Talvez seja interessante retomar https://aulasprofgilberto.blogspot.com/2021/05/a-opera-de-tres-vintens-peca-de-bertold_12.html antes
de ler esta postagem:
Obviamente
os recrutados para o Exército estavam a serviço da ampliação do império
britânico, e nas várias campanhas que se engajavam enfrentavam as mais diversas
dificuldades em terras da África e da Ásia... Tornavam-se camaradas e
compartilhavam bons e maus momentos independentemente de serem ou não
reconhecidos pelo rei, governo ou comandantes das forças armadas.
Enquanto soldados,
incorporavam a ideia de que os povos conquistados eram “inferiores” e que
deviam ser submetidos aos interesses britânicos... É sugestivo o trecho que
diz: “se chover uma noite e eles (os soldados britânicos) avistarem uma raça
desconhecida – seja branca ou negra – eles podem picá-los para fazer sua carne
moída”.
Nos tempos em que foram soldados, Navalha e Brown presenciaram a queda
de companheiros sem que se abalasse a convicção de que tinham de levar a vida
“sob o estrondo dos canhões”...
“O
sangue ainda é vermelho”... Soldados tombavam e o Exército não parava de
recrutar outros para que a expansão imperialista tivesse prosseguimento.
Tipos como eles se
formaram naquelas fileiras... Assim, ambos se tornaram resultado da política
exterior de seu país.
Como o próprio
Navalha afirmou, seguiram caminhos diferentes, um acabou chefe da polícia e o
outro seguiu uma existência criminosa, mas jamais se esqueceram do que
vivenciaram e permaneceram fiéis um ao outro...
(...)
A
cantoria foi das mais animadas... Polly e os “diretores capangas” também participaram
cantando, fumando e bebendo alegremente...
Mas calaram-se de
repente ao verem que o velho Peachum tinha acabado de passar pela porta grande
sala. Silenciosamente, ele assistia à animação do grupo em festa.
A respeito do pai de
Polly, podemos dizer que ele também havia perdido muito de sua condição...
Vivia da exploração dos mendigos, no entanto os miseráveis mantiveram a
manifestação contra a sua vontade. No momento percorriam as ruas de Londres
enquanto ele buscava uma conciliação com o genro.
(...)
Suas primeiras palavras foram “O homem mais pobre de Londres e o
abastado Navalha”... Acaso não deviam se alistar no Exército?
O Navalha respondeu que “o homem mais pobre de Londres” estava falido e
não passava de mais um “pobre coitado”...
Peachum não discordou... Em vez disso, afirmou
que naquele dia havia testemunhado “o poder que os pobres têm”. Depois se
dirigiu à Polly e a abraçou dizendo que podiam aliar sua experiência ao
dinheiro de seu marido. Assim poderiam “fazer mais negócios” do que imaginavam.
O velho dizia essas
coisas enquanto entregava papéis referentes às arrecadações obtidas graças à
exploração dos miseráveis... O banqueiro Navalha pegou parte dos papéis (Brown,
que também recebeu alguns, admirava-se com o que via) e perguntou por que os
pobres precisavam da gente abastada, dos banqueiros, se eram tão poderosos como
o outro dizia.
O pai de Polly explicou que eles não sabiam que “a gente abastada”
precisava deles...
(...)
Ao
fundo ouvimos o “narrador” a cantar:
*Neste
primeiro trecho, Mac Navalha, Polly, o velho Peachum e Brown-o-tigre festejam
as cifras contidas nos papéis.
“Reúnam-se
para o final feliz.
Quando o dinheiro
necessário
está acessível
geralmente tudo
dá certo.
Embora um homem
lute com o seu rival
para pescar nas
profundezas
lamacentas,
no final
eles sempre jantam
juntos
e consomem
o pão do pobre".
*Neste trecho final acompanhamos a multidão de miseráveis caminhando silenciosamente pelas desoladas
ruas de Londres... Logo eles desaparecem na escuridão.
"Alguns
homens
vivem
na escuridão
enquanto
outros
vivem
à luz.
Nós
enxergamos
aqueles
à luz
enquanto
os outros
somem
de vista.”
Fim.
Leia: “A
ópera de três vinténs”. Editora Paz e Terra.
Indicação do filme (14 anos)
Um abraço,
Prof.Gilberto