A conversa foi interrompida por um sujeito que
se aproximou da mesa para falar com o homem cheio de mistérios... O tipo chegou
cumprimentando com a intimidade dos que se conhecem, disse que estivera em sua
casa naquele mesmo dia com uma comissão de “senhoras de classe” para recolher a
costumeira contribuição de ajuda às crianças desamparadas. Lamentou não o
encontrar. E a bela jovem que o acompanhava? Muito bom gosto, e ainda nem se
apresentaram... Ela mesma explicou que ainda não lhe dissera o nome.
O requisitado
prometeu aguardar a visita da comissão, pois fazia questão de manter as doações
para a nobre causa. De repente o tipo deu a entender que conhecia a sua
companhia “de vista”, do hotel onde trabalhava um simpático gerente...
Obviamente essa revelação causou espanto ao outro ao mesmo tempo que
constrangeu a acompanhante. O tipo disse ainda que o gerente quase foi preso
depois de dirigir-se à delegacia para desculpar-se com o chefe de polícia por
umas flores que teria enviado ao hotel, onde foram extraviadas... O problema é
que não o tendo encontrado, deixou um bilhete detalhando o ocorrido... Só que o
bilhete acabou chegando primeiro à esposa do policial, e foi então que a
confusão teve início. A situação rendeu duas horas de explicações na delegacia.
O tipo tinha curiosidade de saber como o gerente do hotel escapou de situação
pior, pois ele estava furioso... Sugeriu que a moça buscasse informações assim
que o visse. No mesmo instante ela levantou-se garantindo que seria a primeira
coisa que faria. O tipo ficou confuso ao ver o amigo se levantar.
(...)
Ele a leva ao hotel... O vemos se desculpando e admitindo que não queria
magoá-la. De qualquer modo, ela garantiu que a noite havia sido agradável e
agradeceu... Ele admitiu que se sentira atraído por ela desde a primeira vez
que a viu e pediu-lhe que admitisse que essas coisas são mesmo possíveis. Isso
o faria se sentir melhor e perdoado.
Ela
respondeu que entendia a situação... Ele não precisava se sentir mal por
qualquer coisa que tivesse ocorrido durante a noite, pois ela também teve a
sensação de que o conhecia há mais tempo. Se não demonstrou foi por puro
orgulho... Assumiu que era o tipo de mulher que almeja alguma classe com essas
atitudes. Sem esconder sua admiração, ele respondeu que a esperaria dez minutos
ou dez anos até que ela acreditasse em sua sinceridade. Ainda se encontrariam? Ela
se despediu com um “adeus”.
(...)
Passou pela porta
giratória e ia acessar o elevador. Um funcionário a informou que não estava
funcionando e que havia um comunicado para ela na gerência. Como já era de se
prever, o gerente determinou o despejo e adiantou a retirada de suas malas. Ela
ainda pediu que lhe deixassem passar mais essa noite, porém o funcionário
explicou que todos os quartos já estavam ocupados.
Resignada
ela se retirou... Sabia que o gerente foi prejudicado por sua causa e não
desejava mais provocar transtornos à casa. Estacionado em frente à portaria estava
o automóvel do conhecido taxista... Este também não aceitou prestar-lhe
serviço. Mas atrás há outro veículo... Era do misterioso homem com quem
estivera no teatro e no restaurante. Sem pestanejar, ela aceitou o seu convite.
Em vez de dez anos
foram dez minutos... No momento era só uma questão de saber se ela aceitaria o
“Lohengrin enigmático”. Ela respondeu que não tinha medo... Por que havia
ficado se já tinham se despedido? Ele explicou que quis ficar perto de onde ela
estava. Depois ela emendou que “o diabo está sempre ao lado de quem quer vender
sua alma” e explicou que havia ouvido essa frase de um amigo que vivia de pedir
esmolas...
(...)
Na cena seguinte
estamos novamente diante da igreja à noite. Na escadaria estão os dois
conhecidos mendigos.
Barata manifesta sua surpresa ao notar que muita gente acorre ao
templo... O velho mendigo explica que é por causa do fim do mês de Maria... O
último dia é sempre um dos melhores para quem vive de recolher esmolas nas
portas das igrejas. Barata fica admirado com tantas informações do colega... Este
lhe diz que é graças a um “escritório” que possui e que algum dia o mostraria.
Barata reconhece que tinha muito a agradecer pois aprendera muito com ele nos
dois meses que se conheciam. É claro que ainda não era rico assim como tinha
certeza que o companheiro era.
O
velho admitiu que era rico... Disse que não tinha culpa de sua condição e
pensava mesmo em continuar com a vida de pedinte, pois não lhe dava nenhum
trabalho. Ganhava bem, não pagava impostos nem temia falência ou incêndio. Sem
dúvida uma situação bem curiosa.
Continua em https://aulasprofgilberto.blogspot.com/2020/06/filme-dios-se-lo-pague-o-velho-juntou.html
Indicação (não informada)
Um abraço,
Prof.Gilberto