quinta-feira, 25 de março de 2021

“A Ópera de Três Vinténs” – peça de Bertold Brecht musicada por Kurt Weill – mal-estar sobre os quartos alugados; insegurança quanto à fidelidade de Mac Navalha e temores sobre a feroz perseguição; brilhante ideia de mudança para o ramo bancário; comunicando sobre a troca do comando aos homens; um entrevero com Matthias e firme postura da capitã


A discussão sobre os quartos alugados pelo Navalha gerou certo mal-estar entre ele e Polly... Será que ela imaginava que o marido não voltaria mais? Foi o que ele quis saber... A garota explicou que esperava que ele voltasse e assim poderia alugá-los novamente.
Na verdade, outras preocupações a atormentavam... Será que ele permaneceria fiel mesmo estando distante? Sem pestanejar, Mac Navalha respondeu que, “claro”, lhe seria fiel, pois “amor com amor se paga”... Será que ela pensava que ele não a amava? Por fim disse que sua visão era “para mais adiante” do que a dela...
Polly respondeu que tinha de agradecer-lhe... Como podia se comportar daquela maneira? O marido mostrando-se preocupado com ela enquanto outros o perseguiam ferozmente!
(...)
“Cães de caça” foi a expressão que Polly usou para se referir aos que o perseguiam... Isso o paralisou por um instante, mas logo apressou-se a se vestir. E mesmo caminhando em direção à saída foi orientando a esposa a continuar enviando “o lucro para o banco Jack Poole”, de Manchester... Desabafou que em algumas semanas deixaria o “negócio” (o “mundo do crime”). Estava pensando seriamente em se transferir “para o ramo bancário”, mais seguro e lucrativo*... Acrescentou que Polly deveria retirar o dinheiro do “negócio”... Depois tinha de ir ao escritório de Brown para entregar-lhe a “lista” (dos capangas que haviam sido descartados por ele e seriam entregues à polícia) da ralé que desapareceria “no xadrez de Old Bailey”.

                   *Não temos como não observar a ironia brechtiana no trecho... O bandido deixaria o ramo das “maracutaias” para migrar para o “ramo bancário”... Por que permanecer um bandido do submundo se podia se tornar banqueiro?

Por um momento, Polly deixou de lado a própria tristeza para se referir aos capangas que seriam entregues... Perguntou ao Navalha como é que ele ainda podia olhá-los depois de riscá-los do livro de registros... Ele praticamente os encaminhava à forca! Apertaria suas mãos?
Mac Navalha mostrou-se surpreso... Ela estava comovida pelos destinos de Robert-serrote, Matthias-moeda, Jackob-dedo-de-gancho? Eram todos patifes! Foi o que sentenciou.
(...)
Os capangas se aproximaram sem desconfiar de nada do que o chefe havia conversado com a esposa... Ele os recebeu alegremente... Polly os cumprimentou com um “boa tarde”.
O Matthias adiantou-se para informar que havia obtido a programação das festividades da coroação... Seriam dias trabalhosos para o bando... O arcebispo de Canterbury devia chegar às cinco e meia da tarde... Portanto, segundo o capanga, deviam partir imediatamente.
O Navalha concordou e emendou com um “é verdade, vocês têm que partir já”... Robert quis entender por que ele estava se excluindo. O chefe respondeu que precisaria fazer uma pequena viagem. Robert tentou adivinhar se não o estavam querendo prender... Matthias completou que, sem a participação do capitão, a coroação seria “como pão sem manteiga”.
O chefe não quis saber de conversa... Esbravejou que deviam calar a boca e já foi esclarecendo que por pouco tempo “a direção do negócio” seria função de Polly. Ele a empurrou para a frente do grupo; ela pôs-se a falar que o capitão podia partir tranquilamente, pois os que ficavam dariam conta do recado. Por fim conclamou-os a fazerem um “serviço de primeira!”.
Matthias se intrometeu a dizer que ele mesmo não “apitava nada” no grupo, mas achava que o momento era dos mais problemáticos... Não saberia dizer se uma mulher... Não completou a frase, mas todos entenderam o que ele queria transmitir. Tanto é que emendou que não tinha nada contra a madame...
Mac Navalha que se manteve a certa distância perguntou à Polly o que ela tinha a dizer a respeito da intromissão daquele tipo... No mesmo instante Polly se virou para o Matthias e chamou-o de canalha. Gritou que, daquela maneira, estavam começando bem... Obviamente não era “nada contra ela” porque, se fosse, os demais já o teriam arrancado as calças e lhe dado uma bela surra.
Matthias encolheu-se... Os demais aplaudiram a patroa. Jakob afiançou que ela estava com a razão e todos podiam acreditar nela. Walter também se manifestou e pediu palmas à capitã, que sabia falar bem.
(...)
Todos gritaram vivas à Polly. Mac Navalha gostou da reação de todos e disse que estava chateado por não poder participar dos eventos da coroação, certamente um grande negócio... Lembrou que durante o dia os apartamentos ficariam vazios e à noite os grã-finos se embebedariam. Neste ponto voltou-se ao Matthias, lembrou-lhe que costumava beber demais e falava o que não devia... Inclusive noutro dia insinuara que havia incendiado “o hospital infantil de Greenwich”. Se isso ocorresse novamente, seria despedido.
Olhando diretamente para o tipo, o Navalha perguntou quem havia incendiado o hospital... Matthias assumiu a autoria. O chefe balançou negativamente a cabeça e perguntou aos demais, que responderam que o hospital foi incendiado pelo Capitão Macheath...
Matthias lamentou e concluiu que era por isso que pessoas como ele nunca “subiam na vida”.
Leia: “A ópera de três vinténs”. Editora Paz e Terra.
Indicação do filme (14 anos)
Um abraço,
Prof.Gilberto

Páginas