Talvez seja interessante retomar https://aulasprofgilberto.blogspot.com/2021/04/a-opera-de-tres-vintens-peca-de-bertold_16.html antes
de ler esta postagem:
Brown
perdeu a tranquilidade ao ouvir as palavras ameaçadoras de Peachum... O que o
velho pretendia dizer com “tirar da cabeça as coisas horríveis que virão”?
Peachum disse ainda que a reação do chefe de polícia estava perfeita e
que em seu lugar iria tomar um chá, descansar numa boa cama e aceitaria de bom
grado uma mão amiga para o amparo consolador.
Mas que culpa ele tinha?
Brown vociferou que ele e a polícia não podiam fazer nada... O bandido
simplesmente fugiu! Peachum acabara de ouvir um disparate... Como é que a
polícia não podia fazer nada? O outro estava querendo dizer que Macheath não
retornaria à prisão?
O chefe de polícia simplesmente deu de ombros... O pai
de Polly o ameaçou dizendo que, já que o tira se esquivava da responsabilidade
de recapturar o criminoso, seria “vítima de uma terrível injustiça”. Todos se
revoltariam e protestariam com a polícia, que não devia deixar o bandido
escapar... Ainda mais quando todos aguardavam o “brilhante cortejo da coroação”.
Essas últimas palavras fizeram Brown arregalar os olhos... E mais uma
vez perguntou o que ele queria dizer.
(...)
Peachum fez uma narrativa lendária a
respeito de uma “manifestação que ocorreu no antigo Egito”. De modo indireto o
ameaçou e adiantou o que o outro devia esperar:
“Permita-me lembrar-lhe
um incidente histórico que, embora na sua época, isto é, no ano 1400 antes de
Cristo, tenha causado grande sensação, hoje em dia o grande público desconhece.
Quando o faraó egípcio Ramsés II morreu, o chefe de polícia de Nínive, quer
dizer, do Cairo, cometeu umas pequenas arbitrariedades contra as camadas mais
baixas da população. Já naquela época, as consequências foram terríveis. De
acordo com os manuais de história, o cortejo da coroação da sucessora do trono,
Semíramis, acabou se transformando numa ‘sequência de catástrofes por causa da
participação um tanto animada das camadas mais baixas da população’. Os
historiadores falam com horror da maneira terrível como Semíramis tratou seu
chefe de polícia. Eu não me lembro dos detalhes, mas mencionaram-se as cobras
que ela o fez amamentar.”
(...)
É claro que o vacilante
Brown só poderia ter ficado chocado com a história... Para mais assustá-lo,
Peachum despediu-se com um “O Senhor esteja convosco”.
Ao ficar só, o chefe de
polícia meditou a respeito de sua condição e concluiu que “apenas um golpe de
força” poderia ajudá-lo a sair da delicada situação. Desesperado gritou pelos
sargentos, convocando-os para uma reunião extraordinária... Alarme!
(...)
A
cortina se fecha neste momento... À frente dela se posicionam o Mac Navalha e a
Jenny-Espelunca para mais uma canção.
Vale destacar aqui que o diálogo entre Peachum e Brown e a narrativa
sobre as manifestações por ocasião da coroação de Semíramis que foram destacados
anteriormente não ocorrem no filme.
Podemos dizer também que
essa última cena pode perfeitamente encerrar a “Ópera de Três Vinténs”, já que o
texto da peça abre o “Segundo Final de Três Vinténs” exatamente com a canção “Pois
de que vive o Homem?”, interpretada pelo Navalha e Jenny.
No momento interessa-nos voltar ao filme para
verificarmos o desenrolar dos acontecimentos desde a organização dos mendigos
de Peachum para as agitações da “grande marcha de maltrapilhos” durante as
comemorações de coroação da rainha...
(...)
Vemos que a organização dos mendigos era impecável... Disciplinados, obedeciam
a todas as orientações sem pestanejar. Filch era dos mais animados e cumpria
com rigor suas funções. Peachum prosseguia orientando: “Os mais feios devem
marchar do lado de fora!”... Assim seriam mais facilmente vistos pela
população.
O objetivo era provocar grande indignação sobretudo aos mais ricos... Eventualmente
podemos ler o enunciado de algumas faixas e cartazes... Um dos mendigos carrega
um em que se lê “vítima do despotismo militar”.
Um dos homens aparece anunciando que, com o
amanhecer, a guarda real iniciava a apresentação de armas. Peachum alertou que certamente
a marcha dos mendigos seria atacada, e quis saber se eles carregavam
estilingues... O tipo que acabara de chegar questionou sobre a possibilidade
serem atacados por tiros da guarda, então o “rei dos mendigos” decidiu fazer um
pronunciamento aos companheiros.
Continua em https://aulasprofgilberto.blogspot.com/2021/04/a-opera-de-tres-vintens-peca-de-bertold_33.html
Leia: “A
ópera de três vinténs”. Editora Paz e Terra.
Indicação do filme (14 anos)
Um
abraço,
Prof.Gilberto