Filme – “Vermelho Sol” – a respeito de Paula, a ajustada filha do advogado; Santiago, o namorado de “boa família”, e suas inseguranças; Vivas, velho amigo de Cláudio e um golpe que pode render um bom dinheiro; segredo e intenções em relação à “casa abandonada” da vizinhança

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Paula é a filha do doutor...
Filha única de um casal bem colocado socialmente, a jovem pôde experimentar a formação tradicional tanto em casa quanto nas escolas destinadas aos filhos das famílias mais abastadas.
Vemos a moça participar de um disciplinado grupo de jovens bailarinos. O número que ensaiam evidencia que Paula terá um papel de destaque na próxima apresentação pública. Por isso a professora a chama para um exercício de concentração que a ajudará a expressar um sentimento interior evocado pela música e próprio de sua personagem.
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O jovem Santiago é o namorado de Paula.
Aos poucos, “como deve ser”, ele inicia a sua participação em alguns eventos da família da moça... Sendo de “boa estirpe”, o rapaz é bem recebido na casa da namorada. Mas neste ponto vale destacar que o seu desejo por um relacionamento mais íntimo sofre alguns revezes. É verdade que Cláudio não é o tipo de pai permissivo, todavia não é isso que trava o namoro. Santiago sabe que há algumas incompatibilidades, já que ele parece não se interessar pelo balé da namorada. Além disso, Paula é uma garota “de família”, é “caseira” e evidentemente ele mesmo não a vê participando de suas aventuras noturnas com os amigos.
À distância, Santiago vê o ensaio da namorada... Nota que a convivência no grupo de balé e a própria peça da qual é protagonista levam a moça a contatos físicos com outro jovem. Por isso, e também por causa de certas reações de Paula, Santiago se sente enciumado.

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Há outro tipo sobre o qual temos de tecer algumas considerações...
Trata-se de um amigo de Cláudio... Vivas, que é casado com Mabel.
Certo dia ele apareceu no escritório com ares de mistério... Foi logo perguntando se o doutor não tinha algum segredo que só podia ser revelado e debatido com um amigo fiel... Sem dúvida aquela conversa era de causar espanto, sobretudo porque de fato havia um segredo que Cláudio (o caso do estranho que ele abandonou no deserto à própria sorte) não cogitava desabafar com ninguém, nem mesmo com Vivas, velho amigo e frequentador de sua casa.
O advogado embaraçou-se e não conseguiu responder objetivamente, então o outro o sossegou ao confessar que era ele quem estava disposto a contar-lhe um segredo. Acontece que Vivas estava interessado em tomar posse de uma “casa abandonada”. O imóvel localizava-se a alguns quarteirões de onde ele morava. Estava muito empolgado e insistiu que o amigo precisava conhecer a casa, de bom tamanho e com excelente área de quintal e jardim.
Temos de esclarecer aqui que a casa em questão é aquela mesma que aparece logo no começo do filme... A casa que estava sendo saqueada! O distinto senhor que chega no final da cena é este Vivas.
(...)
Mas então, do que se trata exatamente?
Vivas insiste que a casa foi abandonada... Há tempos ninguém a reivindica! Seu plano consiste em arranjar documentos que comprovem que ele a comprou. Cláudio mostrou-se espantado e falou algo sobre uma possível ocupação e comprovação de “usocapião”, que seria mais “razoável”.
Mas Vivas está convencido de que sua ideia é a melhor. Ela já consultara um corretor e até sabia dos valores que deviam constar dos papéis. O problema é que precisava da intervenção do amigo advogado (ninguém mais apropriado!) e mais uma outra pessoa que se passasse por “vendedora” da casa. Necessitava basicamente de documentos carimbados e registrados, além de assinaturas.
Cláudio sabia que o plano do amigo não era nada mais nada menos do que um golpe. Vê-se nitidamente que ele se sentiu incomodado. O nome que podia dar àquela operação era corrupção! Estaria disposto a arriscar sua reputação?
Vivas insiste que não há motivos para temores... Tinha certeza de que tudo se acertaria, e para convencer o amigo convidou-o a uma visita ao local.
Indicação (14 anos)
Um abraço,
Prof.Gilberto

quarta-feira, 28 de agosto de 2019

“A Invenção dos Direitos Humanos – uma história”, de Lynn Hunt – sobre a mudança do conceito de tortura ao longo do século XVIII; fragmentos de Montesquieu sobre o conceito relacionado ao suplício físico nos processos judiciais e o grito da “voz da natureza”; Jefferson e também a declaração francesa de 1789 a respeito da legitimidade dos governos constituídos enquanto instituições de defesa dos direitos; da empatia enquanto motivadora de concepções de comunidades mais respeitosas em relação à autonomia e à individualidade

