quinta-feira, 18 de março de 2021

“A Ópera de Três Vinténs” – peça de Bertold Brecht musicada por Kurt Weill – retomando o filme; Jenny se encanta com as palavras do Navalha; começam a se entender, mas os tiras chegaram ao prostíbulo para prendê-lo; uma fuga espetacular; um encontro inesperado; o “rei dos mendigos” pretende vingar-se


Jenny olhou fixamente para Mac Navalha...
Vê-se que ela o considerava mais do que a um simples amigo. Suas palavras pareciam sinceras demais e provavelmente concordou com ele quando lhe disse que “um cavalheiro não teria muito mais a dizer à sua amada” (que jamais a esqueceria). Ela deixou escapar um sorriso e ele brincou de soprar fumaça do charuto em seu rosto.
De um momento para outro já não estava chateada e o abraçou afetuosamente. Mas a reconciliação parecia tardia... É que ocorreu uma agitação na casa e Jenny entendeu que só podia ser por causa da intromissão da Senhora Peachum e policiais, que haviam recebido o seu sinal pouco antes. Ela puxou o amigo para escondê-lo atrás da cortina de um dos reservados da sala. Sem perder tempo avisou-o de que precisava fugir, pois devia ter sido traído.
Mac Navalha entendeu que estavam no seu encalço e perguntou se havia alguma saída que ele não conhecesse no casarão. Logo os policiais abriram a porta e tudo o que viram foi a pobre Jenny rolar por baixo da cortina de tecido... Rolou pelo assoalho dizendo que o bandido acabara de fugir pela janela. Mas evidentemente isso fazia parte de um plano que os dois tinham improvisado, pois assim que os tiras se dirigiram à janela, o bandido pôde se retirar com tranquilidade para outro corredor.
As garotas da casa permaneceram agrupadas a um canto e assistiram atônitas à retirada de seu cliente predileto, que, mais tranquilo, tomou charuto, cartola e bengala e saiu mandando-lhes acenos.
(...)
O problema é que os corredores da grande casa estavam ocupados pelos policiais... Um deles
percebeu que por trás de certa porta havia movimentação suspeita e, de fato, o fugitivo passava por ali. Ao notarem que o tira havia descoberto o Navalha, as mulheres avançaram para impedir que chegasse até ele.
E tanto fizeram que conseguiram imobilizar o tira... Este nada mais pôde fazer além de soprar seu apito para avisar os parceiros. Enquanto isso, o Navalha avançou por outro corredor e venceu outra porta.
Na sequência o vemos acessar os telhados... Com desenvoltura, caminhou sobre calhas e telhas. Arriscou-se pendurando-se no beiral para avançar ao local onde desceria. Mas o contingente policial era grande e vários deles já se posicionavam na parte mesma em que o emboscariam.
Enquanto alguns tiras percorriam o telhado, o Navalha já alcançara o solo firme. Ele olhou à sua volta e entendeu que estava livre, apesar do som dos muitos apitos na escuridão da noite. Alguns passos e alcançou uma estreita esquina... Foi por pouco que não esbarrou numa senhorita que caminhava em sentido contrário. Ambos seguiram o caminho que vinham fazendo, mas acabaram retornando à mesma esquina, pois ele se interessou por ela... E ela por ele.
(...)
Mac Navalha deu início a uma conversa sobre a pressa que podia impedi-los de se conhecer... Ela quis saber se alguém o aguardava... Ao longe os apitos dos policiais fizeram o bandido pensar que podia mesmo “unir o útil ao agradável” e respondeu que “ela pode esperar”... Novo apito e ele deu a entender que se retiraria, mas a moça explicou que morava bem perto.
Ela o puxou... Nada mais explícito. Pararam subitamente ao ouvirem outro apito bem estridente. A garota até quis saber o que significava aquele barulho todo. Sem perder tempo, o Navalha respondeu que deviam “deixar para lá” e logo chegaram ao local que ele esperava ser “útil e agradável”. Foi só o tempo de fecharem a porta e três policiais passaram às carreiras diante da morada da jovem.
(...)
A tela se escureceu e na cena seguinte vemos a mãe de Polly chegando agitada à sua casa, onde também funcionava o escritório Peachum. Ela grita chamando o marido. Quando este aparece, anuncia-lhe que o Navalha havia fugido graças à ajuda de suas mulheres...
(...)
O velho Peachum sorriu... Achou graça da referência às “mulheres dele” o terem ajudado, mas ao mesmo tempo ironizou que “a mulher em questão” era o chefe Brown... Em outras palavras, quis dizer que o bandido só havia escapado porque havia sido ajudado pelo chefe de polícia da cidade.
A Senhora Peachum ouviu a teoria sem nada dizer... O marido esbravejou que o tira havia se superado e que, assim sendo, era tempo de pensar no desfile da coroação.
Obviamente o “rei dos mendigos” não descartara tumultuar as festividades como havia dito em tom de ameaça ao Tiger Brown em seu gabinete.
Leia: “A ópera de três vinténs”. Editora Paz e Terra.
Indicação do filme (14 anos)
Um abraço,
Prof.Gilberto

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