Talvez seja interessante retomar https://aulasprofgilberto.blogspot.com/2021/03/a-opera-de-tres-vintens-peca-de-bertold_23.html antes
de ler esta postagem:
Os
últimos registros da postagem anterior sobre o texto da peça dão conta de que o
Senhor Peachum decidiu que “fariam o que devia ser feito”, ou seja, dariam
marcha ao plano de mandar prender o Navalha e conduzi-lo à forca. Para isso
ordenou que sua esposa se dirigisse para Turnbridge, onde deveria contatar e “subornar”
as prostitutas que protegiam o bandido... Ele e Polly iriam ter com o chefe de
polícia.
Vimos que no filme não ocorre dessa maneira, já que
os três compareceram diante de Brown.
O primeiro ato se encerra com a canção “sobre a instabilidade das circunstâncias
da vida humana”, que é interpretada pelo “rei dos mendigos”, sua esposa e
Polly.
(...)
A respeito da canção que encerra
o primeiro ato, podemos dizer que pai, mãe e filha manifestam desejos de vida
mais digna e sem atropelos... Contudo sabem que a realidade de suas existências
é de instabilidade que afasta das coisas agradáveis e moralmente respeitáveis.
Segue a canção da peça:
Sobre a instabilidade das circunstâncias da vida humana
“Polly –
É demais, meu coração?
Nesta
vida castigada
Entregar-se
e ser amada,
É
absurda ambição?
Peachum (está com a
Bíblia na mão)
Já que
a vida é breve, o homem tem direito
De
estar feliz, em nosso mundo cão,
Para o
prazer da mesa e do leito,
E mastigar,
não pedra, mas pão.
É seu
sagrado, primordial direito.
Mas que
o tal direito fosse concedido,
Nunca ouviu-se
em sérias conversas;
O homem
gosta de ser bem-servido,
Porém as
circunstâncias são adversas.
Senhora Peachum –
Eu gostaria de ser boa
E lhe dar o que
quiser:
Da vida a
florida coroa –
Acredite: com
prazer.
Peachum – Ser homem bom! Sim, quem não
gostaria?
Doar tudo aos pobres nos seduz.
Seu reino advém com nossa melhoria,
E quem não quer estar na sua luz?
Ser homem bom! Sim, quem não gostaria?
No entanto, infelizmente, em nossa vida,
Pessoas são sovinas e perversas.
Quem não prefere paz e harmonia?
Porém as circunstâncias são adversas.
Polly e Senhora Peachum – Infelizmente ele tem
razão:
O mundo é pobre, o homem, um vilão.
Peachum – Naturalmente,
estou com a razão:
O mundo é pobre, o
homem, um vilão.
Quem não pretende um
Éden terreal?
Mas e as
circunstâncias, afinal?
Elas se negam a
corresponder.
E vejam bem: seu
mais querido irmão,
Faltando o bife,
vira furacão
E
pisa-lhe bem o rosto, pode crer!
E ser leal, não é o
maior prazer?
Porém, sua esposa
adorada,
Sentindo sua chama
já cansada,
Pisa-lhe bem o
rosto, pode crer!
E grato, quem será
que não quer ser?
Porém, seu próprio
filho bem-amado,
Quando, no fim, o
vir desamparado,
Pisa-lhe bem o
rosto, pode crer!
E ser humano, quem
não pretende ser?
Polly e a
Senhora Peachum – Eis a eterna mesmice,
Isso é uma
chatice.
O mundo é pobre,
o homem, um vilão.
Infelizmente ele
tem razão.
Peachum - Naturalmente, estou com a razão:
O mundo é pobre, o homem, um vilão.
Não
fossem as pessoas tão perversas
E nossas circunstâncias, adversas.
Os
três – Basta que se confira:
O
mundo é uma mentira!
Peachum
- O mundo é pobre, o homem, um vilão.
Infelizmente,
estou com a razão.
Os
três – Eis a eterna mesmice,
Isso
é uma chatice.
Basta
que se confira:
O
mundo é uma mentira!”
Continua em https://aulasprofgilberto.blogspot.com/2021/03/a-opera-de-tres-vintens-peca-de-bertold_25.html
Leia: “A
ópera de três vinténs”. Editora Paz e Terra.
Indicação do filme (14 anos)
Um
abraço,
Prof.Gilberto