Talvez seja interessante retomar https://aulasprofgilberto.blogspot.com/2021/04/a-opera-de-tres-vintens-peca-de-bertold_21.html antes
de ler esta postagem:
No
final da última postagem sobre o texto da peça vimos que Filch anunciou a
chegada de prostitutas de Turnbridge à reunião dos mendigos. Em tom de deboche,
disse à Senhora Peachum que “uma dúzia de galinhas pernoitadas” afirmavam que
vinham buscar dinheiro.
Jenny estava à frente e se aproximou da mãe de Polly... Tratou-a por “distinta
senhora” iniciando sua petição, mas foi grosseiramente interrompida pela outra
que já foi falando que as garotas estavam “com uma cara de galinha que caiu do
poleiro”... Perguntou-lhes se estavam ali para receber a recompensa pela
captura do Macheath. Se era isso, deviam saber que não receberiam absolutamente
nada.
(...)
Por essa elas não
esperavam... Jenny quis que a dona Célia se explicasse melhor. Esta lhe
respondeu que as moças estavam invadindo o seu “ninho no meio da madrugada”.
Como ousavam “entrar numa casa de família às três da madrugada”? Estavam “com
cara de leite vomitado” e melhor fariam se descansassem da jornada que tiveram à
noite.
A mulher não podia ter sido mais clara... Jenny
entendeu que havia sido traída e que não receberiam o dinheiro prometido pela
prisão do Mac Navalha. Dona Célia confirmou e emendou que elas estavam atrás do
“salário de Judas” (pois traíram seu cliente predileto).
Jenny perguntou sobre o motivo de estarem sendo ludibriadas... A
resposta foi curta e grossa: o “digníssimo Macheath” escapou da prisão! Então
as “caras damas” deviam sair imediatamente de sua “requintada loja”.
(...)
É claro que Jenny não aceitou a explicação. Disse que
era um cúmulo serem tratadas daquele modo e aconselhou a mulher a não as tratar
assim. Em tom de ameaça avisou que com elas não se podia falhar nos acordos
firmados. Dona Célia não deu ouvidos e chamou Filch para “acompanhar as damas até
a porta”.
Filch foi empurrado por Jenny assim que se colocou diante das moças. Depois
ela vociferou que Dona Célia “fechasse a latrina”... Ia anunciar uma ameaça,
mas foi interrompida pela entrada de Peachum. Este quis saber o que estava
acontecendo e foi dizendo que esperava que nenhum dinheiro tivesse sido
entregue às moças. Na sequência provocou-as perguntando se sabiam se Macheath
estava na prisão ou não.
Jenny respondeu com agressividade e disse que o velho devia parar de “encher
o saco com aquela ideia fixa no Macheath”. Será que não via que sequer chegava
aos pés do Navalha? Na sequência confessou que teve de “dispensar um cliente”
porque não conseguia parar de chorar só de pensar que o havia “vendido” para
ele e à senhora Peachum.
Dirigindo-se às
companheiras, Jenny confessou que depois de adormecer de tanto que havia
chorado, ouviu o assobio do Macheath desde a calçada implorando que lhe jogasse
a chave, pois queria fazê-la “esquecer a desgraça que lhe causara”. Isso já era
suficiente para que todas entendessem que o Navalha se tratava do “último
cavalheiro de Londres”...
Jenny acabou fazendo uma
importante revelação que interessava ao velho Peachum. Ela perguntou às
companheiras se sabiam o motivo de Suky Tawdry não se encontrar entre elas
naquele momento e explicou que, após o Navalha deixá-la, dirigiu-se “à casa
dela para consolá-la também”.
(...)
O
leitor pode até ficar em dúvida se a revelação “escapou sem querer” da boca de Jenny
ou se ela quis mesmo entregar o paradeiro do Navalha... As próximas postagens esclarecerão
mais essa questão.
No momento importa saber que ela finalizou sua narrativa voltando a
provocar o velho Peachum, a quem chamou de “delator infame” que, após saber um
pouco mais de Macheath, podia ter certeza de que não podia chegar aos seus pés.
Peachum conversou
rapidamente com Filch, orientando-o a correr ao posto de polícia mais próximo
para denunciar que Macheath podia ser encontrado “na casa da senhorita Suky
Tawdry. Depois o velho voltou-se para as garotas de Turnbridge para tranquilizá-las...
Por que brigar? Podiam ficar tranquilas que o dinheiro seria pago... À esposa disse
que ela não devia ficar de insultos com as senhoras. Em vez disso, devia
preparar-lhes um café.
(...)
A Senhora Peachum se retirou exclamando o nome de Suky
Tawdry. Na sequência cantou “a terceira estrofe da ‘Balada da Servidão Sexual’”.
“Balada da Servidão Sexual” – Terceira Estrofe
“Para a forca corre a sua estrada,
Já a cal, para caiá-lo, está comprada!
Por um cabelo pende sua vida,
Mas continua a mente atrevida!
Perto do fim ainda ergue-se o animal:
É esta a servidão sexual.
Um
Judas feminino o despachou.
Até
que, finalmente, ele viu:
Buraco
da mulher se lhe tornou
Em
tal buraco que o coveiro abriu.
Mas
mesmo assim, com todo este azar,
Seu
esporte é trepar.”
Continua em https://aulasprofgilberto.blogspot.com/2021/04/a-opera-de-tres-vintens-peca-de-bertold_75.html
Leia: “A
ópera de três vinténs”. Editora Paz e Terra.
Indicação do filme (14 anos)
Um
abraço,
Prof.Gilberto