terça-feira, 13 de abril de 2021

“A Ópera de Três Vinténs” – peça de Bertold Brecht musicada por Kurt Weill – retomando o texto da peça – um desabafo da iludida Lucy ao amado; mesmo encarcerado, o Navalha não perde a pose de galanteador embusteiro; a entrada de Polly, manifestação de sua fidelidade e confronto com a inconformada Lucy; introduzindo a “Balada do Ciúme”


Casado! Com a exclamação, Navalha pretendia mentir de maneira convincente... “Mas é claro que não”! Ele garantiu que apenas frequentava a casa dos Peachum. Evidentemente dirigia a palavra à Polly e até dava-lhe “uma espécie de beijinho”. Não podia crer que a cretina andasse espalhando por aí que havia se casado com ele.
Depois de negar que tivesse casado com Polly, o bandido chamou Lucy de querida e disse que estava disposto a fazer de tudo para que ela ficasse tranquila... Sua tranquilidade dependia de casar-se com ele? Achava mesmo isso? Então, tudo bem. Enquanto cavalheiro, o que poderia dizer-lhe?
Lucy respondeu que gostaria “apenas de ser uma mulher decente”... O Navalha ouviu essas tristes palavras e repetiu o que havia dito antes, quer dizer, se ela achava que só conseguiria a tranquilidade e a decência casando-se com ele, então, tudo bem. Enquanto cavalheiro, o que poderia dizer-lhe? Mais nada.
(...)
Aconteceu que, quando terminava a sua conversa fiada com Lucy, Polly chegou à cela. E chegou perguntando onde o marido estava. Mac Navalha virou o rosto no mesmo momento, mas Polly disse-lhe que não precisava se sentir envergonhado diante dela, pois era sua esposa.
Lucy ouviu as palavras da outra e novamente se referiu ao trambiqueiro por “patife ordinário”... Polly continuou a falar lamentando que ele não tivesse fugido pelo pântano de Highgate... Dissera-lhe que não voltaria a falar com as mulheres de Turnbridge! Ela tinha certeza de que elas aprontariam. Estava chateada porque havia acreditado nele, mas ainda assim continuaria ao seu lado “até a morte”. Será que ele não podia pensar um pouco sobre o quanto sua jovem esposa estava sofrendo?
Lucy não suportou a cena e chamou a outra de vagabunda. Polly perguntou ao Navalha quem era aquela... Ao menos devia dizer à intrometida que ela era a sua esposa. Mas como o tipo permanecia calado, Polly pediu que a olhasse de frente e respondesse se não era mesmo sua esposa.
Lucy voltou a atacá-lo. Um tipo traidor, e com duas mulheres! Não passava de um desgraçado.
(...)
Polly voltou a insistir que ele a assumisse como esposa diante da estranha... Afinal celebraram o casamento e ela seguiu pura ao altar. Passou-lhe a chefia do bando! Ela fez tudo conforme ele lhe havia solicitado!
Mac Navalha pediu que as duas parassem de falar e assim poderia esclarecer tudo. Mas Lucy estava irredutível e disse que “não calaria o bico”, pois não aguentava mais a presença da outra. O sangue em suas veias não lhe permitia aguentar o que estava ouvindo.
Polly quis dar um basta à discussão. Se dirigiu à Lucy e cravou que evidentemente a esposa... Ia dizer que “é evidente que a esposa sou eu”, mas não terminou a frase mesmo com a insistência de Lucy para que ela finalizasse o que tinha a dizer...
Então Polly concluiu com um “a esposa, naturalmente, tem uma certa precedência (...) pelo menos em público”... Mas entendia que qualquer um podia ficar maluco com tanta confusão.
Confusão! Mas essa era muito boa! Foi a exclamação de Lucy... Voltou-se ao Navalha e quis saber se o que ele havia conquistado era aquela “tiquinha” (referindo-se à Polly e ridicularizando-a). Aquela era a sua “grande conquista? A beldade do Soho?
(...)
Como se vê, Lucy irritou-se ao perceber que Polly realmente havia se casado com Mac, então, em sua opinião, restava-lhe atacá-la com grosserias.
Na sequência conheceremos o “Dueto do Ciúme”, uma canção em que Polly ouve ofensas e menosprezos de Lucy. Mas ela também não deixa por menos e a responde com os mesmos ataques e desacatos...
Veremos que cada uma conta vantagem sobre a outra e pretende fazer crer que é a dona do coração de Mac Navalha...
Mas é bom que se saiba que o “Dueto do Ciúme” fica para a próxima postagem.
Leia: “A ópera de três vinténs”. Editora Paz e Terra.
Indicação do filme (14 anos)
Um abraço,
Prof.Gilberto

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