Talvez seja interessante retomar https://aulasprofgilberto.blogspot.com/2021/03/a-opera-de-tres-vintens-peca-de-bertold_25.html antes
de ler esta postagem:
A
discussão sobre os quartos alugados pelo Navalha gerou certo mal-estar entre
ele e Polly... Será que ela imaginava que o marido não voltaria mais? Foi o que
ele quis saber... A garota explicou que esperava que ele voltasse e assim
poderia alugá-los novamente.
Na verdade, outras preocupações a atormentavam... Será que ele
permaneceria fiel mesmo estando distante? Sem pestanejar, Mac Navalha respondeu
que, “claro”, lhe seria fiel, pois “amor com amor se paga”... Será que ela
pensava que ele não a amava? Por fim disse que sua visão era “para mais adiante”
do que a dela...
Polly respondeu que tinha
de agradecer-lhe... Como podia se comportar daquela maneira? O marido
mostrando-se preocupado com ela enquanto outros o perseguiam ferozmente!
(...)
“Cães de caça” foi a expressão que Polly usou para se
referir aos que o perseguiam... Isso o paralisou por um instante, mas logo
apressou-se a se vestir. E mesmo caminhando em direção à saída foi orientando a
esposa a continuar enviando “o lucro para o banco Jack Poole”, de Manchester...
Desabafou que em algumas semanas deixaria o “negócio” (o “mundo do crime”).
Estava pensando seriamente em se transferir “para o ramo bancário”, mais seguro
e lucrativo*... Acrescentou que Polly deveria retirar o dinheiro do “negócio”...
Depois tinha de ir ao escritório de Brown para entregar-lhe a “lista” (dos
capangas que haviam sido descartados por ele e seriam entregues à polícia) da
ralé que desapareceria “no xadrez de Old Bailey”.
*Não temos como não
observar a ironia brechtiana no trecho... O bandido deixaria o ramo das “maracutaias”
para migrar para o “ramo bancário”... Por que permanecer um bandido do submundo
se podia se tornar banqueiro?
Por um momento, Polly deixou de lado a própria
tristeza para se referir aos capangas que seriam entregues... Perguntou ao
Navalha como é que ele ainda podia olhá-los depois de riscá-los do livro de
registros... Ele praticamente os encaminhava à forca! Apertaria suas mãos?
Mac Navalha mostrou-se surpreso... Ela estava comovida pelos destinos de
Robert-serrote, Matthias-moeda, Jackob-dedo-de-gancho? Eram todos patifes! Foi
o que sentenciou.
(...)
Os capangas se aproximaram sem desconfiar de nada do que o chefe havia
conversado com a esposa... Ele os recebeu alegremente... Polly os cumprimentou
com um “boa tarde”.
O Matthias adiantou-se para
informar que havia obtido a programação das festividades da coroação... Seriam
dias trabalhosos para o bando... O arcebispo de Canterbury devia chegar às
cinco e meia da tarde... Portanto, segundo o capanga, deviam partir
imediatamente.
O Navalha concordou e
emendou com um “é verdade, vocês têm que partir já”... Robert quis entender por
que ele estava se excluindo. O chefe respondeu que precisaria fazer uma pequena
viagem. Robert tentou adivinhar se não o estavam querendo prender... Matthias
completou que, sem a participação do capitão, a coroação seria “como pão sem
manteiga”.
O
chefe não quis saber de conversa... Esbravejou que deviam calar a boca e já foi
esclarecendo que por pouco tempo “a direção do negócio” seria função de Polly.
Ele a empurrou para a frente do grupo; ela pôs-se a falar que o capitão podia
partir tranquilamente, pois os que ficavam dariam conta do recado. Por fim
conclamou-os a fazerem um “serviço de primeira!”.
Matthias se intrometeu a dizer que ele mesmo não “apitava nada” no
grupo, mas achava que o momento era dos mais problemáticos... Não saberia dizer
se uma mulher... Não completou a frase, mas todos entenderam o que ele queria transmitir.
Tanto é que emendou que não tinha nada contra a madame...
Mac Navalha que se manteve
a certa distância perguntou à Polly o que ela tinha a dizer a respeito da
intromissão daquele tipo... No mesmo instante Polly se virou para o Matthias e
chamou-o de canalha. Gritou que, daquela maneira, estavam começando bem...
Obviamente não era “nada contra ela” porque, se fosse, os demais já o teriam
arrancado as calças e lhe dado uma bela surra.
Matthias encolheu-se... Os demais aplaudiram a patroa.
Jakob afiançou que ela estava com a razão e todos podiam acreditar nela. Walter
também se manifestou e pediu palmas à capitã, que sabia falar bem.
(...)
Todos gritaram vivas à Polly. Mac Navalha gostou da reação de todos e disse
que estava chateado por não poder participar dos eventos da coroação,
certamente um grande negócio... Lembrou que durante o dia os apartamentos
ficariam vazios e à noite os grã-finos se embebedariam. Neste ponto voltou-se
ao Matthias, lembrou-lhe que costumava beber demais e falava o que não devia...
Inclusive noutro dia insinuara que havia incendiado “o hospital infantil de
Greenwich”. Se isso ocorresse novamente, seria despedido.
Olhando diretamente para o tipo, o Navalha perguntou quem havia
incendiado o hospital... Matthias assumiu a autoria. O chefe balançou
negativamente a cabeça e perguntou aos demais, que responderam que o hospital
foi incendiado pelo Capitão Macheath...
Matthias lamentou e concluiu que era por isso
que pessoas como ele nunca “subiam na vida”.
Continua em https://aulasprofgilberto.blogspot.com/2021/03/a-opera-de-tres-vintens-peca-de-bertold_26.html
Leia: “A
ópera de três vinténs”. Editora Paz e Terra.
Indicação do filme (14 anos)
Um
abraço,
Prof.Gilberto