(...)
De modo simplificado, o enredo trata dos últimos dias da trajetória
criminosa do Mac Navalha (Mackie Messer), que chefiava um grupo de marginais
que aterrorizava os distritos de Londres com assaltos. Mac Navalha era
conhecido por explorar prostitutas e temido por suas ações marcadas por
atentados violentos. Ele se envolveu com a bela Polly, filha do “rei dos
mendigos”, Jonathan Jeremiah Peachum que, com o auxílio de sua esposa, Célia,
explorava os mendigos da cidade, fornecendo-lhes acessórios em troca do
pagamento de taxas abusivas.
Peachum não aceitou
qualquer relacionamento de sua única filha com o Navalha... Ele considerava o
adversário desprezível e então recorreu à polícia londrina para tirá-lo de
circulação. O que ele não sabia é que entre Mac Navalha e Brown, o policial
chefe, havia cumplicidade e um antigo vínculo de amizade.
(...)
A mensagem agressiva e as canções da peça conduzem o
espectador à reflexão crítica... No começo de 1931 George Wilhelm Pabst lançou
a brilhante adaptação de “A Ópera dos Três Vinténs” para o cinema.
Brecht e Kurt Weill trabalharam na adaptação de sua obra para o cinema.
Evidentemente a sequência das cenas passou por alterações. Além disso, a
mensagem se tornou mais direta e ainda mais agressiva em relação à decadência e
costumes burgueses. Os dois perceberam que algumas canções da peça original se
tornavam mais significativas ao serem interpretadas por personagens diferentes
e em momentos também alternados.
Com a ascensão do Nazismo em 1933, a obra e as
apresentações tornaram-se proibidas.
(...)
Na abertura de “A Ópera de três vinténs” assistimos a uma feira no
Soho... Notamos a agitação típica das feiras onde “os mendigos mendigam, os
assaltantes assaltam, as prostitutas se prostituem”. Um cantor de feira se
destaca no alto de um pequeno palanque, onde, aos gritos, canta as notícias
(uma “moritat”) sobre Mac Navalha e suas maldades:
“Tubarão tem dentes
fortes/Que não tenta esconder; Mackie tem uma navalha/Que ninguém consegue ver//Tubarão
tem barbatanas/Que de sangue rubras são; Mackie usa uma luva/Que esconde a vil
ação//Nas londrinas águas verdes/Some gente – grande azar! Não é cólera nem
peste/É o Navalha a rondar//Num domingo ensolarado/Um cadáver jaz no chão – E
um homem dobra a esquina – É o Navalha, o valentão//Mosche Meier está sumido/E
outros tantos marajás: Sua grana embolsa o Mackie/Mas tu nada provarás”...
(o roteiro destaca que
Peachum, o rei dos mendigos, passeia com a mulher e a filha; entrementes o
cantor prossegue)
“Jenny Towler foi achada/Esfaqueada lá no cais – Quem
furou seu peito branco?/Foi Navalha? É demais!//E o cocheiro, a testemunha/Que
não pode mais depor,/ Onde foi que evaporou-se?/Mackie sabe? Não, senhor!//E o
incêndio lá no Soho:/Seis crianças e um ancião – Entre o povo está o Navalha,/A
quem nada indagarão.//E violada foi no sono/Uma viúva, que é menor... Qual o
preço prometido/Pelo tal bandido-mor?”
(...)
No
início do filme ouvimos o canto dos socialmente excluídos... Cansados de
sermões e lições de moral, sugerem que os ricos e bem alimentados (que vivem a
falar mal dos maltrapilhos e desvalidos) entendam que antes de criticá-los,
ofendê-los e impor moral, devem dar condições para que também eles possam viver
dignamente e bem alimentados. Que lhes concedam ao menos uma fatia do filão de
pão!
A canção faz parte da peça... Ela é entoada pelo
Navalha (a mensagem também é sua) e pela prostituta Jenny-Espelunca no final do
segundo ato.
Continua em https://aulasprofgilberto.blogspot.com/2021/01/a-opera-de-tres-vintens-peca-de-bertold.html
Leia: “Deus
lhe pague”. Ediouro.
Indicação do filme - 14 anos
Um abraço,
Prof.Gilberto