quinta-feira, 25 de março de 2021

“A Ópera de Três Vinténs” – peça de Bertold Brecht musicada por Kurt Weill – Polly revela a conversa de Peachum com o chefe de polícia; acusações graves que punem com a forca; aconselhado a fugir por um tempo, Mac transfere o controle do “negócio” para a mulher; fichas dos capangas, perfil, serviços prestados e orientação de entregar alguns à justiça; discutindo sobre os quartos alugados pelo Navalha


Na abertura do segundo ato, vemos Polly alertando o marido bandido a respeito das conversações de seu pai com Brown... Como se pode depreender, o texto não apresenta o diálogo tal como assistimos no filme, em que o chefe de polícia se curvou diante das ameaças do “rei dos mendigos”.
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Polly chegou à estrebaria visivelmente agitada... Mac Navalha notou o seu apavoramento e quis saber o que estava acontecendo, então ela pediu que ele não se assustasse e foi explicando que estivera com o velho Peachum no escritório de Brown... Falou que conversaram e que no começo o amigo manifestou apoio, mas depois concluiu que o camarada Navalha devia “sumir por uns tempos”. Sendo assim, precisava arrumar suas coisas o mais rápido possível e fugir.
O Navalha respondeu que aquilo era bobagem e que no momento pretendia “fazer outra coisa com Polly”, e não as malas... A garota o repeliu ao mesmo tempo que disse que estava assustada porque durante o encontro só falavam de forca.
Mas como podia ser? O bandido redarguiu garantindo que não constava nada contra ele na Scotland Yard. Polly disse que talvez sua condição tivesse mudado muito de um dia para outro... Na sequência explicou que tinha uma lista de acusações e nem sabia se conseguiria lembrar de todas elas... Então falou do “assassinato de dois comerciantes, trinta arrombamentos, incêndios, vinte e três assaltos, falsificações, homicídios premeditados, falsos testemunhos”... E tudo em apenas um ano e meio!
Polly mais se entristeceu ao dizer que as autoridades sabiam que ele havia seduzido “duas irmãs menores em Winchester”... Em sua defesa, Mac Navalha respondeu que as garotas em questão haviam lhe dito que “tinham mais de vinte anos”. O que Brown dissera a respeito?
Polly respondeu que o chefe de polícia lhe avisou que não podia fazer nada pelo amigo... Desolada, lançou-se ao pescoço do marido marginal. Mac Navalha mostrou resignação e disse que, já que teria de partir, era melhor passar a ela a “direção do negócio”.
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A moça mais se entristeceu... Disse que não era momento para falarem de “negócios”, pois sequer podia ouvir a respeito. Pediu que a beijasse e jurasse que “nunca”... Estava provavelmente a falar do caso das duas irmãs, mas o outro a interrompeu.
Ele a levou à mesa e a colocou numa cadeira. Na sequência mostrou-lhe os livros de contabilidade, a relação dos capangas, o tempo de serviço de cada um e o que haviam conseguido em suas ações criminosas. Mostrou-lhe anotações que revelavam suas impressões a respeito dos homens. Sobre o Jakob-dedo-de-gancho, por exemplo, “um ano e meio de serviço”, alguns relógios de ouro, o que era pouco, mas o tipo “trabalhava limpo”... Polly foi para o colo do marido, mas este tinha pressa de passar-lhe novas informações.
Mac leu sobre o Walter-salgueiro-chorão e comentou que se tratava de tipo “pouco confiável”, já que eventualmente se metia em projetos “por conta própria”... Aconselhou Polly a mantê-lo por mais umas seis semanas e devia entregá-lo ao Brown...
A moça estava atenta às informações, mas não conseguia conter as lágrimas... Mac prosseguiu com as fichas dos capangas... Sobre Jimmy II, disse que era um “sujeito descarado”. Dava lucro, mas era dos que surrupiavam até “as calcinhas das senhoras da alta sociedade”. Sugeriu a Polly que lhe desse um “adiantamento”.
Sobre Robert-serrote, pouco a dizer, já que se tratava de um tipo sem qualquer talento, que “não morre enforcado, mas também não devia nada”. De resto orientou Polly a seguir fazendo o que já sabia: levantar-se às sete, se lavar, tomar banho...
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Por fim, Polly acabou concordando que devia fazer um esforço e “cuidar dos negócios”. O que era de Mac era dela também! Disse isso e perguntou a respeito de alguns quartos que ele mantinha... Não seria melhor se desfazer deles? Era muito gasto com aluguel! Livrando-se dos quartos, podiam economizar um bom dinheiro.
O Navalha não concordou e afirmou que ainda precisava dos quartos... Ela insistiu que os aluguéis consumiam dinheiro... Ele respondeu que estava com a impressão de que ela achava que o marido não mais voltaria.
Leia: “A ópera de três vinténs”. Editora Paz e Terra.
Indicação do filme (14 anos)
Um abraço,
Prof.Gilberto

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