sábado, 10 de abril de 2021

“A Ópera de Três Vinténs” – peça de Bertold Brecht musicada por Kurt Weill – retomando o filme – na prisão; o policial Smith faz a vez de agente penitenciário; Brown está perturbado, pois sabe que o velho amigo está preso por sua causa; Mac Navalha sabe que pode se aproveitar da corrupção no presídio; no escritório de Peachum os mendigos se organizam para as marchas de miseráveis durante as festividades de coroação da rainha


Na cena seguinte vemos as celas da prisão...
O policial Smith estava fazendo as vezes de agente penitenciário, cuidando do local. Ele recepcionou o chefe Brown, que desceu os degraus que davam acesso ao local visivelmente preocupado.
(...)
Smith apontou para uma direção indicando a cela que estava ocupada por Mac Navalha e disse que se o chefe de polícia quisesse vê-lo teria de encaminhar-se para lá. Brown negou que quisesse ir à cela do outro e, sem parar de esfregar as mãos nervosamente, disse ao guarda que, pelo amor de Deus, “resolva sozinho, por favor”. Antes de retirar-se, orientou o agente a dar alguma refeição para que o preso pudesse se alimentar. Ressaltou que devia entregar uma “refeição decente”... E vinho.
Smith já se dirigia para a cela e de repente parou... Voltou-se para Brown e quis saber se devia providenciar cigarros também. É claro! Mas o chefe lembrou-se que o Navalha tinha preferência por charutos, então pegou dois de sua própria carteira e os deu para que fossem entregues ao prisioneiro. O policial entendeu que ele não teria tempo de “fumar muitos mais”...
Essas últimas palavras ainda mais abalaram o chefe Brown.
(...)
Numa das celas estava um tipo a arrastar as correntes presas às algemas nas mãos e em suas pernas. Preocupado, o prisioneiro estava andando de um lado para outro em seu cubículo... A cela em frente à sua era ocupada pelo Navalha, que estava deitado, devidamente acomodado e cochilando. Smith posicionou-se diante das grades e cumprimentou-o. Mac foi logo querendo saber se Brown havia lhe trazido alguma novidade, então o tira respondeu que o chefe estava muito perturbado.
Não era para menos... A festa da coroação estava se aproximando. Foi isso o que Smith explicou, mas, ironicamente, o Navalha quis saber se não lhe conseguiam “algemas mais pesadas”. Aquelas estavam muito desconfortáveis! O agente penitenciário foi logo dizendo que tinham “algemas de vários preços”, era só uma questão de saber quanto o detento estava disposto a gastar.
O Navalha quis saber qual era o preço de “nenhuma algema”... Smith não pestanejou e respondeu que eram $50. No mesmo instante o outro passou-lhe as notas pelos vãos da cela e por isso recebeu um agradecimento, “Obrigado, Capitão”. Na sequência começou a retirar-lhe as algemas.
Smith perguntou-lhe o que gostaria de comer... O detento perguntou o que havia na cantina. Mas não se tratava disso! O tira deixou claro que estava oferecendo algo de restaurante, de fora da cadeia. Era só dizer que ele providenciaria. O Navalha entendeu que lhe ofereciam o “último jantar” a que tinha direito.
(...)
Agente penitenciário e detento conversavam distraidamente quando foram surpreendidos por tiros disparados na área externa. Alguém estava sendo executado? O Navalha segurou com firmeza as grades e arregalou os olhos. Smith o sossegou garantindo que aquilo era “para outro”, não para ele. Era bom que sossegasse. O que queria jantar?
Smith o servia com esmero... Enquanto não obtinha resposta sobre o “pedido”, entregou-lhe um dos charutos dados por Brown. Era só avisar... Todos “sempre ficaram satisfeitos” com seus préstimos! Disse mais essa e se retirou.
Desvencilhado das algemas, charuto à boca, o Navalha decidiu verificar com atenção as grades de sua cela.
A tela tornou-se escura e a ação seguinte se passa no escritório de J.J. Peachum.
(...)
Ali a movimentação era das mais intensas...
Peachum observava com atenção os seus agregados. Temos a impressão de que todos haviam se reunido após uma convocação urgente. Mas por quê?
Assistimos à organização do grande protesto, a “grande marcha” de maltrapilhos que deveria causar muita confusão à cidade durante as comemorações da coroação da rainha. Peachum resolveu mesmo provocar o tumulto como desforra ao chefe Brown.
(...)
Os mendigos estavam “bem ornamentados” e portavam cartazes de protesto. Um deles trazia os dizeres “não ignorem a miséria!” Os assistentes estavam em polvorosa, pois além de terem de organizar o pessoal deviam dar conta de atender ao telefone e transmitir orientações.
O “grupo 3” já estava devidamente pronto... Então podia partir. Logo vários deles se retiraram organizadamente. Célia Peachum desceu para ajudar... Filch havia recebido uma incumbência importante, pois o vemos atendendo chamadas e passando informações ao patrão... “O décimo distrito está pronto!”
O “rei dos mendigos” preenchia um grande mapa ao mesmo tempo em que sentenciava que o pessoal do 10º se uniria ao 4º distrito na Nelson’s Columm, às oito...
Haveria agitações da gente miserável nas ruas, e elas não seriam poucas nem pacíficas.
Leia: “A ópera de três vinténs”. Editora Paz e Terra.
Indicação do filme (14 anos)
Um abraço,
Prof.Gilberto

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