As navegações pela costa africana de além do
Cabo do Bojador em direção ao sul do continente revelaram um extenso litoral de
areias brancas e desérticas... Paisagens monótonas de terras baixas sem
elevações proeminentes.
Como vimos, o
primeiro marco geográfico de destaque a chamar a atenção dos navegadores
portugueses foi o Cabo Branco que, de acordo com os registros de Luís de
Cadamosto, dava para uma vista em que ”a terra se mete para dentro, e forma um
golfo que se chama a Furna de Arguim”.
Após o referido Golfo de Arguim, os portugueses prosseguiriam no rumo
sul, passando pela Costa do Rio do Ouro e, novamente sem qualquer destaque
geográfico que chamasse a atenção, chegariam ao “fim do território seco dos
pardos azenegues”... Na sequência avistariam savanas anunciando vasta área
tropical habitada por negros. Ainda de acordo com as anotações de Luís de
Cadamosto:
“Depois da
passagem do dito Bojador, com ele à vista, navegamos por nossas jornadas, e chegamos
ao rio chamado Senegal, que é o primeiro rio das terras dos negros, naquela
costa; o qual rio separa os negros dos pardos chamados azenegues; e separa
também a terra seca e árida, que é o sobredito deserto, da terra fértil, que é
o país dos negros”.
Passando pelo
Senegal, a costa africana se apresenta ainda rasa... Apenas na região do Cabo
Verde contemplam-se terras mais elevadas... Na altura dos “rios Gâmbia e Níger
até o Zaire” (área do Golfo da Guiné) a paisagem é marcada pela floresta
tropical... Os navegadores lusitanos observaram extensões litorâneas vazias,
marcadas por áreas pantanosas e desabitadas.
Por
quase quarenta anos eles navegaram o litoral africano no rumo sul e, até
ultrapassarem a linha do Equador, observaram núcleos muçulmanos... Conforme
atingiram a floresta mais densa puderam constatar que mais adiante a influência
dos árabes já não era verificada.
Em 1441, Nuno Tristão
e Antão Gonçalves retornaram de uma das muitas viagens à África. Trouxeram “os
primeiros negros filhados em solo africano”... A partir de então, e muito
provavelmente inaugurando as velas latinas, seguiram mais ao sul até a ilha de
Arguim... Nuno Tristão navegou o Rio do Ouro, de cuja região recolheu para
Portugal mais escravos e a primeira quantidade de ouro extraído de terras
africanas.
As missões concluídas
por Nuno Tristão e Antão Gonçalves ocorreram em territórios certamente
influenciados por incursões muçulmanas...
Sabia-se que os mouros circulavam a Costa da Mauritânia, o Rio do Ouro e
o Senegal. Os registros portugueses davam conta da presença de árabes, berberes,
azenegues e, como dirigiram-se mais ao sul, toparam com grupamentos negros. Estes
eram sempre abordados com muita agressividade pelos lusitanos que normalmente se
aproximavam para capturá-los.
Nuno Tristão chegou a Arguim em 1443... Um dos marcos de sua expedição
foi a organização de uma feitoria a fim de firmar relações comerciais com os
árabes... Em 1444, Diogo Afonso, Lançarote e Garcia Homem comandaram quatorze
embarcações preparadas por mercadores de Lagos com o objetivo de sequestrar
nativos da ilha de Naar. Mais de 230 foram
capturados.
No ano seguinte, Gonçalo de Sintra, também
navegador de Lagos, partiu com dezoito homens para a mesma ilha com a intenção
de sequestrar mais nativos e fazê-los escravos. Dessa vez, porém, foram
surpreendidos por bem organizada resistência e acabaram mortos.
Outros
casos semelhantes se sucederam. Em 1446, por exemplo, o experiente Nuno Tristão
acabou morto por habitantes de uma ilha “na Costa da Guiné, logo abaixo do
arquipélago de Bijagós”. O livro dá conta de que a ilha em questão foi batizada
com o nome de Tristão pelos portugueses.
Continua em https://aulasprofgilberto.blogspot.com/2020/06/rei-do-congo-mentira-que-virou-folclore_19.html
Leia: Rei
do Congo. Editora 34.
Um abraço,
Prof.Gilberto