Talvez seja interessante retomar https://aulasprofgilberto.blogspot.com/2021/05/a-opera-de-tres-vintens-peca-de-bertold_4.html antes
de ler esta postagem:
Estamos
neste ponto do texto da peça em que o Navalha, encarcerado e prestes a ser
encaminhado para a forca, exigia que os capangas Matthias e Jakob providenciassem
400 libras... Certamente pretendia dar o dinheiro ao policial Smith como um
adiantamento do suborno.
Mas sua situação era das mais dramáticas por causa do adiantado da
hora... Cinco e vinte e oito! O chefe da quadrilha queria que se apressassem e
justificava dizendo que era o seu pescoço que ia para a corda. Os dois capangas
mostraram-se indignados, já que o imprudente na história havia sido o capitão
Navalha que, em vez de fugir, quis passar a noite com a prostituta Suky Tawdry.
(...)
Navalha estava impaciente.
Exigiu que se calassem, e mais uma vez usou de agressividade para cravar que em
breve estaria deitado em lugar muito diferente “da cama daquela vagabunda”.
Sem entrar em detalhes, Jakob disse ao companheiro Matthias
que teriam de ”ir nessa mesmo”...
Smith voltou à cela para
comunicar ao condenado que o chefe Brown queria saber o que ele desejava como
refeição. Mac estava visivelmente nervoso e vociferou que o deixasse em paz...
Ao Matthias esbravejou querendo saber se ele “queria ou não” (obviamente
pretendia saber se os dois lhe arranjariam o dinheiro). Ao policial Smith disse
que queria aspargos.
Matthias reclamou com o chefe dizendo que não aceitava que gritasse com
ele... O Navalha respondeu que não estava gritando e que apenas queria saber se
queriam vê-lo enforcado. O capanga respondeu que certamente não queriam vê-lo pendurado
na forca, mas quatrocentas libras era todo o dinheiro que tinham... Será que
não podiam lhe dizer a verdade?
Mac Navalha apontou para o relógio que marcava cinco e
trinta e oito... Jakob voltou-se para Matthias e disse-lhe que tinham de ser
rápidos. Este respondeu que teriam dificuldade para passar pelas ruas, pois
elas estavam “entupidas da gente do povo”. O condenado gritou que precisavam
chegar até às cinco e cinquenta e cinco. Caso não conseguissem, não o veriam
nunca mais. E repetiu o “nunca mais”.
(...)
Smith voltou a falar com Mac Navalha... Fez uns gestos querendo saber se
ele havia conseguido o dinheiro, e quanto. O bandido respondeu “quatrocentas” e
no mesmo instante o policial deu de ombros e foi se retirando.
Num ato de desespero, o Navalha gritou que precisava falar com o chefe
Brown.
(...)
Smith retornou com outros
policiais... Perguntou se haviam trazido graxa e um deles respondeu que tinham
uma que não era das boas e, embora a montagem da forca fosse rápida, o alçapão
não funcionaria.
Nervosamente, Smith
reclamou que tudo tinha de funcionar perfeitamente. Será que os homens não
tinham notado que os sinos tinham repicado pela segunda vez? O outro tira
respondeu que o material que possuíam era uma porcaria.
Mac
Navalha, que a tudo ouvia, cantou:
“Agora vejam como ele sofre,
A vítima da pérfida maldade!
Vocês aqui, que adoram só cofre
E o julgam ser a maior autoridade,
Não deixem seu herói na fossa, gente!
Corram depressa junto à soberana
Para pedir clemência, anistia;
Pois os malvados contam minha grana
E, eu sofrendo, riem de alegria.
Terminem meu martírio tão pungente!"
(...)
Como se vê, Mac Navalha tornou-se desesperado. Ele bem
podia se dirigir ao “público” enquanto canta essa “canção em apelo ao indulto”.
Vemos que ficou claro que passou a depositar seu
fio de esperança num pedido de clemência à jovem rainha que estava prestes a
ser coroada. Talvez sua sensibilidade a levasse a perdoar o condenado à morte
num dia tão especial para ela e o povo.
Continua em https://aulasprofgilberto.blogspot.com/2021/05/a-opera-de-tres-vintens-peca-de-bertold_34.html
Leia: “A
ópera de três vinténs”. Editora Paz e Terra.
Indicação do filme (14 anos)
Um
abraço,
Prof.Gilberto