sexta-feira, 21 de maio de 2021

“O Estrangeiro”, de Albert Camus – Sintès espancou a amante conforme havia planejado; concentração de curiosos e a polícia foi chamada ao local; cigarro na boca, ares de deboche e bofetada; breve almoço de Meursault e Maria; Sintès visita o rapaz para uma troca de ideias a respeito do episódio e para engajá-lo no caso como sua testemunha

Talvez seja interessante retomar https://aulasprofgilberto.blogspot.com/2021/05/o-estrangeiro-de-albert-camus-fim-do_20.html antes de ler esta postagem:

Meursault e Maria preparavam o almoço de domingo... Apesar do estranho gênio do rapaz, o fim de semana do casal estava sendo dos mais aproveitáveis. Beijavam-se na cozinha, quando teve início a terrível discussão nos aposentos do Sintès.
O prédio inteiro pôde ouvir os gritos estridentes da mulher e na sequência os protestos do Raimundo que vociferava que ela o havia enganado e que a ensinaria por isso. Na sequência ouviu-se “uns ruídos surdos” que levaram a mulher a berrar feito louca, “de modo horrível”... Em pouco “o átrio se encheu de gente” curiosa. Todos sabiam que o Sintès lhe batia sem parar e tudo o que a outra podia fazer era gritar tresloucadamente.
Maria se assustou e disse que o episódio era terrível... Pediu ao Meursault que chamasse a polícia. Ele respondeu “que não gostava dos policiais”. Então aconteceu que um encanador que morava no segundo andar decidiu procurar um tira e o levou à porta do agressor.
(...)
A gritaria foi interrompida assim que o policial bateu à porta do quarto de Raimundo. Então ele esmurrou a porta com mais força e logo a mulher começou a chorar.
Sintès abriu o quarto... Via-se que “tinha um cigarro na boca” e fazia o tipo de quem não sabe do motivo da inesperada visita. Desesperada, a mulher avançou para a porta falando ao policial que o homem lhe batera violentamente.
O tira foi logo perguntando o nome ao agressor. Este respondeu prontamente, mas foi advertido com severidade pelo policial que exigiu que ele tirasse o cigarro da boca enquanto estivesse respondendo suas perguntas. Sintès pareceu desajeitado e movimentou os olhos até fitar Meursault, então decidiu manter o cigarro na boca.
Aconteceu que o policial se irritou e deu-lhe uma violenta bofetada que fez o cigarro “cair alguns metros mais adiante”. O agressor mudou a expressão, porém ficou calado “até que perguntou com voz humilde se podia apanhar o cigarro”. O policial autorizou, mas lembrou-lhe “que um polícia não é nenhum fantoche”.
A amante agredida continuou chorando e insistindo que o Raimundo lhe havia batido e que não passava de um malandro... Neste momento, Sintès perguntou ao tira se “chamar um homem de malandro” era da lei... O policial exigiu que se calasse.
Sintès dirigiu-se à mulher dizendo que ela não perdia pela demora, pois estava descansada. Então o que se colocava como autoridade exigiu mais uma vez que se calasse, e à vítima explicou que ela devia ir embora e que aguardasse a “convocação do comissariado”.
Voltando-se mais uma vez ao Sintès, o tira vociferou que ele devia se envergonhar por estar bêbado, pois via-se que não conseguia parar de tremer... O tipo explicou que não estava bêbado, mas tremia por estar diante “do autoridade”.
Assim que a porta se fechou, todos se retiraram... Maria e Meursault acabaram de preparar o almoço.
(...)
A moça não estava com fome e Mersault comeu praticamente sozinho... À uma da tarde Maria foi embora e o rapaz decidiu tirar uma soneca.
Por volta das três, o Raimundo o visitou. Meursault abriu a porta para que entrasse e decidiu deitar-se enquanto conversavam... O outro “sentou-se na borda da cama” e demorou-se um pouco em silêncio.
Meursault adiantou-se a perguntar a respeito do caso, como tudo havia se passado... Sintès disse que fez conforme havia planejado, mas a mulher o esbofeteou assim que tomou as cusparadas e o ouviu a expulsando. Sua reação o levou a agredi-la com maior ferocidade... O resto da história o vizinho já conhecia.
Meursault respondeu que pelo visto a outra havia sido bem castigada e, assim, o colega “já podia estar contente”. Sintès não discordou e deu a entender que ficara bem chateado com a bofetada que o policial lhe dera. Aquilo não seria apagado “por mais que a polícia fizesse”. Emendou que conhecia os policiais e que sabia como lidar com eles. Por fim quis saber do vizinho se ele achava que a bofetada seria revidada...
O rapaz respondeu que não achava ou julgava nada a respeito de qualquer reação de sua parte e que, além disso, “não gostava dos polícias”. Pelo visto, Sintés gostou da resposta e perguntou se o amigo gostaria de sair com ele. No mesmo instante Meursault se levantou e pôs-se a pentear... Enquanto isso, o outro adiantou que precisava que ele se apresentasse como sua testemunha.
Mais uma vez, Meursault não fez qualquer juízo a respeito, disse algo como “tanto faz”, só não sabia o que teria de dizer quando inquirido sobre o caso... Raimundo respondeu que bastava dizer que a mulher o havia enganado.
Meursault confirmou que aceitava ser testemunha.
Leia: “O Estrangeiro”. Editora Abril.
Um abraço,
Prof.Gilberto

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