Talvez seja interessante retomar https://aulasprofgilberto.blogspot.com/2021/05/a-opera-de-tres-vintens-peca-de-bertold_74.html antes
de ler esta postagem:
Nas calçadas, e desde as sacadas dos prédios, a
gente mais fina de Londres acenava para a comitiva da rainha. As saudações eram
as mais efusivas...
À frente seguiam os muitos
cavalos com os soldados imperiais devidamente paramentados. A pé, depois deles,
tipos com perucas e vestimentas de gala carregavam preciosos objetos da realeza,
a coroa era o primeiro deles... Depois vinha a carruagem real e, à sua passagem,
ainda mais crescia a animação dos súditos acomodados nas sacadas.
Mas nas ruas mais próximas a agitação ficava por conta da aproximação
dos miseráveis... A força policial não conseguia detê-los e desse modo o cortejo
acabou sendo surpreendido. Os homens de Brown não puderam evitar que a rainha
se deparasse com a mendigada maltrapilha, adoecida e malcheirosa.
(...)
A
cena é das mais chocantes... A turba se aproximou da majestade e a afrontou em
silêncio. A visão bastava por si e a rainha ficou escandalizada ao ter de encarar
a gente pobre de seu reino que permanecia de olhos bem arregalados diante dela.
Sem poder evitá-los, ela levantou o grande ramalhete de rosas que carregava à
altura dos olhos.
Isso foi por um breve
momento, mas ela deve ter sentido que o tempo havia congelado... Não fosse a
ação da guarda imperial, que acossou os manifestantes, o cortejo não teria como
avançar mais rapidamente para deixar o local.
(...)
Apesar
de duramente reprimida, a movimentação dos mendigos rebeldes deixou evidente
que eles continuariam a perambular pelas ruas...
Visivelmente perdido
no meio da agitação estava o chefe Brown com seu uniforme de gala e numa
imponente montaria. Aqui e ali aconteciam embates físicos entre policiais e
miseráveis desarmados. A gente mais fina se retirava às carreiras...
Evidentemente o chefe
de polícia sabia que teria problemas com o governo e certamente perderia o
cargo, pois todos viam que ele falhara na organização. Infelizmente para ele, ocorreu
tudo como não deveria.
(...)
Enquanto isso, Mac Navalha descansava ao lado de Polly no Banco. Ela lhe
dava toda atenção e dizia-lhe palavras carinhosas. Contou-lhe que temia pelo
pior, pois a força policial o perseguia como raivosos cães de caça. Ele quis
saber se ela havia se embelezado diariamente, como havia lhe recomendado antes
da fuga.
Polly estava encantada por, enfim, ter o marido ao seu lado e confessou
que não dava atenção ao que lhe era dito. Depois perguntou se também ele havia
sido fiel... Mas em vez de responder, o Navalha comentou que ela estava bem
bonita e que, de sua parte, estava muito satisfeito.
Na sequência, ele quis saber da
correspondência... Do mesmo modo como se deu quando se despediram, Polly
respondeu que não era momento de falarem de negócios. Pediu-lhe um beijo e quis
que jurasse que jamais... Ia dizer algo sobre tê-la traído, mas o Navalha a
interrompeu dizendo que tinham de se aprontar, pois a festa da coroação já
havia começado.
Um dos capangas,
promovido a diretor do Banco, e outro velho funcionário se aproximaram agitados,
dizendo que a barreira policial havia sido quebrada e que o desfile tinha sido
invadido. Uma multidão de mendigos ocupara as imediações de Westminster! O
Navalha ordenou que baixassem as persianas.
(...)
Na sequência vemos o chefe Brown arruinado, puxando as rédeas de seu
cavalo pelas ruas... Ao passar pela sede do Banco de Polly e Mac Navalha não
teve a menor dúvida e entrou. O abandonado cavalo bateu em retirada porque a
rua estava tomada por mendigos manifestantes que caminhavam em sua direção.
Brown
chegou à grande e escurecida sala da presidência... A um canto os antigos
capangas promovidos a diretores do Banco se esconderam assim que reconheceram o
vulto do chefe de polícia. Mas eles logo se tranquilizaram ao perceber que o
chefe Mac Navalha o cumprimentava amistosamente.
Não demorou e “Brown-o-tigre”
revelou que estava arruinado e que por causa do escândalo seria demitido. Abraçado
ao amigo de longa data, disse que seus dias como chefe de polícia tinham se
acabado...
Aos
poucos os “diretores capangas” foram saindo dos esconderijos para arrumar uma
mesa de jantar. Por sua vez, Mac Navalha sentenciava que Brown tinha tomado a
decisão correta ao se dirigir ao seu Banco, onde ele certamente se engajaria
como excelente diretor.
Polly se aproximou perguntando quanto capital ele pretendia investir...
Por um momento Brown titubeou, mas logo respondeu que tinha dez mil libras.
Exatamente o dinheiro da fiança que ele tratou de “salvar” e que passava
imediatamente à esposa do amigo Navalha.
Continua em https://aulasprofgilberto.blogspot.com/2021/05/a-opera-de-tres-vintens-peca-de-bertold_12.html
Leia: “A
ópera de três vinténs”. Editora Paz e Terra.
Indicação do filme (14 anos)
Um
abraço,
Prof.Gilberto