sexta-feira, 26 de março de 2021

“A Ópera de Três Vinténs” – peça de Bertold Brecht musicada por Kurt Weill – deixando claro ao Matthias que há várias formas de subir na vida quando se está no mundo do crime; despedida do casal marginal, promessas de fidelidade e desilusão; aproxima-se o momento da coroação; a mãe de Polly se entende com Jenny Espelunca e acredita que o Navalha visitará o prostíbulo mesmo sofrendo perseguição policial


O Navalha riu-se do pobre Matthias e de seu desejo de se tornar famoso por espetaculares delitos, como o de incendiar o hospital infantil de Greenwich... O chefe levantou a mão na altura do pescoço em gesto de clara indicação de enforcamento e disse ao capanga que de qualquer modo ele “subiria na vida” (ao cadafalso) ainda que pensasse que podia “concorrer” com o “mestre”. Na sequência fez piada com a situação: “Onde já se viu um professor de Oxford deixar qualquer um de seus assistentes assinar seus erros científicos? Ele mesmo assina”.
Robert foi quem encerrou a conversa ao se dirigir à Polly e garantir que, enquanto Mac Navalha estivesse viajando, ela podia contar com eles às quintas-feiras para a “prestação de contas”.
(...)
O bando se retirou.
Navalha voltou-se para a esposa e pediu que não se esquecesse de se maquiar diariamente como se a vida continuasse a mesma... De sua parte, ela pediu para ele não mais olhar para outras mulheres. Insistiu que não se tratava de ciúme.
O Navalha a tranquilizou. Garantiu que não tinha o menor interesse por “baldes furados”, pois a amava. Também explicou que logo que anoitecesse fugiria a cavalo e, antes mesmo que ela pudesse contemplar a lua, ele já teria ultrapassado o pântano de Highgate.
Novamente Polly se entristeceu e disse que tinha o coração partido. Ele bem que poderia ficar e seriam felizes... Mac respondeu que ele também partia o próprio coração, pois devia ir embora sem saber quando voltaria. Ela lamentou e deixou escapar que “durou pouco”...
Por acaso acabou? Era o fim? Foi o que ele quis saber. Polly não respondeu a essas questões diretamente e disse que havia tido um sonho na última noite... “Olhava pela janela e ouvia uma gargalhada desde a rua”... A lua estava muito fina, tal qual “um vintém bastante gasto”. O que mais tinha a dizer? Pediu ao marido que, onde estivesse, não se esquecesse dela. Ele respondeu que não a esqueceria e pediu-lhe um beijo de despedida...
Adeus Mac... Adeus Polly... O Navalha se retirou lembrando da canção do casal à luz do luar no Soho pouco antes de se casarem: “O amor dura ou chega ao fim; Neste ou noutro lugar”.
(...)
Polly ficou só... Deixou escapar que “E ele não mais voltará” e pôs-se a cantar:

                   “Tudo era belo, então,
                   Mas agora só resta a dor.
                   Arranca seu coração,
                   Diga adeus, meu amor!
                   Não adianta o lamento!
                   Virgem do céu, ouve esta prece!
                   Ah, se minha mãe soubesse
                   O que comigo acontece!”

Os sinos das igrejas de Londres começaram a repicar... Polly soube no mesmo instante que a grande comitiva da rainha chegava em procissão... Londres... Onde ela estaria no dia da coroação.
(...)
Neste ponto o texto da peça situa o intermezzo...
Vemos Célia Peachum e a prostituta Jenny Espelunca diante da cortina...
A mãe de Polly orienta a outra a denunciar o Mac Navalha ao policial mais próximo assim que ela e suas companheiras forem contatadas pelo bandido. Se assim o fizerem receberão dez xelins...
Jenny explica que dificilmente encontrariam o Navalha, pois a polícia já estava em seu encalço. Certamente não iria ter com elas quando a caçada mais feroz tivesse início...
Dona Célia explicou que mesmo com toda Londres atrás dele, o marginal não renunciaria a seus hábitos.
(...)
A Senhora Peachum parecia saber o que dizia... Prova disso é que na sequência ela cantou a “Balada da servidão sexual”.
Leia: “A ópera de três vinténs”. Editora Paz e Terra.
Indicação do filme (14 anos)
Um abraço,
Prof.Gilberto

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