segunda-feira, 19 de abril de 2021

“A Ópera de Três Vinténs” – peça de Bertold Brecht musicada por Kurt Weill – de volta ao texto da peça - “Segundo Final de Três Vinténs”; “Pois de que vive o Homem?” e abertura do terceiro ato; rouparia de Peachum e a organização do gigantesco protesto; a dona Célia incentivava os mendigos quando Filch anunciou a chegada de “uma dúzia de galinhas pernoitadas”


Macheath e Jenny-Espelunca se posicionam diante da cortina e cantam “Pois de que vive o Homem?”, e desse modo abrem o “Segundo Final de Três Vinténs”.
Como anunciado em https://aulasprofgilberto.blogspot.com/2020/12/a-opera-de-tres-vintens-peca-de-bertold.html, chegamos ao momento da apresentação do poema no texto da peça... Na abertura do filme o ouvimos como um “canto dos socialmente excluídos”.
(...)

“Pois de que vive o Homem?”

"Mac – Como viver sem crime e sem briga,
Nos daí, senhores, nobre ensinamento;
Porém, enchei-nos, antes, a barriga,
Depois falai, é este o seguimento.
Prezai a vossa pança e a nossa lida,
Porém, sabei a regra universal!
Torcei, virai, mas eis a lei da vida:
Primeiro, o pão, mais tarde, a moral.
Que a gente pobre aprenda a simples arte
De abocanhar do bolo a sua parte.
         Uma voz atrás do palco – Pois de que vive o homem?
Mac – Pois de que vive o homem? Tão-somente
De maltratar, morder, matar, como um animal insano,
E tendo esquecido inteiramente
De que ele próprio é um ser humano.
         Coro – Não vos deixeis, senhores, iludir:
         O homem vive só de destruir!

Jenny – A que a moral uma mulher obriga,
Nos daí, senhores, nobre ensinamento.
Porém, enchei-nos, antes, a barriga,
Depois falai, é este o seguimento.
A nós, pudor, a vós luxúria atrevida.
Porém, sabei a regra universal,
Torcei, virai, mas eis a lei da vida:
Primeiro, o pão, mais tarde a moral.
Que a gente pobre aprenda a simples arte
De abocanhar do bolo a sua parte.
         Voz atrás do palco – Pois de que vive o homem?
Jenny – Pois de que vive o homem? Tão-somente
De maltratar, morder, matar, como um animal insano,
E tendo esquecido inteiramente
De que ele próprio é um ser humano.
         Coro – Não vos deixeis, senhores, iludir:
         O homem vive só de destruir!"

(...)
Na abertura do terceiro ato vemos a movimentação na “rouparia para mendigos” de Peachum... É bem aquilo que aparece no filme. Eles estão ocupados com cartazes. Num deles se lê “Dei meu olho ao rei”.
(...)
O “rei dos mendigos” se dirigiu ao seu pessoal dizendo que “em nossas onze filiais, de Drury Lane até Turnbridge, 1432 cavalheiros estão trabalhando como vocês em cartazes semelhantes para participar da coroação de nossa rainha”.
Célia Peachum exigia maior empenho dos mendigos e ao mesmo tempo os animava ao insistir que “quem não quer trabalhar, não pode mendigar”... Um dos tipos mal conseguia desenhar as letras, então ela chamou-lhe a atenção dizendo que, daquele jeito não podia pleitear ser “um pedinte cego”. A outro exigiu que não escrevesse com “letra de velho”, pois o cartaz tinha de dar a impressão de ter sido feito por criança.
(...)
De repente todos voltaram sua atenção para o som de tambores... Um dos mendigos anunciou que naquele instante a guarda da coroação se colocava em formação... Certamente não tinham a menor ideia de que, “no dia mais belo de suas vidas militares”, teriam trabalho com a manifestação de maltrapilhos.
Filch dirigiu-se à Senhora Peachum anunciando que doze prostitutas acabavam de chegar à rouparia... Ele se refere a elas como “uma dúzia de galinhas pernoitadas” que garantiam que havia dinheiro para elas no local.
As mulheres avançaram até a posição da Dona Célia... Jenny estava à frente.
Leia: “A ópera de três vinténs”. Editora Paz e Terra.
Indicação do filme (14 anos)
Um abraço,
Prof.Gilberto

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