Era noite... Nancy acabava de chegar em casa.
Havia saído com Péricles para momentos dos mais agradáveis... À porta ela o
agradeceu, pois já fazia muito tempo que não se divertia tanto. O tipo sorriu,
mas disse que não podia dizer o mesmo. Estava triste, já que passara várias
horas a falar-lhe sem que soubesse se havia sido escutado por ela. Nancy respondeu
que “os homens são mal agradecidos”, será que não lhes bastava a companhia
feminina?
Na sequência comentou
que já saíam há várias noites para dançar e conversar sobre suas confidências.
Péricles redarguiu dizendo que de sua parte era assim mesmo, pois falava com
sinceridade nos encontros... Para ele, Nancy conversava com “repertório alheio”,
com “palavras de outro”. Disse isso e se despediu, mas Nancy insistiu para que
ficasse, pois o achava muito agradável e sentia por ele grande simpatia.
Péricles quis saber se isso era tudo o que ela sentia por ele... Ela
respondeu que tinha grande confiança nele e para demonstrar abriu a porta e o
convidou para entrar. Não havia necessidade de temer qualquer comprometimento.
Os
dois se acomodaram na sala, voltaram a conversar e a beber... Péricles falou
sobre seu amor por ela. Nancy levantou-se e colocou um disco no aparelho de
som. Disse que fundos musicais aproximam as pessoas... No mesmo instante o outro
comentou que aquela ideia só podia ser mais uma influência do misterioso
Alvarez. Ela respondeu que “infelizmente era assim”... Mas por que não falava
por si mesma, com autonomia? Tinha sempre de repercutir os “ensinamentos” de
Alvarez?
Nancy respondeu que
podia ser... Adiantou que o “marido” não ficaria contente de encontrá-lo em
casa àquela hora. Mas ele poderia ficar tranquilo, pois Alvarez era pontual e jamais
chegava antes das três da madrugada. Péricles abraçou-a e perguntou-lhe por que
insistia em enganá-lo e enganar a si mesma. Disparou que Alvarez não podia
fazê-la feliz.
Ela
o afastou e respondeu que, apesar disso, o “marido” dava-lhe boa educação...
Mas e o amor? Nancy salientou que o amor à vida deve estar acima de tudo.
Péricles salientou que aquilo era apenas retórica e perguntou-lhe o que é amar
à vida... Em resposta ela disse que “amar a vida é vivê-la bem”. Por que
deveria acreditar que viveria bem com Péricles?
Ele adiantou-se a
esclarecer que, com ele, ela teria um futuro, um nome... Mas e no presente? Nancy
quis saber se ele se casaria com ela... Péricles foi categórico e garantiu que
sim... Mas viveriam de quê? Teriam de recorrer ao seu pai milionário?
O rapaz percebeu que
poderia convencê-la... No momento em que ela dizia que "uma mulher vale tanto quanto o ambiente à sua volta", insistiu que não precisaria do pai, e ainda garantiu que também podia
trabalhar e que sabia fazer negócios. Nancy se pôs a rir... Ele quis saber o
motivo, pois na tarde daquele mesmo dia havia ganhado um bom dinheiro, $10.000,
e apontou para o bolso do paletó. Garantiu que podiam viajar juntos no dia
seguinte. Seguiriam para Montevidéu no avião que partia às cinco... Depois se
casariam e partiriam para uma nova vida nos Estados Unidos. Amigos lhe
arranjariam trabalho... No começo viveriam modestamente, mas logo conseguiriam
boa posição e ela teria a vida que sempre mereceu, clara limpa e sem torturas.
Os olhos de Nancy brilhavam... Quis saber em quanto tempo chegariam às
boas condições de vida... Péricles afirmou que em um ou dois anos, mas seria um
tempo que passaria bem rápido, pois tinha amigos em Nova York. Logo
frequentariam a alta sociedade, Richardson e senhora... Certamente ela seria a
mulher mais feliz do mundo. O tempo passado junto ao Alvarez seria lembrado
apenas como um pesadelo.
Nancy baixou o olhar e disse que talvez ele tivesse razão. Nesse mesmo
momento o disco terminava e automaticamente o braço da agulha do aparelho de
som retornava à posição de desligado. Ela lamentou o final da música, pois isso
significava o fim das divagações da conversa que estavam tendo. Depois disse
que possuíam $10.000 e que dez vezes este valor seriam suficientes para a
viagem..
Péricles perguntou se era isso o que ela
pensava... E como não? Nancy argumentou que provavelmente teria de empenhar
suas joias logo na primeira escala.
Ele quis saber se
eram só as joias que a preocupavam... Ela garantiu que sonhara com elas por
muito tempo e que não se separaria delas por nada no mundo. Péricles a abraçou
dando-lhe a certeza de que compraria as mais finas joias da Quinta Avenida...
Achava que ele não era capaz?
Nancy respondeu que acreditava que sim... Disse que tudo o que ouvira
dele era muito bonito... Péricles voltou à carga esperando que ela confirmasse
sobre o plano de fuga... Ela respondeu com um “pode ser”. Mas estaria disposta a
partir amanhã?
Ela
questionou se tinha de ser mesmo no dia seguinte... Ele respondeu que sim, era um
“amanhã ou nunca”, e não adiantava perguntar-lhe o motivo. Mas e se ela não o
acompanhasse? Péricles garantiu que iria sozinho, pois já “tinha a passagem no
bolso”.
Continua em https://aulasprofgilberto.blogspot.com/2020/07/filme-dios-se-lo-pague-alvarez-chega-no.html
Indicação (não informada)
Um abraço,
Prof.Gilberto