terça-feira, 2 de março de 2021

“A Ópera de Três Vinténs” – peça de Bertold Brecht musicada por Kurt Weill – a “Canção dos Canhões”; antiga amizade forjada nos quartéis de Sua Majestade; lutando e morrendo pelo império; dois rumos antagônicos e uma amizade solidificada; um rico tapete no meio da estrebaria invadida


Mac Navalha animou-se com a presença do chefe de polícia de Londres em seu casamento... Os dois eram amigos de longa data, combateram juntos nas tropas do império britânico e evidentemente trilharam caminhos diversos.
A celebração de seu casamento merecia que cantassem uma antiga canção... Assim chamou o tira para acompanhá-lo na “canção dos Canhões”...

“Canção dos Canhões”

                   “John estava lá e Jim também,
                   E Georgie tornou-se sargento;
                   Não importa, na guerra, quem é quem,
                   Ao partir pro ofício sangrento.
                   Viva a brigada
                   Na canhonada
                   Do Cabo ao Industão:
                   Na chuva ou granizo,
                   Diante do paraíso,
                   Achando muita graça
                   Em cada nova raça,
                   Faziam dela picadinho com feijão.
                            Johnny achava o whisky muito quente
                            Jimmy se queixava do frio,
                            Mas Georgie puxou-os de lado: Gente,
                            A guerra é um desafio!
                            Viva a brigada
                            Na canhonada
                            Do Cabo ao Industão:
                            Na chuva ou granizo,
                            Diante do paraíso,
                            Achando muita graça
                            Em cada nova raça,
                            Faziam dela picadinho com feijão.
                   John já morreu e Jim está morto,
                   De Georgie, nem sombra no mundo,
                   Mas o sangue é rubro, o mundo, torto,
                   E a guerra é um poço sem fundo.
                   Viva a brigada
                   Na canhonada
                   Do Cabo ao Industão:
                   Na chuva ou granizo,
                   Diante do paraíso,
                   Achando muita graça
                   Em cada nova raça,
                   Faziam dela picadinho com feijão”.

(...)
O número é cantado alegremente e, mesmo sentados, Brown e o Navalha batem os pés sob a mesa como se estivessem marchando.
Mac Navalha fez questão de acrescentar que a vida os havia separado... Foram grandes amigos na juventude e seus “interesses profissionais” tornaram-se distintos... Para alguns, antagônicos... Mas a amizade sobreviveu!
Em tom professoral, o Navalha citou Cástor e Pólux, Heitor e Andrômaca... A respeito de si, disse que era como os ratos das ruas, mas conseguira fazer “uma pequena pescaria” e se esquecera de partilhá-la com o amigo Brown... Acrescentou que o tira realizara uma blitz sem lhe dar qualquer dica... A chamada “lei da reciprocidade”...
O bandido fez o seu discurso sem se esquecer de chamar a atenção dos comparsas que faziam besteiras... Como Jakob que mantinha uma faca entre os dentes... Por fim deu o braço ao Brown, agradeceu novamente a sua presença e depois sentenciou: Isso que é “verdadeira amizade”!
O chefe de polícia concentrou sua atenção num tapete... Persa legítimo! Exclamou que só o podiam ter subtraído da Companhia de Tapetes Orientais! O amigo confirmou que havia sido de lá que o retiraram... Disse ainda que esperava que a visita não lhe trouxesse qualquer problema...
Leia: “A ópera de três vinténs”. Editora Paz e Terra.
Indicação do filme (14 anos)
Um abraço,
Prof.Gilberto

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