Tampouco manifestamos os tradicionais desejos de um 2020 repleto de realizações e de alegrias.
E não é porque na esfera pessoal não houvesse motivos para celebrar o ano que passou ou expectativas positivas para o novo ano. Pelo contrário! O cotidiano de trabalho e de estudos foi de êxitos e de conquistas para a família.
Preciso mesmo pedir perdão a Deus pelas inúmeras vezes que me esqueço de agradecer, e pelas vezes que me esqueço de que Ele jamais nos abandona ou se esquece de nós.
(...)
Mas há algo que está azedando...
E dá para sentir que é
o modo como o país vem sendo governado...
Ao nos darmos conta
do tremendo retrocesso a que estamos submetidos nos sentimos angustiados. Muito
angustiados...
É
que por aqui a intolerância está prevalecendo, e quando não somos surpreendidos
com vexames internacionais (protagonizados pelo dirigente da nação e sua
equipe), políticas de exclusão e retiradas de direitos para favorecer a
exploração brutal dos assalariados, nos atacam com ideias anticientíficas que
mais se adequariam aos tempos medievais.
(...)
Muito já se escreveu
sobre isso.
O lamentável panorama
atual tem raízes nos movimentos de 2013, que se iniciaram com a legítima insatisfação
contra aumentos de tarifas no transporte público em várias localidades... No
processo, grupos de extrema direita e oportunistas ligados a certos segmentos
políticos aproveitaram para tomar a dianteira, confundir e radicalizar contra o
governo de então...
O movimento inicial foi tomado de assalto.
As redes sociais digitais agilizaram as manifestações e foram utilizadas
também para difundir fakes que inflamaram os desejos de mudança e o ódio aos
militantes tradicionais. Isso era uma novidade e conhecidos tipos da política nacional, envolvidos em falcatruas
e corrupção, pousaram de patriotas ilibados e buscaram aparecer junto de líderes
que emergiam de associações surgidas praticamente no calor da hora.
A grande mídia, que de início colocou-se
contra os manifestantes, passou a dar destaque aos eventos que se tornavam
gigantescos e se apresentavam abertamente contra o governo e os poderes da
República.
A atmosfera tornou-se
propícia para a atuação de golpistas e fascistas de plantão. Logo ocorreram
manifestações escancaradamente antidemocráticas e de pedidos de intervenção
militar. Elas exigiam o fim dos governos trabalhistas e ameaçavam a Copa Fifa
que se realizaria no ano seguinte... Gritavam “não vai ter copa”, todavia
certamente entre eles estavam os que mais tinham condições de adquirir
ingressos, e esses, logo que a competição teve início, não perderam a
oportunidade de acorrer aos estádios.
(...)
Depois
vieram as eleições de 2014...
Por pequena diferença de votos, Dilma Rousseff foi reeleita para o
quarto mandato trabalhista... E não demorou para que as forças de oposição (além
de estarem no Congresso Nacional, elas foram percebidas em muitos setores da
sociedade) se articulassem e dessem encaminhamento ao processo de impeachment.
No final de 2016 o
Congresso Nacional aprovou a Emenda Constitucional que congelou os gastos
públicos por vinte anos...
Velasquez -velha fritando ovos |
No ano seguinte foi
aprovada a Reforma Trabalhista (2017) que praticamente sepultou a Consolidação
dos Direitos Trabalhistas.
Desde então, e
sobretudo após as últimas eleições presidenciais, também muito acirradas em
seus dois turnos, assistimos ao recrudescimento dos ataques aos direitos
básicos dos brasileiros. Evidentemente as piores consequências recaem sobre os
mais pobres, que são os que mais constantemente recorrem aos serviços públicos (principalmente
os de saúde e educação).
Outras
reformas, como a da Previdência (aprovada em novembro do ano passado), foram
apresentadas e defendidas como condição essencial para que a produtividade e a
oferta de trabalho aumentassem. Os maiores veículos de comunicação têm se
mostrado uníssonos ao tratarem dessas questões e dão pouco espaço para o
contraditório, então assistimos especialistas defenderem que a diminuição dos
encargos sociais alavancará o desenvolvimento econômico. Eles garantem ainda
que, se ainda não vislumbramos uma condição melhor, é porque os efeitos das
reformas ainda não se fizeram sentir, e porque muitas outras medidas
impactantes precisam ser adotadas.
Continua em https://aulasprofgilberto.blogspot.com/2020/05/imdepressao-geral-deste-nosso-tempo-n2.html
Um abraço,
Prof.Gilberto