sexta-feira, 16 de abril de 2021

“A Ópera de Três Vinténs” – peça de Bertold Brecht musicada por Kurt Weill – Lucy e Mac Navalha celebram o vexame de Polly; promessas de vida nova após o fim da caçada; livrando-se da carceragem; Brown aliviado com a fuga do amigo fora-da-lei; o velho Peachum aparece para receber a recompensa pela captura do Mac Navalha; ironias e ameaças do “rei dos mendigos” para cima do chefe de polícia


Polly foi arrastada pela mãe para fora do pavilhão onde Mac Navalha estava encarcerado... Uma cena triste. Mas ele e Lucy não esconderam seu regozijo. Ele disse que ela “esteve maravilhosa”... Depois se referiu a Polly como vadia e salientou que, por pena dela, não a tratou como merecia.
Ele quis saber se Lucy chegou a pensar que o que Polly havia dito (sobre terem se casado) era verdade... Ela o chamou de “amorzão” e confirmou que sim, chegou mesmo a pensar que ele teria cometido o disparate de se casar às escondidas com a filha dos Peachum. O Navalha observou que, se fosse verdade, a Dona Célia jamais o teria metido naquela enrascada... Chamou a atenção de Lucy para o modo como ela o havia tratado... Certamente não como um genro, mas como “sedutor”.
Lucy mostrou-se feliz e disse que gostava de ouvi-lo falar do fundo do coração... O que poderia dizer-lhe? O amava e preferia vê-lo na forca a vê-lo nos braços de outra qualquer... O bandido respondeu que sua vida estava nas mãos dela.
A filha de Brown (é bom que não nos esqueçamos) gostou de mais essa manifestação do amado e pediu-lhe que repetisse... O descarado assim o fez e ela pediu-lhe que a deixasse fugir com ele.
O Navalha saiu-se com uma desculpa e disse que, se fugissem juntos, teriam dificuldades para se esconder... Mas prometeu que logo que a caçada terminasse a mandaria buscar.
Lucy ficou satisfeita com tudo o que conversaram... Por fim quis saber se podia fazer algo para ajudá-lo no momento. O Navalha pediu a ela que lhe trouxesse seu chapéu e sua bengala.
Ela cumpriu conforme a orientação e atirou os objetos para dentro da cela... Como agradecimento, ele manifestou que “o fruto do amor” que ela gerava sob o coração os uniria “por toda a eternidade”.
(...)
Lucy se retirou...
O policial Smith apareceu e entrou na cela. Pediu ao Navalha que lhe entregasse a bengala. Este não quis nem saber de obedecer e se esquivou... O tira apossou-se de uma cadeira e o perseguiu, mas o bandido conseguiu escapar das grades. Vários outros policiais saíram em seu encalço.
(...)
A certa distância estava Brown, que não tinha a menor ideia do que estava acontecendo. Ainda muito entristecido, planejava trocar umas ideias com o velho amigo.
Conforme se aproximava, o chefe de polícia arriscava chamar mais incisivamente pelo Navalha. Todavia não obtinha nenhuma resposta, e como não sabia de sua fuga pensava que o outro ainda estivesse magoado...
Brown não se conteve e resolveu entrar na cela... Obviamente exclamou uma surpresa e, aliviado, deu graças a Deus por saber que ele havia escapado.
(...)
Outro que apareceu no presídio foi o Senhor Peachum... Ele se dirigiu ao policial Smith, se apresentou e esclareceu que estava ali para receber “as quarenta libras prometidas em troca da prisão do bandido Macheath”.
O “rei dos mendigos” foi até a cela, mas, em vez de Macheath, encontrou o chefe Brown... Indignado, Peachum esbravejou que podia ver muito bem que, pelo visto o bandido havia saído para uma “voltinha” e em seu lugar ficou ninguém menos do que o chefe Brown-o-tigre.
Brown, que não esperava por essa, queixou-se dizendo que não era culpado... Peachum reforçou a afirmação, “claro que não!” Do contrário, o que pensaria do chefe de polícia? Aquilo parecia mesmo impossível.
O policial bem podia perceber que o velho estava debochando, mas disse que não sabia mais o que fazer. Ainda sem perder a ironia, Peachum respondeu que acreditava que a autoridade máxima da segurança londrina só podia “estar se sentindo péssimo”.
Brown quis confirmar que se sentia péssimo mesmo... Falou que se sentia impotente... Paralisado. Uma situação horrível, já que tipos como o Navalha faziam o que bem entendiam com as forças de segurança pública.
Bem sabemos que, por dentro, o policial estava feliz... Entendia que os problemas do amigo haviam terminado. No momento tinha de arranjar um modo de despachar o velho Peachum. Mas este insistiu em suas provocações ao sugerir que talvez fosse bom Brown retirar-se um pouco, deitar-se, fechar os olhos “como se nada tivesse ocorrido”... Poderia imaginar-se num “belo prado verde com nuvenzinhas no céu”. Mais importante seria “tirar da cabeça” todas as situações terríveis: “as que passaram e, principalmente as que ainda virão”.
Leia: “A ópera de três vinténs”. Editora Paz e Terra.
Indicação do filme (14 anos)
Um abraço,
Prof.Gilberto

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