Talvez seja interessante retomar https://aulasprofgilberto.blogspot.com/2021/02/rei-do-congo-mentira-que-virou-folclore_27.html antes
de ler esta postagem:
As
pesquisas realizadas por Tinhorão dão conta de que após a morte de D. Antonio I
no confronto em Ambuíla (1665), o Congo teve ainda 27 outros “reis”... Parte
deles é conhecida graças aos registros de Alfredo de Sarmento em “Os sertões d’África”,
todavia não se conhece o período em que alguns deles governaram.
O livro cita alguns: “D. Pedro III; D. Manuel II; D. Nicolau I; D.
Sebastião I; D. Álvaro X; D. José I; D. Afonso IV; D. Antonio II; D. Álvaro XI;
D. Aleixo I; D. Henrique I”.
Além desses, o livro cita
os nomes de quinze outros “reis” e os períodos em que governaram. A lista foi
sistematizada pelo autor graças às pesquisas que realizou, notadamente em “As
cartas do ‘rei’ do Congo”, de Antonio Luís Ferronha...
(...)
O último dos “monarcas” citado por Ferronha é D. Pedro
V, que reinou entre 1859 e 1860...
Já Basil Davidson publicou “Mãe Negra”, no qual aponta certo D. Martinho
como “quinquagésimo quinto manicongo”. Os levantamentos realizados por Tinhorão
trazem 48 manicongos “com seus nomes expressamente citados” pelos “autores que contribuíram
para a listagem de ‘reis’”.
Apesar de Davidson, pesquisador inglês, não citar a
fonte de onde teria obtido a informação, este D. Martinho é tido como último “rei
do Congo” e teria morrido na virada do século XIX para o XX.
Uma nota do livro destaca fragmento de “Mãe Negra”, de Basil Davidson:
“O último dos ‘Senhores
do Congo’ morre a cerca de cinquenta anos (“Mãe Negra” foi lançado em 1961),
sem honras nem cânticos, numa apagada discrição cuja autoridade há muito se
desvanecera e cujo prestígio jazia escondido nas tradições apenas meio
lembradas de um povo cativo. Seu nome de batismo era D. Martinho e, no mundo
africano, já não passava de uma recordação. E, todavia, tratava-se de uma
recordação grandiosa. D. Martinho descendia de uma longa linhagem de
governantes. Era o quinquagésimo quinto manicongo”.
(...)
Tinhorão esclarece que o “apagamento
da importância do ‘reino do Congo’” teria se iniciado em 1661, com a morte de
D. Garcia II Afonso e se “consumado com o trágico fim de D, Antonio I em 1665
em Ambuíla”... Destaca ainda que por este tempo Angola havia se tornado a
colônia mais interessante para Portugal na África, e que o tráfico de escravos
para os canaviais do Brasil conferia ainda mais importância à região. O “desastre
institucional do Congo” deve ser entendido a partir dessa realidade.
(...)
Por fim, o autor retoma as
considerações de Lourenço Farinha (1694), para quem a desolação no Congo se
instalara e chegara a tal estado por aquele tempo em que, como já citamos
anteriormente, “os lobos, onças e leões ali (na capital, São Salvador) podiam
passar muito à vontade”.
O
aludido tempo era o do “reinado” de D. Pedro IV (Noaku a Muemba), 1684 a 1710,
e no Planalto angolano começaram a se formar “reinos de imitação”.
O próximo fragmento é de “História de Angola”, do
Grupo de Trabalho História e Etnologia do MPLA... De acordo com este documento,
em Bié, Bailundo e Tchiyaka (os três estados mais importantes do Planalto
angolano), entre 1700 e 1898/início do século passado, contaram-se 59 “reis”:
“Em 1680, o chefe
Tchilulu, saindo de Uamba, veio formar o reino de Tchiyaka. Em 1671, Kutuku-la-Menzu,
vindo dos Bângelas, onde havia jagas, fundou o reino Ndulu (hoje esse
território chama-se Andulo). Em 1700 pouco mais ou menos, o chefe Katiavala,
vindo do Kibala, fundou o reino de Bailundo. Cerca de 1750, Viyé, guerreiro
caçador do sul (Kembe), veio instalar-se em Bié. Em 1760, um homem chamado
Kakonda, originário de Luanda, foi vendido em Benguela como escravo. Kakonda evadiu-se
e veio fundar o reino de Kakonda. Assim se formaram os principais reinos do Planalto”.
(...)
Do que até aqui se expôs, fica claro que a sequência de “reis” do Congo
e os de Angola se relacionam à “criação política dos primeiros descobridores/colonizadores
lusitanos na África”.
As considerações finais apresentadas nesta
postagem concluem a temática... E ao mesmo tempo introduzem os assuntos que são
tratados no final do livro, sobre as congadas no Brasil e ainda a sobre “origem
e cultura dos negros de Lisboa dos séculos XV a XIX”.
Continua em https://aulasprofgilberto.blogspot.com/2021/03/rei-do-congo-mentira-que-virou-folclore_7.html
Leia: Rei
do Congo. Editora 34.
Um
abraço,
Prof.Gilberto