Talvez seja interessante retomar https://aulasprofgilberto.blogspot.com/2021/03/a-opera-de-tres-vintens-peca-de-bertold_17.html antes
de ler esta postagem:
Jenny
olhou fixamente para Mac Navalha...
Vê-se que ela o considerava mais do que a um simples amigo. Suas
palavras pareciam sinceras demais e provavelmente concordou com ele quando lhe
disse que “um cavalheiro não teria muito mais a dizer à sua amada” (que jamais
a esqueceria). Ela deixou escapar um sorriso e ele brincou de soprar fumaça do
charuto em seu rosto.
De um momento para outro já
não estava chateada e o abraçou afetuosamente. Mas a reconciliação parecia
tardia... É que ocorreu uma agitação na casa e Jenny entendeu que só podia ser
por causa da intromissão da Senhora Peachum e policiais, que haviam recebido o
seu sinal pouco antes. Ela puxou o amigo para escondê-lo atrás da cortina de um
dos reservados da sala. Sem perder tempo avisou-o de que precisava fugir, pois
devia ter sido traído.
Mac Navalha entendeu que estavam no seu encalço e
perguntou se havia alguma saída que ele não conhecesse no casarão. Logo os
policiais abriram a porta e tudo o que viram foi a pobre Jenny rolar por baixo
da cortina de tecido... Rolou pelo assoalho dizendo que o bandido acabara de
fugir pela janela. Mas evidentemente isso fazia parte de um plano que os dois
tinham improvisado, pois assim que os tiras se dirigiram à janela, o bandido
pôde se retirar com tranquilidade para outro corredor.
As garotas da casa permaneceram agrupadas a um canto e assistiram
atônitas à retirada de seu cliente predileto, que, mais tranquilo, tomou
charuto, cartola e bengala e saiu mandando-lhes acenos.
(...)
O problema é que os corredores da grande casa estavam
ocupados pelos policiais... Um deles
percebeu que por trás de certa porta havia
movimentação suspeita e, de fato, o fugitivo passava por ali. Ao notarem que o
tira havia descoberto o Navalha, as mulheres avançaram para impedir que
chegasse até ele.
E tanto fizeram que conseguiram imobilizar o tira... Este nada mais pôde
fazer além de soprar seu apito para avisar os parceiros. Enquanto isso, o
Navalha avançou por outro corredor e venceu outra porta.
Na sequência o vemos acessar os telhados... Com desenvoltura, caminhou
sobre calhas e telhas. Arriscou-se pendurando-se no beiral para avançar ao
local onde desceria. Mas o contingente policial era grande e vários deles já se
posicionavam na parte mesma em que o emboscariam.
Enquanto alguns tiras
percorriam o telhado, o Navalha já alcançara o solo firme. Ele olhou à sua
volta e entendeu que estava livre, apesar do som dos muitos apitos na escuridão
da noite. Alguns passos e alcançou uma estreita esquina... Foi por pouco que
não esbarrou numa senhorita que caminhava em sentido contrário. Ambos seguiram o
caminho que vinham fazendo, mas acabaram retornando à mesma esquina, pois ele
se interessou por ela... E ela por ele.
(...)
Mac Navalha deu início a
uma conversa sobre a pressa que podia impedi-los de se conhecer... Ela quis
saber se alguém o aguardava... Ao longe os apitos dos policiais fizeram o
bandido pensar que podia mesmo “unir o útil ao agradável” e respondeu que “ela
pode esperar”... Novo apito e ele deu a entender que se retiraria, mas a moça
explicou que morava bem perto.
Ela
o puxou... Nada mais explícito. Pararam subitamente ao ouvirem outro apito bem
estridente. A garota até quis saber o que significava aquele barulho todo. Sem
perder tempo, o Navalha respondeu que deviam “deixar para lá” e logo chegaram
ao local que ele esperava ser “útil e agradável”. Foi só o tempo de fecharem a
porta e três policiais passaram às carreiras diante da morada da jovem.
(...)
A tela se escureceu e na cena seguinte vemos a mãe de Polly chegando
agitada à sua casa, onde também funcionava o escritório Peachum. Ela grita chamando
o marido. Quando este aparece, anuncia-lhe que o Navalha havia fugido graças à
ajuda de suas mulheres...
(...)
O velho Peachum sorriu... Achou
graça da referência às “mulheres dele” o terem ajudado, mas ao mesmo tempo ironizou
que “a mulher em questão” era o chefe Brown... Em outras palavras, quis dizer
que o bandido só havia escapado porque havia sido ajudado pelo chefe de polícia
da cidade.
A Senhora Peachum ouviu a
teoria sem nada dizer... O marido esbravejou que o tira havia se superado e
que, assim sendo, era tempo de pensar no desfile da coroação.
Obviamente o “rei dos mendigos” não descartara
tumultuar as festividades como havia dito em tom de ameaça ao Tiger Brown em
seu gabinete.
Continua em https://aulasprofgilberto.blogspot.com/2021/03/a-opera-de-tres-vintens-peca-de-bertold_21.html
Leia: “A
ópera de três vinténs”. Editora Paz e Terra.
Indicação do filme (14 anos)
Um
abraço,
Prof.Gilberto