quinta-feira, 27 de maio de 2021

“O Estrangeiro”, de Albert Camus – chegada à praia e à singela casa de Masson, amigo do Sintès; sobre o Masson e sua esposa, bons anfitriões; estranho tique do tipo ao falar; um primeiro banho de mar, brincadeiras de namorados; almoço simples e satisfatório; conversa, cigarros e muito vinho; as mulheres ficam para lavar a louça e os três saem para um passeio

Talvez seja interessante retomar https://aulasprofgilberto.blogspot.com/2021/05/o-estrangeiro-de-albert-camus-o-velho.html antes de ler esta postagem:

Meursault, Maria e Sintès caminharam sobre o “planalto” que levava à praia e à casa do amigo que os receberia... Antes que chegassem à borda da elevação puderam ver o imenso mar. Um motor ao longe anunciava “uma pequena canoa que avançava imperceptivelmente no mar brilhante”.
Desde a encosta, viram banhistas que aproveitavam a praia.
(...)
Chegaram à modesta casa do amigo de Sintès. Era de madeira, encostada a uma grande rocha e se localizava numa das extremidades da praia... Traves que a sustentavam eram “mergulhadas na água”.
O tipo chamava-se Masson, era “alto, entroncado, com ombros largos”. Sua mulher “era baixa, gorda e simpática” e tinha “sotaque parisiense. O casal foi bastante receptivo, o homem sugeriu que todos se colocassem à vontade e que logo almoçariam peixes fritos, pescados por ele mesmo.
Meursault foi elogiando a casa e o Masson adiantou que ele e a mulher passavam os sábados, domingos e feriados nela. Ao notar que Maria e a outra se riam por qualquer coisa, Meursault chegou a pensar que poderia mesmo se casar com a namorada.
(...)
Masson convidou-os para a praia... Nem o Sintès nem a mulher do Masson quiseram ir. Meursault e Maria toparam...
Enquanto Meursault e Masson decidiram conversar um pouco, a moça mergulhou logo que chegaram à água. O anfitrião era dos que falam devagar e, no seu caso, completava quase todas as frases com um “e direi mesmo mais”. Meursault achou graça desse hábito até porque em determinadas sentenças aquele complemento não acrescentava qualquer sentido. Num determinado momento, falaram sobre a Maria e o tipo disse “estupenda e, direi mesmo mais, encantadora”... Aos poucos o rapaz se distraiu e deixou de notar o tique do outro.
O sol estava generoso e a areia começava a queimar os pés... Meursault resolveu chamar o Masson para a água. O rapaz mergulhou imediatamente enquanto o colega caminhou até perder as pisadas para, então, mergulhar também. Via-se que nadava mal e de bruços, por isso Meursault o deixou para avançar até onde estava a Maria.
O casal se entendia na água e ao longe viram que o Masson aproveitou bem pouco do mar, pois logo se retirou para deitar-se na areia... Repararam que o tipo parecia ainda maior à distância.
(...)
Meursault e Maria nadaram juntos... Ele segurou a cintura dela, que avançava com as braçadas. Sua tarefa na brincadeira era ir batendo os pés mais atrás. Assim permaneceu até que se cansou.
Ele deixou a parceira e voltou à praia, onde deitou-se “de barriga para baixo” junto ao Masson. Os dois concordaram que a atmosfera e o descanso ao sol eram muito bons. Maria chegou depois e foi se encostando no namorado que adormeceu embalado pelo calor de seu corpo.
Acordou quando ela começou a sacudi-lo dizendo que o Masson já se retirara e que já estava na hora do almoço... A fome o fez se levantar rapidamente, mas Maria sugeriu voltarem para a água, onde podiam se beijar sossegadamente. Ele concordou e foi isso que fizeram.
(...)
De volta à casa, perceberam que a mesa já estava posta... Meursault foi dizendo que “estava cheio de fome” e isso agradou ao Masson, que disse à mulher que o rapaz o agradava.
A refeição mereceu a aprovação dos visitantes... Meursault gostou do pão e comeu todo o peixe que lhe ofereceram... Também havia carne, batatas e vinho, tudo muito bom. Masson era bom bebedor e a todo momento enchia o copo do amigo de Sintès.
Conversaram e fumaram. Durante a conversa, os três homens cogitaram “passar o mês de agosto na praia” e podiam dividir as despesas. Tanto beberam que Meursault até sentiu a cabeça pesada...
Ficaram admirados ao saber que ainda estava bem cedo. Maria anunciou que eram onze e meia. Masson disse que não tinha nada de errado em almoçar cedo porque a fome é que define o momento certo de se alimentar. A moça riu-se a valer da explicação.
Meursault achou que a reação dela tinha a ver com o excesso de vinho. Mas não pensou muito mais sobre isso porque o Masson convidou-o a um passeio na praia. Explicou que a esposa costumava “dormir a sesta” e ele não era afeito aos cochilos depois do almoço porque precisava andar, algo que é bom para a saúde. O que podia fazer se a mulher estava no “seu direito”?
Maria resolveu ficar e disse que ajudaria “a dona da casa a lavar a louça”. Então tinham de “pôr os homens na rua”. Foi isso o que a esposa do Masson disse. 
Leia: “O Estrangeiro”. Editora Abril.
Um abraço,
Prof.Gilberto

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