sábado, 13 de junho de 2020

Filme – “Dios se lo pague” – o velho mendigo ouve os dramas da moça bem vestida e falida; muito do que ambiciona é supérfluo e não é nas casas de apostas que vai encontrar a felicidade; viagens, música, teatro e programas de arte combinam com a beleza; a mesma nota de cinco para pagar o táxi; o amuleto de camélia como retribuição; a sugestão de postura mais altiva no hotel deu resultado

Talvez seja interessante retomar https://aulasprofgilberto.blogspot.com/2020/06/filme-dios-se-lo-pague-o-clube-e.html antes de ler esta postagem:

A jovem confessou que sua condição também era a de pedinte... Não que estivesse na sarjeta, embora podemos notar que já não possuía os recursos para ostentar um status superior. Esteve disposta a entregar um anel para obter fichas no cassino, ludibriara o taxista e sequer podia pagar a corrida até o hotel! Em breve veremos que estava a ponto de sequer ter onde passar as noites.
(...)
Logo que ela disse que sabia o que era “pedir”, o velho mendigo respondeu que as joias não são necessárias para viver... Ele mostrou que sabia que há mulheres vaidosas, que se importam mais em ter pedras preciosas, casacos de peles raras e belos vestidos para se exibirem. Tipos assim colocam essas superficialidades acima das necessidades básica. A jovem redarguiu ao afirmar que “nem todos os homens conhecem a sensibilidade das mulheres”. Apesar disso, começava a admitir que já não tinha como esconder a miséria de quem só possui a roupa do corpo.
Perguntou ao velho se o policial já havia deixado o local. O tira ainda permanecia bem diante do “clube”, mas estava se acomodando para tirar um cochilo. A jovem sentiu necessidade de desabafar e explicou que provavelmente tiraria a própria vida... Sua infelicidade era extremada porque não conseguia encontrar o “homem da sua vida”, aquele que a amasse a ponto de se casar com ela e a sustentasse em seus caprichos.
O velho ouviu com atenção e respondeu que talvez ela devesse frequentar outros ambientes... Nas casas de jogos as pessoas buscam a diversão das apostas em primeiro lugar. Para os jogadores, as mulheres estão em segundo plano. Ele sugeriu que ela era mulher para frequentar lugares que realçassem sua beleza e inteligência... Lugares românticos, de formação, de arte... Museus, viagens, música... Ela não discordou, mas questionou sobre como poderia recomeçar se estava em dívida com o hotel e logo a ultrajariam e a expulsariam.
O velho destoou um pouco do seu linguajar manso e responsável... Sugeriu que ela demonstrasse altivez no hotel, que protestasse por bons serviços e até reclamasse de flores que não lhe foram entregues por descuido da gerência e funcionários. Devia deixar claro que alguém importante e rico a contatava sem sucesso por causa do despreparo da casa. Esse procedimento faria com que esquecessem suas dívidas. Ela sorriu e manifestou que estava se sentindo bem por conversar com ele.
À meia-noite o policial dormiu e ela pôde se retirar. Agradeceu a sobriedade dos conselhos e confessou que esteve a ponto de “vender a alma ao diabo” naquela mesma noite. Adiante vinha um táxi... Sinalizou afirmando que ao chegar ao seu destino diria ao motorista que o hotel pagaria a corrida. O velho deu-lhe dinheiro, ela recusou num primeiro momento... Depois aceitou assim que ouviu que ela lhe entregara aquela mesma nota na porta da igreja, talvez esperando ter uma noite de sorte.
A mulher percebeu que chegara “ao fundo do poço”... Disse que ele também poderia dizer que um dia deu esmola... Insistiu que queria devolver o que estava “tomando emprestado”. Ele não aceitou e afirmou que bem podia ser que, no caso de se encontrarem novamente, ela desviaria o olhar para mostrar que não o reconhecia. Ela não discordou e então deu-lhe a mesma camélia de tecido que trazia na lapela, a que ganhou da vendedora de doces à porta do cassino clandestino.
O motorista parou, ela entrou no veículo e orientou-o a seguir ao “Grande Hotel”. O velho recolheu o amuleto, abraçou seus pertences e seguiu pela madrugada fria.
(...)
Antes mesmo que chegasse ao hotel, a jovem já era motivo de comentários do gerente e dos funcionários... O homem estava furioso com o atraso do pagamento das diárias, exigiu o fechamento da conta e que descessem as malas da mulher. Com ares de quem sabe comandar, vociferou que com ele a conversa era outra... reclamou dos auxiliares que a tratavam com benevolência, pois apenas falavam e no momento de cobrá-la recolhiam as os papéis referentes às taxas. Ele não havia esperado até tarde da noite em vão, e já estava pronto para recebê-la sem dar chances a qualquer tentativa de argumentação.
Ela passou pela porta giratória e logo notou a presença do gerente no balcão... Mas antes que ele dissesse qualquer coisa referente aos papéis que segurava, antecipou-se em tom de protesto e querendo saber onde estava o “buquê de orquídeas que lhe enviaram”... Obviamente ninguém ali sabia de qualquer entrega para ela. Seguindo o conselho dado pelo velho mendigo, anunciou que o buquê fora enviado pelo senhor Richardson assim que saiu de sua fábrica. No mesmo instante o gerente se admirou... Para concluir sua armação, a moça emendou que o aristocrata lhe preparava uma festa.
O gerente ainda tentou dar início ao assunto da dívida, mas ela o impediu dizendo que o hotel teria de solucionar o sumiço das flores, pois em caso contrário teria de apresentar uma denúncia à polícia. Para ainda mais convencer, lamentou que o senhor Richardson vivia a sugerir-lhe que se mudasse de hotel. E para o espanto do gerente e dos funcionários que a ouviam, manifestou grande indignação ao revelar que não ficaria calada como ficou da “vez anterior”, quando o chefe de polícia lhe enviou uma caixa de rosas que não lhe entregaram.
Quase que a pedir desculpas, o gerente respondeu que não sabia dos episódios relatados. Para mais pressioná-lo, ameaçou-o falando que além de não resolver os seus problemas ainda a aguardava para constrangê-la. O homem desconversou e respondeu que estava ali para pedir-lhe desculpas pelos inconvenientes.
Indicação (não informada)
Um abraço
Prof.Gilberto

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