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Durante a primeira metade do século XVIII, a palavra “tortura” (pelo menos em francês) relacionava-se aos problemas dos escritores na produção textual, notadamente nas ocasiões de maior complexidade em que necessitavam de encaixar expressões mais adequadas aos propósitos de sua redação... O livro apresenta citação de Pierre de Marivaux (1724) que retrata o anteriormente exposto. Esse jornalista e romancista fazia referências sobre “torturar a mente para extrair reflexões”.
Ao que tudo indica, foi somente depois que Montesquieu publicou “Espírito das Leis” (1748) que a “tortura”, suplício dos corpos por autorização judicial a fim de se obter confissões e delações, passou a ser mais debatida e questionada pelos que se importavam com a temática dos direitos. Para o referido filósofo francês, “tantas pessoas inteligentes e tantos homens de gênio escreveram contra essa prática” que ele mesmo não se sentia à vontade para ainda mais criticá-la.
Há um trecho em que Montesquieu ressalta que poderia até levar em consideração a tortura judicial enquanto praticada por regimes de exceção:

                   “Eu até poderia dizer que ela fosse apropriada para o governo despótico, no qual tudo que inspira medo contribui para o vigor do governo; ia dizer que os escravos entre os gregos e os romanos... Mas escuto a voz da natureza gritando contra mim”.

O trecho acima enfatiza que a tortura judicial poderia ser resultado de governos autoritários que impõem às sociedades um regime do medo. Cita as experiências da Grécia e da Roma da Antiguidade, que tiveram no escravismo a base de sua organização. Por fim Montesquieu salienta que “a voz da natureza” grita contra esses descabimentos.
Novamente vemos a ideia de “autoevidência” dos direitos... Depois de Montesquieu, Voltaire, Beccaria e vários outros intelectuais se colocaram abertamente contra a tortura judicial que supliciava corpos e mentes de processados e de testemunhas.
A década de 1780 foi marcada por discussões intensas em torno dos direitos e da definição de doutrinas. Neste momento, a tortura e outras “formas bárbaras de punição corporal” haviam sido totalmente refutadas pelos teóricos.

(...)

As pessoas passaram a se sensibilizar mais com as agressões às individualidades físicas e psicológicas que outros sofriam... Esse dado passou a contar nas análises dos que refletiam sobre a autoridade política e sua legitimidade enquanto garantidora dos direitos.
Thomas Jefferson anunciava que o Criador dotou os homens de direitos... Mas quando os homens realizam pactos e definem governo, este será tanto melhor ou pior de acordo com os acertos ou erros dos que o compõem. A vontade de Deus não conta aí. Os homens reunidos em comunidade chegam ao consenso e estabelecem o governo. Eles o instituem para que os direitos sejam assegurados! O poder de governar reside no “consentimento dos governados”.
A Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão segue os mesmos princípios. Nela se lê que o “objetivo de toda associação política é a preservação dos direitos naturais e imprescritíveis do homem”, e ainda que o “princípio de toda soberania reside na nação”.
(...)
De acordo com Lynn Hunt, os estudiosos (das teorias, dos contratos e da autoridade política constituída pelo consenso dos que pretendem que a instituição assegure os direitos básicos) “têm prestado pouca atenção à visão dos corpos e das individualidades que a tornou possível” (a autoridade política).
Ela cita o cientista político Benedict Anderson e seus argumentos a respeito dos jornais e romances enquanto criadores de uma “comunidade imaginada” que permite o florescimento do nacionalismo.
A “empatia imaginada” (a ideia de que os outros são iguais e como nós) fundamenta os direitos humanos. A leitura de romances, veremos isso, contribuiu para que mais e mais pessoas passassem a ter noções das dores que personagens fragilizados sofrem silenciosamente. A reação (empatia) propiciou concepções de comunidades em que a autonomia e a individualidade de cada um sejam respeitadas.
Leia: A Invenção dos Direitos Humanos. Companhia das Letras.
Um abraço,
Prof.Gilberto

