sábado, 1 de maio de 2021

“A Ópera de Três Vinténs” – peça de Bertold Brecht musicada por Kurt Weill – a “Canção de Salomão”; Lucy, a filha de Brown engravidada pelo Navalha, está no “aposento feminino de Old Bailey”; em visita, Polly apresenta suas desculpas e sugere que a rival relate sua concordância ao bandido a respeito do desagradável tratamento que ele dispensou às duas no dia anterior


À frente da cortina que permanecia fechada, Jenny toca o realejo e canta a “Canção de Salomão”.
(...)
“Canção de Salomão”

“Foi grande o sábio Salomão,
Mas triste o seu destino!
No fim da vida percebeu:
Maldita a hora em que nasceu
E que o mundo é cretino.
Foi grande o sábio Salomão!
E antes de findar-se o dia,
Soube-se a razão:
Nefasta é a sabedoria,
Livrar-se dela é a salvação!
         Formosa foi Cleópatra,
         Mas triste o seu destino!
         Arruinou dois imperadores,
         E no final do desatino
         Morreu de seus amores.
         Babel também foi bela em vão!
         E antes de findar-se o dia,
         Soube-se a razão:
         Beleza só problemas cria,
         Livrar-se dela é a salvação!
E César corajoso foi,
Mas triste seu destino!
Pensava que era onipotente,
Igual a um ser divino
Reinando, mas infelizmente
Foi morto por traição.
E antes de findar-se o dia,
Soube-se a razão:
Coragem traz desarmonia,
Livrar-se dela é a salvação!
         Vocês conhecem Bertold Brecht,
         Sedento de saber!
         Ele indagava, de onde vêm
         Os bens dos ricos. Podem crer,
         Isto não lhes convém!
         Perdeu a casa e o chão.
         E antes de findar-se o dia,
         Soube-se a razão:
         Curiosidade desafia,
         Livrar-se dela é a salvação!
E veja o Navalha aqui,
Já prestes a morrer!
A vida estando por um fio,
Acaba-se o prazer.
Bandido foi, e foi vadio
De louco coração!
E antes de findar-se o dia,
Soube-se a razão:
Tesão demais má sorte cria,
Livrar-se dele é a salvação!”

(...)
Quando as cortinas se abrem, o cenário exposto é o do “aposento feminino em Old Bailey”, onde Lucy estava instalada.
(...)
O policial Smith chegou ao local e anunciou à “distinta senhorita” que a senhora Polly Macheath queria falar-lhe. Lucy autorizou a entrada da outra, que a cumprimentou com um “bom dia, distinta senhora!”
Polly não tinha certeza se Lucy a reconheceria e por isso quis certificar-se antes de falar... Depois de dirimir sua dúvida, disse que queria desculpar-se pelo modo como havia se comportado no dia anterior. Salientou que sabia que não havia desculpa para sua atitude e que, em vez disso, restava-lhe apenas a própria desgraça.
Lucy concordou... Polly insistiu que queria ser desculpada por ela e lamentou o comportamento do “senhor Macheath”, que as colocou em situação lamentável. Perguntou se a outra concordava com sua opinião e sugeriu que ela falasse a respeito com o Navalha assim que o visse novamente.
(...)
O diálogo tem uma continuação que conheceremos na próxima postagem...
Uma nota do livro sugere que a intérprete de Polly abuse de seu talento de comediante especialmente na encenação com Lucy.
Leia: “A ópera de três vinténs”. Editora Paz e Terra.
Indicação do filme (14 anos)
Um abraço,
Prof.Gilberto

Páginas