Talvez seja interessante retomar https://aulasprofgilberto.blogspot.com/2021/04/a-invencao-dos-direitos-humanos-uma_18.html antes
de ler esta postagem:
Como
podemos depreender, não é correto dizer que as ideias de Chamberlain eram
originais.
De modo simplificado, sua produção textual se constituiu na articulação
de uma série de reflexões da temática racial com as que diziam respeito à
questão judaica especificamente. Todavia isso nos permite afirmar que os
trabalhos de Houston Stewart Chamberlain relacionados aos arianos alimentaram
os ideais nazistas de supremacia e o odioso antissemitismo.
(...)
O antissemitismo já era
antigo e por muito tempo teve base “nos estereótipos negativos” alimentados por
cristãos. Como sabemos, durante os períodos Medieval e Moderno ocorreram várias
perseguições patrocinadas pela Igreja Católica e por monarcas a ela filiados.
Lynn Hunt nos lembra que durante o século XVIII os
judeus eram discriminados, considerados inferiores e retirados dos direitos de
cidadania. A partir da década de 1870 a perseguição às comunidades judaicas
passou a ser marcada por outras características.
(...)
Durante o XIX, a ideia de “raça de estágio inferior do desenvolvimento
histórico” começou a ser aplicada aos africanos. Especificamente em relação aos
judeus, passou-se a vinculá-los a tudo o que representava “ameaça à modernidade”:
“o
materialismo excessivo, a emancipação e a participação política de grupos
minoritários e o cosmopolitismo ’degenerado’ e ‘desarraigado’ da vida urbana”.
Os jornais começaram a expor caricaturas diversas que propagavam visões
muito negativas dos judeus. Dessa forma, eles sempre eram relacionados a tipos
“gananciosos, fingidos e devassos”... Ao mesmo tempo, muitas matérias
contrárias a eles eram publicadas nos mesmos jornais e em panfletos de fácil
circulação.
Aos poucos difundiram-se matérias “sobre o controle judaico do capital
mundial e sua manipulação conspiratória dos partidos parlamentares”.
(...)
A combinação de antigas
fórmulas antissemitas a esse modelo que os relaciona a poder extremado e
denúncias de articulações internacionais para atingir a supremacia
internacional impuseram aos judeus intensas perseguições, a exclusão dos
direitos e a expulsão de países por serem “demasiado diferentes e demasiado
poderosos”.
(...)
O livro dá destaque a uma
caricatura que teria sido produzida nos Estados unidos em 1894... Nela se vê os
continentes abraçados por um polvo de imensos tentáculos. O polvo aparece onde
deviam estar as ilhas britânicas e apresenta a inscrição “ROTSCHILD”,
milionária e influente família judaica. Obviamente a imagem dá conta de
transmitir a mensagem para a qual foi produzida.
Também
de grande circulação pelo mundo foram “Os protocolos dos sábios de Sião”,
produção textual carregada de fraudes com o objetivo de “revelar uma
conspiração judaica para montar um supergoverno que controlaria” todo o mundo.
A respeito deste polêmico documento, sabe-se que
teria sido publicado inicialmente na Rússia no ano de 1903 e que foi
“desmascarado como falsificação em 1921”... Foram reimpressos pelos nazistas
incontáveis vezes, e até a atualidade ainda é propagado em escolas de alguns
países árabes.
Continua em https://aulasprofgilberto.blogspot.com/2021/04/a-invencao-dos-direitos-humanos-uma_25.html
Leia: A
Invenção dos Direitos Humanos. Companhia das Letras.
Um
abraço,
Prof.Gilberto