segunda-feira, 26 de agosto de 2019

Filme – “Vermelho Sol” – do caráter funesto do protagonista, sua macabra decisão e segredo; seguro retorno ao cotidiano de condição de superioridade; um pobre e apavorado cliente com demandas urgentes

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O estranho atirou contra a própria cabeça... A cena é chocante e o que a torna mais dramática é o fato de o tiro não ter resultado em fatal. O moço caiu e começou a emitir uns grunhidos de agonia.
Susana se desesperou... Cláudio recolheu o tipo e o instalou no banco traseiro do veículo. Na sequência, dirigiu até o pequeno hospital local.
(...)
Imaginamos que o estranho que havia causado o tumulto no restaurante só podia sofrer de algum distúrbio mental... A iniciativa do doutor Cláudio talvez salvasse a vida do moço.
Logo que estacionou, pediu para a esposa permanecer no carro enquanto ele se dirigiria ao pessoal da emergência. A aflição tomou conta de Suzana enquanto o esperava, pois desde o banco detrás vinham os gemidos desesperados do desconhecido... A noite avançava e não se notava nenhuma movimentação de transeuntes.
Cláudio retornou e adiantou à mulher que não poderiam internar o rapaz, pois as instalações do pequeno posto hospitalar não atendiam às necessidades de exames e intervenção cirúrgica imediatos. Então explicou que conduziria o moribundo para uma cidade maior e com equipamentos mais adequados para as emergências. Decidiu que faria isso sozinho, por isso, antes de pegar a estrada, deixou Susana em casa.
(...)
O advogado rodou pela estrada que atravessa o deserto... Durante a viagem ouviu os desesperados gemidos do estranho.
Parou o carro e retirou o rapaz, arrastando-o até uma localidade erma, abandonando-o à própria sorte.
Cláudio voltou à estrada e tomou a direção que o levava para sua provinciana cidade. Um vermelho sol surgia no horizonte.

(...)

Aos poucos vamos entendendo melhor o caráter do protagonista.
Trata-se de um tipo nefasto! O episódio do restaurante serviu para mostrar a sua arrogância. Os frequentadores habituais o conheciam e o tinham em alta consideração. Convencido disso, fez os ataques desnecessários ao desconhecido e provocou toda confusão que se seguiu. Ficou claro que não se sentiu na obrigação de salvar a vida do moço. Talvez por misericórdia pudesse colocar termo ao seu sofrimento. Mas ele não fez isso. Pelo contrário! Largou-o no meio do nada para que apodrecesse e terminasse dilacerado por abutres.

(...)

Cláudio retornou ao seu cotidiano...
Os meses se passaram e nenhum escrúpulo o atormentou.
Sua vida seguiu sem maiores novidades, dividida entre o escritório, o lar e eventuais partidas de tênis. O trabalho no escritório rendia mais do que o necessário para lhe garantir o conforto da família.
Certamente sua situação era bem diferente da de certos clientes... E é bem verdade que um deles o atormentava por conta de sua desesperada condição de desempregado, um pai de família em dificuldade. É claro que não dá para comparar as duas realidades... Todavia elas se cruzaram.
O homem entrara com um processo de indenização contra o seu último empregador e Cláudio havia garantido que a causa estava ganha... Porém o processo já se arrastava por longo tempo e as necessidades apertavam o pobre homem mais do que ele podia suportar. O vemos desesperado e, em consulta ao advogado, falando dos problemas que só aumentavam e da necessidade urgente que tinha do dinheiro da indenização. Pacientemente Cláudio explica que não há o que fazer a não ser aguardar as decisões da Justiça.
Indicação (14 anos)
Um abraço,
Prof.Gilberto

sábado, 24 de agosto de 2019

Filme – “Vermelho Sol” – do início no qual se vê uma casa sendo saqueada; desagradável tumulto no restaurante e desdobramento inesperado para o doutor Cláudio e a esposa

