Talvez seja interessante retomar https://aulasprofgilberto.blogspot.com/2021/05/a-opera-de-tres-vintens-peca-de-bertold_6.html antes
de ler esta postagem:
Peachum parecia ter realizado o seu desejo de
pronunciar-se triunfantemente diante do Navalha condenado... Uma a uma, as
palavras que parecia ter ensaiado para a ocasião foram proclamadas.
(...)
Polly passou diante
da cela. A moça estava em prantos enquanto se posicionava à direita.... Ela
nada disse enquanto o acanhado Mac Navalha elogiava seu vestido: “Muito bonito”!
Também Matthias e Jakob passaram... O primeiro capanga explicou que não
tinham conseguido passar pela grande multidão que se concentrava nas ruas... Obviamente
isso significava que não lograram êxito na busca das quatrocentas libras. Disse
que correram o mais que puderam e ele ficou com medo de que Jakob sofresse um
ataque no coração. Será que o chefe acreditava?
O
Navalha não fez qualquer comentário a respeito do fracasso dos dois. Perguntou
a respeito dos demais de seu bando querendo saber se haviam conseguido “bons
lugares” para que pudessem assistir à execução. Matthias respondeu que na
verdade os demais capangas resolveram se infiltrar no meio dos que assistiriam
aos desfiles da coroação, que logicamente é uma festividade que não ocorre
rotineiramente. Estavam confiantes nos resultados de seus furtos... Mandavam
lembranças ao chefe.
Jakob completou “lembranças
cordiais”...
(...)
A
senhora Célia Peachum se aproximou da cela para dizer umas palavras ao
condenado. Perguntou-lhe quem podia imaginar aquele desfecho... Há uma semana
estavam, ela e Polly com ele no Hotel do Polvo... Mac Navalha confirmou que se
divertiram, dançaram. Ela observou que “os caminhos dessa vida são cruéis” e se
calou.
Mais atrás estava o
chefe Brown com o reverendo. O policial falava ao religioso a respeito de
passagens de sua vida militar ao lado do condenado. Como não se lembrar da “batalha
mais violenta de Azerbeidjã”, que lutaram juntos “ombro a ombro”?
Jenny chamou a
atenção de todos ao dizer em alta voz que “o pessoal lá de Drury Lane está
completamente em pânico”, pois as pessoas deixavam as festividades da coroação
para comparecerem à execução do Navalha. Este mostrou-se surpreso... Então
queriam vê-lo?
O policial Smith, certo de ter cumprido suas obrigações, interrompeu a
falação e anunciou que já era momento. Seis horas! E ordenou que tirassem o
condenado da cela.
(...)
Mac Navalha concordou e manifestou aos presentes que não deviam “deixar
as pessoas esperando”. Na sequência fez um discurso em que (o autor) denuncia (mais
uma vez) a sociedade burguesa e o modo como os poderosos articulam operações
que em nada devem aos delitos praticados por criminosos como ele (o personagem
Mac Navalha) e seu Bando.
“Minhas
senhoras, meus senhores, estão vendo extinguir-se o representante de uma classe
em extinção. Nós, pequenos artesãos burgueses, que trabalhamos com o bom e
velho pé-de-cabra as modestas caixas dos pequenos comerciantes, estamos sendo
engolidos pelos grandes empresários, atrás dos quais estão os bancos. O que é
uma gazua comparada a uma ação ao portador? O que é um assalto a banco
comparado à fundação de um banco? O que é o assassinato de um homem comparado
com a contratação de um homem? Concidadãos, aqui me despeço de vocês. Agradeço
por terem vindo. Alguns de vocês me eram muito caros. Que Jenny me tenha
denunciado, muito me surpreende. É uma prova inequívoca de que o mundo continua
o mesmo. A coincidência de algumas circunstâncias infelizes provocou minha
queda. Pois bem – eu caio.”
(...)
Na sequência o
condenado pedirá desculpa a todos em uma balada...
Isso praticamente selará o final do “segundo ato”.
Mas
fica para a próxima postagem.
Continua em https://aulasprofgilberto.blogspot.com/2021/05/a-opera-de-tres-vintens-peca-de-bertold_62.html
Leia: “A
ópera de três vinténs”. Editora Paz e Terra.
Indicação do filme (14 anos)
Um
abraço,
Prof.Gilberto