sábado, 8 de maio de 2021

“A Ópera de Três Vinténs” – peça de Bertold Brecht musicada por Kurt Weill – após o discurso de Peachum, os personagens passam diante do condenado; Polly usa um belo vestido, está em prantos; Matthias e Jakob justificam o fracasso em sua última missão, os demais mandavam lembranças, cordiais; Célia Peachum lembrou que haviam se divertido no Hotel do Polvo; também o chefe Brown tinha algo a dizer, mas não diretamente ao Navalha; Jenny anunciou que o povo deixava o desfile para comparecer à execução; seis horas, momento da execução; discurso do Navalha, um desabafo a respeito da atuação criminosa dos ricos poderosos e sua similaridade com os seus delitos


Peachum parecia ter realizado o seu desejo de pronunciar-se triunfantemente diante do Navalha condenado... Uma a uma, as palavras que parecia ter ensaiado para a ocasião foram proclamadas.
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Polly passou diante da cela. A moça estava em prantos enquanto se posicionava à direita.... Ela nada disse enquanto o acanhado Mac Navalha elogiava seu vestido: “Muito bonito”!
Também Matthias e Jakob passaram... O primeiro capanga explicou que não tinham conseguido passar pela grande multidão que se concentrava nas ruas... Obviamente isso significava que não lograram êxito na busca das quatrocentas libras. Disse que correram o mais que puderam e ele ficou com medo de que Jakob sofresse um ataque no coração. Será que o chefe acreditava?
O Navalha não fez qualquer comentário a respeito do fracasso dos dois. Perguntou a respeito dos demais de seu bando querendo saber se haviam conseguido “bons lugares” para que pudessem assistir à execução. Matthias respondeu que na verdade os demais capangas resolveram se infiltrar no meio dos que assistiriam aos desfiles da coroação, que logicamente é uma festividade que não ocorre rotineiramente. Estavam confiantes nos resultados de seus furtos... Mandavam lembranças ao chefe.
Jakob completou “lembranças cordiais”...
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A senhora Célia Peachum se aproximou da cela para dizer umas palavras ao condenado. Perguntou-lhe quem podia imaginar aquele desfecho... Há uma semana estavam, ela e Polly com ele no Hotel do Polvo... Mac Navalha confirmou que se divertiram, dançaram. Ela observou que “os caminhos dessa vida são cruéis” e se calou.
Mais atrás estava o chefe Brown com o reverendo. O policial falava ao religioso a respeito de passagens de sua vida militar ao lado do condenado. Como não se lembrar da “batalha mais violenta de Azerbeidjã”, que lutaram juntos “ombro a ombro”?
Jenny chamou a atenção de todos ao dizer em alta voz que “o pessoal lá de Drury Lane está completamente em pânico”, pois as pessoas deixavam as festividades da coroação para comparecerem à execução do Navalha. Este mostrou-se surpreso... Então queriam vê-lo?
O policial Smith, certo de ter cumprido suas obrigações, interrompeu a falação e anunciou que já era momento. Seis horas! E ordenou que tirassem o condenado da cela.
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Mac Navalha concordou e manifestou aos presentes que não deviam “deixar as pessoas esperando”. Na sequência fez um discurso em que (o autor) denuncia (mais uma vez) a sociedade burguesa e o modo como os poderosos articulam operações que em nada devem aos delitos praticados por criminosos como ele (o personagem Mac Navalha) e seu Bando.

                   “Minhas senhoras, meus senhores, estão vendo extinguir-se o representante de uma classe em extinção. Nós, pequenos artesãos burgueses, que trabalhamos com o bom e velho pé-de-cabra as modestas caixas dos pequenos comerciantes, estamos sendo engolidos pelos grandes empresários, atrás dos quais estão os bancos. O que é uma gazua comparada a uma ação ao portador? O que é um assalto a banco comparado à fundação de um banco? O que é o assassinato de um homem comparado com a contratação de um homem? Concidadãos, aqui me despeço de vocês. Agradeço por terem vindo. Alguns de vocês me eram muito caros. Que Jenny me tenha denunciado, muito me surpreende. É uma prova inequívoca de que o mundo continua o mesmo. A coincidência de algumas circunstâncias infelizes provocou minha queda. Pois bem – eu caio.”

(...)
Na sequência o condenado pedirá desculpa a todos em uma balada...
Isso praticamente selará o final do “segundo ato”.
Mas fica para a próxima postagem.
Leia: “A ópera de três vinténs”. Editora Paz e Terra.
Indicação do filme (14 anos)
Um abraço,
Prof.Gilberto

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