No começo vemos uma casa de onde várias pessoas saem aos poucos, sós ou em pequenos grupos, e a intervalos não regulares. Elas levam objetos e utensílios diversos, relógio de parede, aparelho telefônico, televisão, sacolas e carriolas carregadas... Num primeiro momento temos a impressão de que se tratam de moradoras do local e que estão se dirigindo aos afazeres do cotidiano.
Essa é a abertura do filme...
Por fim, um tipo bem vestido aparece e cumprimenta uma distinta senhora que acabava de se retirar... Ele sai de cena, mas logo após retorna à casa e também entra, provavelmente depois de constatar que não estava sendo notado. Aí percebemos que a movimentação das pessoas não era normal... Evidentemente algo de errado estava acontecendo na casa! Ela estava sendo saqueada!
(...)
Numa noite de 1975...
Cláudio era um reconhecido advogado de provinciana cidade argentina. O vemos à mesa do movimentado restaurante. Ao seu redor estão famílias, casais e grupos de amigos que jantam animadamente.
Todas as mesas estão ocupadas... Um impaciente rapaz observa o doutor, que está à espera de Susana, sua esposa. O moço não se conforma porque Cláudio não fez nenhum pedido e mesmo assim permanece à mesa. Ele se aproxima e diz coisas ofensivas sobre sua condição de cliente que tem necessidade de se alimentar e não pode porque o outro ocupa a mesa sem nada pedir.
A situação é das mais desconfortáveis e o garçom intervém explicando ao estranho que o doutor chegou antes, e que ele bem faria aguardando uma mesa na antessala... A casa oferecia-lhe uma bebida.
O moço não aceita e insiste que além de estar sendo prejudicado, o estabelecimento cometia o erro de permitir que o outro ocupasse a mesa sem nada gastar. A movimentação chama a atenção dos demais clientes. Todos conhecem Cláudio e estranham o episódio... Ele percebe o inconveniente e anuncia ao garçom que está disposto a ceder para que o rapaz possa se satisfazer.
O advogado acomoda-se a um canto, onde acende um cigarro ao mesmo tempo em que encara o tipo. Este percebe e inicia nova discussão... Cláudio diz que certamente o moço teria muitos problemas porque era mal-educado, grosseiro e que isso só podia ser resultado de uma péssima formação familiar. Suas palavras foram provocativas e o jovem respondeu aos gritos. Seu tom de voz mais uma vez chamou a atenção dos demais... Ele percebeu e passou a agredi-los verbalmente, pois entendeu que não estavam aceitando a sua presença. Esquecendo-se de que estava ali para jantar, manifestou aversão e passou a chamá-los de fascistas.
Houve muito empurra-empurra até que um grupo de homens o cercou e o retirou do restaurante. Enfim tudo se acalmou e Cláudio pôde retornar à mesma mesa enquanto saudava a todos. Logo Susana chegou e puseram-se a jantar.
(...)
Aquilo não poderia acabar bem...
Depois de bela refeição, o casal deixou o restaurante... Mal colocou o carro em movimento, o advogado notou que o estranho aguardava a sua saída. O tipo atirou pedras contra os vidros de seu veículo e correu pelo entorno escurecido.
Susana implorou para que tomassem o caminho de casa. O primeiro movimento do marido foi de bater em retirada, mas ao perceber mais uma vez a presença do agressor, quis tirar satisfação e correu atrás do estranho.
Aconteceu que de repente o moço surgiu no seu encalço, o agrediu fisicamente e sacou uma arma... Cláudio implorou para que não atirasse, pois ele era casado e pai de uma filha (a jovem Paula).
No momento mais dramático, em vez de o tipo atirar contra o seu desafeto, posicionou o cano contra a boca e disparou contra a própria cabeça. Cães começaram a ladrar nas imediações...
A tensão tomou conta da atmosfera.
Indicação (14 anos)
Um abraço,
Prof.Gilberto

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