Talvez seja interessante retomar https://aulasprofgilberto.blogspot.com/2021/02/a-opera-de-tres-vintens-peca-de-bertold_25.html antes
de ler esta postagem:
Estamos
neste ponto em que Polly se propôs a apresentar a canção de Jenny, a pequena e pobre
copeira que trabalhava no reles boteco de hotel decadente do Soho e vivia a
servir frequentadores embriagados e arrogantes que só sabiam humilhá-la... Entendemos
que o maior desejo de Jenny só podia ser o de deixar aquele lugar e partir em
um navio para bem longe.
Polly fez os capangas de Mac Navalha participarem com as provocações que
os odiosos fregueses dirigiam à Jenny... Um teve de dizer “Então, quando é que
vai chegar teu navio, Jenny?”; outro a afrontou perguntando “Você continua
lavando os copos, Jenny, sua noiva de piratas?
(...)
A canção de “Jenny-Pirata”
“Meus
senhores, hoje eu lavo copos
E
faço a cama de qualquer freguês,
Aceitando
gorjetas. No papel
De
pobre empregada num sujo hotel,
E
ninguém pergunta: quem és?
Mas
um dia ouvem-se gritos no porto
E
perguntam: que sons infernais?
Ao
me verem sorrindo sobre os copos:
Por
que raios sorri sempre mais?
E a nau de oito
velas,
Com
cinquenta canhões,
Ancora
no cais.
E
dizem: lava seus copos, menina!
E
dão-me algum vintém.
A
grana é tomada, a cama feita ligeiro,
Mas
ninguém deita mais no travesseiro,
E
quem sou, não sabe ninguém!
Mas
um dia ouvem-se gritos no porto
E
perguntam: que sons infernais?
Ao
me verem de pé atrás das janelas,
Dizem:
que sorriso de azar!
E a nau de oito
velas,
Com
cinquenta canhões,
Bombardeia
o lugar.
Meus senhores,
seu riso logo passa.
Estes muros
estão por cair,
A cidade está
por ser devastada,
Só um sujo hotel
sobra no nada:
E quem vivo
consegue sair?
Nesta noite,
ouvem-se gritos em torno
E dizem: por que
o hotel se salvou?
Quando fecho a
porta pela última vez,
Perguntam: é ela
que lá morou?
E a nau de oito velas,
Com cinquenta canhões,
Embandeira o convés.
Desembarcam cem homens ao meio-dia,
E nas sombras vão se envolver
E prendem um em cada lugar,
Para eu os presos julgar,
Perguntando: quem deve morrer?
E reina o silêncio total no porto
Quando indagam: quem deve ser morto?
Todos! – falo sem pestanejar.
E ao tombar a cabeça, digo: - oba!
E a nau de oito velas,
Com cinquenta
canhões,
Some comigo no mar”.
(...)
O bandido Matthias foi o primeiro a manifestar aprovação... Disse que
achou muito legal... E engraçado, pois madame Polly levava muito jeito para a
apresentação. Navalha chamou-lhe a atenção e vociferou que a apresentação de
Polly não tinha nada de engraçado ou legal, pois era arte... Parabenizou a
esposa, disse que os “bostas” de seus capangas não mereciam, e na sequência
pediu desculpas ao reverendo.
Mac Navalha falou baixinho junto ao ouvido de
Polly que a apresentação não o agradara e que não gostaria que ela repetisse
aquele tipo de encenação no futuro.
Continua em https://aulasprofgilberto.blogspot.com/2021/03/a-opera-de-tres-vintens-peca-de-bertold_1.html
Leia: “A
ópera de três vinténs”. Editora Paz e Terra.
Indicação do filme (14 anos)
Um
abraço,
Prof.Gilberto