Talvez seja interessante retomar https://aulasprofgilberto.blogspot.com/2021/03/a-opera-de-tres-vintens-peca-de-bertold_2.html antes
de ler esta postagem:
Um
narrador...
Acompanhado pelo realejo, ele canta ao seu público que “um homem vive
pela própria cabeça”, que “ele precisa de um número maior”... Sugere que também
a gente expectadora poderia experimentar tentar... “sua cabeça não alimentará
um par de piolhos”... E mais: “entenda, nesta existência”; “um homem nunca é
esperto o suficiente”; “por causa de sua fraqueza”; “por enganar e blefar”; “então
faça o seu plano”; “sim, seja uma luz brilhante”; “e faça um segundo plano”; “nenhum
deles dará certo”; “entenda, nesta existência”; “não há homem mau o suficiente”;
“mas é bonito observá-los”; “tentando ser valentes”; “é claro, busque a sua
sorte”; “mas não precisa ter pressa”; “homens valentes sempre correm atrás da
sorte”; “a sorte sempre corre por último”; “entenda, nesta existência”; “as
exigências do homem são difíceis demais”; “todo seu esforço clamoroso”; “é auto
ilusório”.
A mensagem é sobre Mac, suas
artimanhas, decisões e enrascadas.
(...)
A tela se escurece novamente...
Vemos Mac Navalha em seu esconderijo. Ele estava ditando uma série de
itens que eram datilografados por um de seus capangas. Ele ostentava seu
tradicional chapéu, vestia longo casaco e fumava um cachimbo que lhe conferia
ares importantes.
A lista se referia à divisão de tarefas do bando,
levantamento do que haviam realizado e novas missões a serem atribuídas a cada
um.
Em relação ao item número oito, cofres na Oak Street, acabava de dizer
que nenhuma apólice foi surrupiada e que subtraíram somente dinheiro. Aos
risos, o capanga datilógrafo concluiu que o bando não se envolveria em “fraude
de apólices”. Na sequência, o chefe dita a missão de certo Jimmy Two, que se
encarregaria do comando de um comboio de explosivos... Novamente o datilógrafo
se intrometeu sorrindo para cravar que “tudo bem” se outro morresse, pois não
estava “produzindo” o suficiente...
O Navalha dirigiu um olhar de repreensão e disparou um “olha só quem
fala!”... Ele consultou um volumoso calhamaço e fez a leitura do “aproveitamento”
do capanga datilógrafo no último mês, “três, quatro, cinco relógios de ouro”...
Sem dúvida, bem pouco. O outro não conseguiu disfarçar a vergonha e voltou a golpear
as teclas da máquina... Impassível, o chefe retomou a lista e ditou o item
número nove, que continha as informações sobre a “hora do assalto; 8:30;
durante a coroação”... No mesmo instante, o capanga datilógrafo agitou-se e
observou assustado que haveria muitos guardas no evento.
Mac Navalha acrescentou no
mesmo instante que “seria uma moleza, pois todos os guardas estariam bêbados”.
O capanga datilógrafo animou-se e pôs-se a rir novamente.
(...)
Neste momento Polly chegou
apavorada e alertando o marido sobre a necessidade de ele fugir imediatamente.
Ele não deu muita atenção e disse que aquilo era uma bobagem, mas Polly
insistiu que ele devia sair urgentemente.
Os demais
capangas foram se aproximando para ouvir o que Polly tinha a dizer. Ela puxou o
Navalha para o fundo do esconderijo e começou a falar que tinha ido ao Tiger
Brown e que seu pai, J.J. Peachum, também esteve lá. Disse que tiveram uma
reunião e que decidiram prendê-lo, por isso era preciso fugir.
Mais uma vez ele disse que Polly só estava lhe trazendo bobagens. Disse
que ela precisava manter a calma, pois preferia “fazer outra coisa” a fugir...
Ela protestou e lembrou que o momento não estava para curtirem a paixão dos
recém-casados... Depois explicou que Brown o havia defendido no começo da
audiência, mas depois “o entregou”. O chefe de polícia conseguiu conversar com
ela à parte e explicou que não podia fazer mais nada por ele.
Não podia ser! Mac pensou
que tudo aquilo era um disparate. Como podia ser? Confiava plenamente no velho
amigo Brown! Além do mais, tinha convicção de que a polícia nada tinha contra
ele... Polly respondeu que a situação podia ter mudado de um dia para outro.
Ontem havia sido “outro dia”... No momento a polícia tinha muito contra ele.
Mac tirou o casaco e largou a tradicional bengala...
Polly pegou os acessórios e observou a atitude do marido. O que ele faria? Sem
pestanejar, ela começou a expor uma das acusações. Entristecida, disse que em
Winchester, Mac havia seduzido duas irmãs, ambas menores de idade... Ele se
defendeu dizendo que elas lhe garantiram que tinham mais de trinta anos.
Polly não escondeu sua indignação... Quis saber se ele aprontara com as
duas ao mesmo tempo... Tudo o que Mac respondeu foi que o velho Peachum era um
ingrato. Então era daquele modo que o agradecia por ter se casado com sua
filha?
Por fim admitiu que devia se retirar... E se era
assim, Polly devia assumir os “negócios”.
Continua em https://aulasprofgilberto.blogspot.com/2021/03/a-opera-de-tres-vintens-peca-de-bertold_14.html
Leia: “A
ópera de três vinténs”. Editora Paz e Terra.
Indicação do filme (14 anos)
Um
abraço,
Prof.Gilberto