domingo, 18 de abril de 2021

“A Invenção dos Direitos Humanos – uma história”, de Lynn Hunt – perseguição aos judeus vinculada à ideia de que representavam uma “ameaça à modernidade”; caricaturas nefastas e propaganda de teoria a respeito da “conquista do mundo; sobre “os protocolos dos sábios de Sião”

Talvez seja interessante retomar https://aulasprofgilberto.blogspot.com/2021/04/a-invencao-dos-direitos-humanos-uma_18.html antes de ler esta postagem:

Como podemos depreender, não é correto dizer que as ideias de Chamberlain eram originais.
De modo simplificado, sua produção textual se constituiu na articulação de uma série de reflexões da temática racial com as que diziam respeito à questão judaica especificamente. Todavia isso nos permite afirmar que os trabalhos de Houston Stewart Chamberlain relacionados aos arianos alimentaram os ideais nazistas de supremacia e o odioso antissemitismo.
(...)
O antissemitismo já era antigo e por muito tempo teve base “nos estereótipos negativos” alimentados por cristãos. Como sabemos, durante os períodos Medieval e Moderno ocorreram várias perseguições patrocinadas pela Igreja Católica e por monarcas a ela filiados.
Lynn Hunt nos lembra que durante o século XVIII os judeus eram discriminados, considerados inferiores e retirados dos direitos de cidadania. A partir da década de 1870 a perseguição às comunidades judaicas passou a ser marcada por outras características.
(...)
Durante o XIX, a ideia de “raça de estágio inferior do desenvolvimento histórico” começou a ser aplicada aos africanos. Especificamente em relação aos judeus, passou-se a vinculá-los a tudo o que representava “ameaça à modernidade”:

                   “o materialismo excessivo, a emancipação e a participação política de grupos minoritários e o cosmopolitismo ’degenerado’ e ‘desarraigado’ da vida urbana”.

Os jornais começaram a expor caricaturas diversas que propagavam visões muito negativas dos judeus. Dessa forma, eles sempre eram relacionados a tipos “gananciosos, fingidos e devassos”... Ao mesmo tempo, muitas matérias contrárias a eles eram publicadas nos mesmos jornais e em panfletos de fácil circulação.
Aos poucos difundiram-se matérias “sobre o controle judaico do capital mundial e sua manipulação conspiratória dos partidos parlamentares”.
(...)
A combinação de antigas fórmulas antissemitas a esse modelo que os relaciona a poder extremado e denúncias de articulações internacionais para atingir a supremacia internacional impuseram aos judeus intensas perseguições, a exclusão dos direitos e a expulsão de países por serem “demasiado diferentes e demasiado poderosos”.
(...)
O livro dá destaque a uma caricatura que teria sido produzida nos Estados unidos em 1894... Nela se vê os continentes abraçados por um polvo de imensos tentáculos. O polvo aparece onde deviam estar as ilhas britânicas e apresenta a inscrição “ROTSCHILD”, milionária e influente família judaica. Obviamente a imagem dá conta de transmitir a mensagem para a qual foi produzida.
Também de grande circulação pelo mundo foram “Os protocolos dos sábios de Sião”, produção textual carregada de fraudes com o objetivo de “revelar uma conspiração judaica para montar um supergoverno que controlaria” todo o mundo.
A respeito deste polêmico documento, sabe-se que teria sido publicado inicialmente na Rússia no ano de 1903 e que foi “desmascarado como falsificação em 1921”... Foram reimpressos pelos nazistas incontáveis vezes, e até a atualidade ainda é propagado em escolas de alguns países árabes.
Leia: A Invenção dos Direitos Humanos. Companhia das Letras.
Um abraço,
Prof.Gilberto

Páginas