sexta-feira, 28 de fevereiro de 2020

Im(de)pressão geral – deste nosso tempo – nº1

Por aqui não houve nenhuma mensagem de boas festas no fim do último ano...
Tampouco manifestamos os tradicionais desejos de um 2020 repleto de realizações e de alegrias.
E não é porque na esfera pessoal não houvesse motivos para celebrar o ano que passou ou expectativas positivas para o novo ano. Pelo contrário! O cotidiano de trabalho e de estudos foi de êxitos e de conquistas para a família.
Preciso mesmo pedir perdão a Deus pelas inúmeras vezes que me esqueço de agradecer, e pelas vezes que me esqueço de que Ele jamais nos abandona ou se esquece de nós. 


(...)

Mas há algo que está azedando...
E dá para sentir que é o modo como o país vem sendo governado...
Ao nos darmos conta do tremendo retrocesso a que estamos submetidos nos sentimos angustiados. Muito angustiados...
É que por aqui a intolerância está prevalecendo, e quando não somos surpreendidos com vexames internacionais (protagonizados pelo dirigente da nação e sua equipe), políticas de exclusão e retiradas de direitos para favorecer a exploração brutal dos assalariados, nos atacam com ideias anticientíficas que mais se adequariam aos tempos medievais.


(...)
Muito já se escreveu sobre isso.
O lamentável panorama atual tem raízes nos movimentos de 2013, que se iniciaram com a legítima insatisfação contra aumentos de tarifas no transporte público em várias localidades... No processo, grupos de extrema direita e oportunistas ligados a certos segmentos políticos aproveitaram para tomar a dianteira, confundir e radicalizar contra o governo de então...
O movimento inicial foi tomado de assalto.
As redes sociais digitais agilizaram as manifestações e foram utilizadas também para difundir fakes que inflamaram os desejos de mudança e o ódio aos militantes tradicionais. Isso era uma novidade e conhecidos tipos da política nacional, envolvidos em falcatruas e corrupção, pousaram de patriotas ilibados e buscaram aparecer junto de líderes que emergiam de associações surgidas praticamente no calor da hora.
A grande mídia, que de início colocou-se contra os manifestantes, passou a dar destaque aos eventos que se tornavam gigantescos e se apresentavam abertamente contra o governo e os poderes da República.
A atmosfera tornou-se propícia para a atuação de golpistas e fascistas de plantão. Logo ocorreram manifestações escancaradamente antidemocráticas e de pedidos de intervenção militar. Elas exigiam o fim dos governos trabalhistas e ameaçavam a Copa Fifa que se realizaria no ano seguinte... Gritavam “não vai ter copa”, todavia certamente entre eles estavam os que mais tinham condições de adquirir ingressos, e esses, logo que a competição teve início, não perderam a oportunidade de acorrer aos estádios.
(...)
Depois vieram as eleições de 2014...
Por pequena diferença de votos, Dilma Rousseff foi reeleita para o quarto mandato trabalhista... E não demorou para que as forças de oposição (além de estarem no Congresso Nacional, elas foram percebidas em muitos setores da sociedade) se articulassem e dessem encaminhamento ao processo de impeachment.
No final de 2016 o Congresso Nacional aprovou a Emenda Constitucional que congelou os gastos públicos por vinte anos...
Velasquez -velha fritando ovos
No ano seguinte foi aprovada a Reforma Trabalhista (2017) que praticamente sepultou a Consolidação dos Direitos Trabalhistas.
Desde então, e sobretudo após as últimas eleições presidenciais, também muito acirradas em seus dois turnos, assistimos ao recrudescimento dos ataques aos direitos básicos dos brasileiros. Evidentemente as piores consequências recaem sobre os mais pobres, que são os que mais constantemente recorrem aos serviços públicos (principalmente os de saúde e educação).
Outras reformas, como a da Previdência (aprovada em novembro do ano passado), foram apresentadas e defendidas como condição essencial para que a produtividade e a oferta de trabalho aumentassem. Os maiores veículos de comunicação têm se mostrado uníssonos ao tratarem dessas questões e dão pouco espaço para o contraditório, então assistimos especialistas defenderem que a diminuição dos encargos sociais alavancará o desenvolvimento econômico. Eles garantem ainda que, se ainda não vislumbramos uma condição melhor, é porque os efeitos das reformas ainda não se fizeram sentir, e porque muitas outras medidas impactantes precisam ser adotadas.
Um abraço,
Prof.Gilberto

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