segunda-feira, 22 de março de 2021

“A Ópera de Três Vinténs” – peça de Bertold Brecht musicada por Kurt Weill – ainda o texto da peça; Peachum não aprovou o casamento de Polly, pois entendia que o bandido Navalha se intrometeria em seus negócios, além de tirar-lhe o arrimo; o desmaio da senhora Célia; cinco mendigos, suas reclamações e as medidas tomadas pelo patrão; Polly prevê que em pouco tempo poupariam para uma casa de campo; como podem pensar em divórcio?


O “rei dos mendigos” não ficou nada satisfeito ao saber que a filha tinha se casado em segredo com um criminoso... Tampouco a Senhora Peachum conseguiu segurar sua indignação... Tinha de ser com um salteador, ladrão de cavalos? Por outro lado, não podia esperar por coisa melhor, já que, desde pequena, a filha mantinha seu nariz em pé como se fosse a própria rainha...
Peachum estava espantado com a ousadia do “criminoso notório” que, tendo obtido “de bandeja” a sua filha e arrimo da sua velhice, o que mais podia esperar? Não achava direito renunciar seu direito à companhia de Polly... Aquilo só podia ser comparado ao anúncio de sua morte!
A Senhora Peachum se desesperou com as palavras do marido... Imaginou que estivesse perdendo o juízo e pediu uma dose de Cordial Médoc. Na sequência desmaiou. Irritado, Peachum esbravejou com a filha, a quem chamou de “fêmea de criminoso” e a culpou pelo desequilíbrio emocional da mãe...
Em vez de pânico, Polly manifestou ares de felicidade, pois não estava arrependida de ter se casado com o Navalha... Ela providenciou a garrafa do licor e sugeriu que se oferecesse dois copos à mãe, já que, quando “não estava muito católica”, ela aguentava uma boa dose dupla... De fato, logo a Senhora Peachum despertou assim que tomou do álcool e já foi protestando contra o “zelo fingido e o falso cuidado” da filha.
(...)
De repente apareceram cinco mendigos que tinham registro na firma de Peachum... Eles nitidamente estavam incomodados com os acessórios que utilizavam... Um deles manifestou o protesto (repleto de erros de concordância) contra a firma, que o fizera gastar com um coto “mal arranjado”... No mesmo instante, o patrão respondeu que o acessório era tão bom como os demais, o problema é que o tipo não o mantinha devidamente limpo.
O mendigo estava mesmo muito irritado e questionou Peachum a respeito da dificuldade de se receber esmolas com aquele coto... Arrancou a peça e a atirou no chão, depois emendou que era melhor que cortassem a perna “de verdade”. O “rei dos mendigos” quis dizer que não tinha culpa se as pessoas não eram generosas e não davam esmolas. Cravou que não podia fornecer cinco cotos a eles. Era demais! Lamentou que conseguia transformar um sujeito “numa carcaça tão lamentável que até um cachorro choraria ao vê-lo”, no entanto era obrigado a ouvir aquele desaforo... Então sugeriu que o tipo pegasse mais um coto, já que não conseguia se virar com apenas um. Mas o aconselhou a cuidar melhor dos acessórios.
O que fazia o protesto concordou que sua situação poderia melhorar... Peachum avaliou a prótese do segundo e desaprovou o couro da peça. Gritou para a esposa que a borracha “é bem mais nojenta” e apropriada naqueles casos. Ao terceiro mendigo, Peachum explicou que o “inchaço” havia diminuído demais, por isso teriam de “começar tudo de novo”. Ao quarto dos rapazes disse apenas que a infecção que trazia (uma “tinha”; ou tinea corporal) era natural e, por isso, era imperfeita e assim sendo talvez tivesse de providenciar uma artificial... O quinto teve de ouvir que sofreria umas medidas drásticas por ter se empanturrado de comida, o que o fez “perder a forma ideal”.
O mendigo respondeu que não tinha culpa, pois não havia comido nada demais. A “gordurinha” a mais que trazia não era normal. Peachum não quis saber e o demitiu sumariamente. Depois voltou-se novamente para o segundo dos mendigos e esclareceu que ele não conseguia comover os transeuntes... O que o moço precisava era de mais talento, pois naquela “profissão” é preciso ser artista para tocar o coração das pessoas. Se trabalhasse direito, seria “aplaudido de pé”, mas como não tinha criatividade também não servia para o serviço e, por isso, também foi demitido.
(...)
Os mendigos se retiraram...
Polly mostrou um retrato de Mac Navalha e pediu a opinião da mãe... Ele não é bonito? Está certo, ela podia entender que nem todos podiam concordar, mas fez questão de dizer que ele era um “notável arrombador”, “salteador experiente e de visão”... E não é só isso. Polly garantiu que já tinha conhecimento do total de dinheiro guardado pelo marido, uma poupança considerável! E tanto é que previa que após mais algumas ações bem-sucedidas poderiam juntar o suficiente para adquirir uma casa de campo.
Neste ponto, Polly fez questão de acrescentar que a ideia de casa no campo era algo apreciado pelo próprio pai, admirador de Shakespeare, também amante da vida no campo.
Peachum não deu atenção... Simplesmente disse que o caso era que a filha estava casada e nem precisavam pensar no que devia fazer. Ele sugeriu o divórcio. Célia Peachum concordou, mas Polly respondeu que não podia entender o que diziam porque, se amava o Navalha, como podia pensar em divórcio?
Leia: “A ópera de três vinténs”. Editora Paz e Terra.
Indicação do filme (14 anos)
Um abraço,
Prof.Gilberto

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