Talvez seja interessante retomar https://aulasprofgilberto.blogspot.com/2021/03/a-opera-de-tres-vintens-peca-de-bertold_21.html antes
de ler esta postagem:
O
“rei dos mendigos” não ficou nada satisfeito ao saber que a filha tinha se
casado em segredo com um criminoso... Tampouco a Senhora Peachum conseguiu
segurar sua indignação... Tinha de ser com um salteador, ladrão de cavalos? Por
outro lado, não podia esperar por coisa melhor, já que, desde pequena, a filha
mantinha seu nariz em pé como se fosse a própria rainha...
Peachum estava espantado com a ousadia do “criminoso notório” que, tendo
obtido “de bandeja” a sua filha e arrimo da sua velhice, o que mais podia
esperar? Não achava direito renunciar seu direito à companhia de Polly...
Aquilo só podia ser comparado ao anúncio de sua morte!
A Senhora Peachum se
desesperou com as palavras do marido... Imaginou que estivesse perdendo o juízo
e pediu uma dose de Cordial Médoc. Na sequência desmaiou. Irritado, Peachum
esbravejou com a filha, a quem chamou de “fêmea de criminoso” e a culpou pelo
desequilíbrio emocional da mãe...
Em vez de pânico, Polly manifestou ares de felicidade,
pois não estava arrependida de ter se casado com o Navalha... Ela providenciou
a garrafa do licor e sugeriu que se oferecesse dois copos à mãe, já que, quando
“não estava muito católica”, ela aguentava uma boa dose dupla... De fato, logo
a Senhora Peachum despertou assim que tomou do álcool e já foi protestando
contra o “zelo fingido e o falso cuidado” da filha.
(...)
De repente apareceram cinco mendigos que tinham registro na firma de
Peachum... Eles nitidamente estavam incomodados com os acessórios que
utilizavam... Um deles manifestou o protesto (repleto de erros de concordância)
contra a firma, que o fizera gastar com um coto “mal arranjado”... No mesmo
instante, o patrão respondeu que o acessório era tão bom como os demais, o
problema é que o tipo não o mantinha devidamente limpo.
O mendigo estava mesmo muito irritado e questionou
Peachum a respeito da dificuldade de se receber esmolas com aquele coto...
Arrancou a peça e a atirou no chão, depois emendou que era melhor que cortassem
a perna “de verdade”. O “rei dos mendigos” quis dizer que não tinha culpa se as
pessoas não eram generosas e não davam esmolas. Cravou que não podia fornecer
cinco cotos a eles. Era demais! Lamentou que conseguia transformar um sujeito
“numa carcaça tão lamentável que até um cachorro choraria ao vê-lo”, no entanto
era obrigado a ouvir aquele desaforo... Então sugeriu que o tipo pegasse mais
um coto, já que não conseguia se virar com apenas um. Mas o aconselhou a cuidar
melhor dos acessórios.
O que fazia o protesto concordou que sua situação poderia melhorar...
Peachum avaliou a prótese do segundo e desaprovou o couro da peça. Gritou para
a esposa que a borracha “é bem mais nojenta” e apropriada naqueles casos. Ao
terceiro mendigo, Peachum explicou que o “inchaço” havia diminuído demais, por
isso teriam de “começar tudo de novo”. Ao quarto dos rapazes disse apenas que a
infecção que trazia (uma “tinha”; ou tinea corporal) era natural e, por isso,
era imperfeita e assim sendo talvez tivesse de providenciar uma artificial... O
quinto teve de ouvir que sofreria umas medidas drásticas por ter se
empanturrado de comida, o que o fez “perder a forma ideal”.
O mendigo respondeu que não tinha culpa, pois não havia comido nada
demais. A “gordurinha” a mais que trazia não era normal. Peachum não quis saber
e o demitiu sumariamente. Depois voltou-se novamente para o segundo dos
mendigos e esclareceu que ele não conseguia comover os transeuntes... O que o
moço precisava era de mais talento, pois naquela “profissão” é preciso ser
artista para tocar o coração das pessoas. Se trabalhasse direito, seria
“aplaudido de pé”, mas como não tinha criatividade também não servia para o
serviço e, por isso, também foi demitido.
(...)
Os mendigos se retiraram...
Polly mostrou um retrato de
Mac Navalha e pediu a opinião da mãe... Ele não é bonito? Está certo, ela podia
entender que nem todos podiam concordar, mas fez questão de dizer que ele era
um “notável arrombador”, “salteador experiente e de visão”... E não é só isso.
Polly garantiu que já tinha conhecimento do total de dinheiro guardado pelo
marido, uma poupança considerável! E tanto é que previa que após mais algumas
ações bem-sucedidas poderiam juntar o suficiente para adquirir uma casa de
campo.
Neste
ponto, Polly fez questão de acrescentar que a ideia de casa no campo era algo
apreciado pelo próprio pai, admirador de Shakespeare, também amante da vida no
campo.
Peachum não deu atenção... Simplesmente disse
que o caso era que a filha estava casada e nem precisavam pensar no que devia
fazer. Ele sugeriu o divórcio. Célia Peachum concordou, mas Polly respondeu que
não podia entender o que diziam porque, se amava o Navalha, como podia pensar
em divórcio?
Continua em https://aulasprofgilberto.blogspot.com/2021/03/a-opera-de-tres-vintens-peca-de-bertold_23.html
Leia: “A
ópera de três vinténs”. Editora Paz e Terra.
Indicação do filme (14 anos)
Um
abraço,
Prof.Gilberto