Entre 1457 e 1460, D. Afonso V concentrou
esforços em tropas que receberam missão de combate a Alcácer-Ceguer (Marrocos).
Neste breve período as navegações para o sul africano estiveram
interrompidas...
Apesar dos revezes da
década anterior, e após a campanha militar no Marrocos, os portugueses lograram
alguns êxitos:
* Com Pedro Sintra que, em 1460, desceu a Costa da
Guiné tendo alcançado Serra Leoa alguns anos mais tarde;
* Em 1470 foi a vez de Soeiro da Costa
chegar à Costa do Marfim;
* No ano seguinte, Pero de Escobar e
João Santarém atingiram a Costa da Mina (Daomé);
* Fernando Pó navegou o Delta do Níger
(Camarões) em 1472);
* Lopes Gonçalves chegou ao Gabão em
1473, tendo alcançado a “costa vazia e pantanosa que do rio Ogouê, ultrapassando
a linha do Equador, conduz ao Zaire ou Congo”.
(...)
Durante os reinados de D. João I, D. Duarte, D. Afonso V e D. João II,
Portugal dedicou-se à navegação pelo litoral africano em direção ao sul. Quase
meio século de história náutica, conquistas e frustrações se passou até que embarcações
comandadas por Diogo Cão chegaram ao Congo em 1483...
Como devemos saber, as muitas dificuldades para ultrapassar as regiões
influenciadas pelos árabes alimentaram ansiedade e esperança lusitanas numa
aliança com um soberano cristão em terras africanas... Anteriormente vimos os
esforços realizados durante a década de 1490, sobretudo aquelas protagonizadas
por Pero da Covilhã.
Ocorre que os árabes já circulavam pelos
territórios africanos há muito tempo. Por pelo menos quinhentos anos eles
converteram nativos à fé islâmica, por isso grupos nômades e os negros que habitavam
a região da floresta tropical desde a foz do Senegal seguiam os princípios
maometanos.
(...)
Dinis Dias navegou do
Senegal ao Cabo Verde em 1444. No ano seguinte o rio Gâmbia foi alcançado por
Vicente Dias e Luís de Cadamosto... Toda essa região era habitada por negros jalofos.
O citado Pedro de Sintra chegou à Serra Leoa em 1461 ou 1462... Ali viviam “os
mandingas descendentes do antigo Império Mandeu do Mali, do qual conservavam
certos costumes, ao lado de um dialeto próprio, o bambara”.
Na Costa da Guiné, além das sociedades dos jalofos (Senegal) e dos
mandingas (Gâmbia), se organizavam negros “fulas, saracolés, balantas e
manjacas” da Guiné-Bissau... Na Costa do Ouro encontravam-se os hauçás que se
espalhavam até o Delta do rio Níger. A partir dali a costa era desabitada e
abria caminho para o Congo.
O
encontro com toda essa gente negra influenciada religiosa e politicamente pelos
muçulmanos, levou os portugueses a reconhecerem que a esperada aliança com o
reino cristão em terras orientais da África, num tempo em que ainda apostavam na
existência do Preste João, que sua tarefa era das mais difíceis.
A também citada
expedição de 1483 comandada por Diogo Cão avançou pela baía de Cabinda e
alcançou uma área habitada por negros cacongos... A surpresa maior para os
lusitanos foi conhecerem um rio poderoso, cuja embocadura se estendia por vinte
quilômetros... Suas águas desaguavam com violência no oceano, provocando
fenomenal estrondo. Não foi por acaso que lhe deram o nome de rio Poderoso.
De acordo com
Tinhorão, os portugueses constataram que:
“depois de tantas praias
desertas, ou só de longe em longe vista habitadas por raros nômades islamizados”
(...) “viam-se agora, afinal, um pouco abaixo da linha do Equador, diante da
floresta tropical do Congo, onde a influência árabe ainda não chegara”.
Continua em https://aulasprofgilberto.blogspot.com/2020/06/rei-do-congo-mentira-que-virou-folclore_23.html
Leia: Rei
do Congo. Editora 34.
Um abraço,
Prof.Gilberto