Talvez seja interessante retomar https://aulasprofgilberto.blogspot.com/2021/02/rei-do-congo-mentira-que-virou-folclore_26.html antes
de ler esta postagem:
Após
a morte de Álvaro II ocorreu uma transição...
É que o duque de Bamba assumiu o poder até que Mpangu Nimi Lukeni lua Mbemba,
irmão do finado rei, pudesse “ocupar o trono” em 1615 com o nome cristão de D.
Bernardo II. Este governou por pouco tempo, já que no mesmo ano foi assassinado
por Mvika a Pangu lua Mbemba, seu sobrinho (cujo nome cristão foi D. Álvaro
III).
D. Álvaro III permaneceu
por sete anos no poder... O livro cita seis outros “reis” do Congo após 1622:
* D.
Pedro II Afonso – Mbemba a Mvika lua Ntumba a Mbemba, de 1622 a 1624;
*
D. Garcia I Afonso – Mbemba a Nkanga Ntinu, de 1624 a 1626;
*
Ambrósio I, de 1626 a 1631;
*
D. Álvaro IV, que assumiu o trono aos treze anos e permaneceu no poder até 1636;
*
D. Álvaro V, que governou por apenas seis meses e foi assassinado ainda em 1636;
* D. Álvaro VI, de 1636 a 1641.
(...)
Salientamos anteriormente que o período acima foi de condições muito
desfavoráveis ao Congo e à sua gente...
Em 1640 ocorreu o fim da União Ibérica e, com D. João
IV, Portugal passou pelo processo de Restauração. No território africano,
Nkanga a Lukeni, D. Garcia II, foi elevado à condição de chefe de seu povo...
Mesmo tendo se colocado à disposição para ajudar os holandeses em suas investidas
na região, esse rei conseguiu firmar acordo de paz com D. João IV, o que lhe
possibilitou permanecer no poder até 1661...
Contribuiu para isso o entrevero em Luanda (Angola), ocupada pelos
holandeses desde 1641... Um dos agravantes era a “propagação do protestantismo”
pelos invasores. D. João IV logo considerou a importância dos antigos aliados
cristãos do Congo. Após a expulsão dos holandeses, Congo e Angola receberam
especial atenção do rei português, que tratou de estabelecer a paz.
Apesar do reconhecimento demonstrado por D. João IV, a ideia de uma “reabilitação
da monarquia no Congo” inspirada no antigo projeto e no “modelo europeu” não
vingou.
O sucessor de D. Garcia II
foi certo D. Antonio, que pertencia ao clã dos Kinlaza (ou ainda Ne Nlaza) e
passou para a história como o “rei” que colocou fim à interesseira contribuição
portuguesa à política institucional da África”.
Aconteceu que todos
entenderam a estratégia de Portugal de, a partir de Angola, avançar para o
interior do Congo a fim de explorar minas... Então, a 13 de julho de 1665, o
rei D. Antonio convocou guerreiros par o combate aos “pretendidos invasores”.
Cerca de cem mil congoleses estavam aptos para lutar.
(...)
O
confronto teve início e, de fato, o rei do Congo formou grande exército... A
batalha que definiu a guerra ocorreu a 29 de outubro de 1665, a noroeste de
Luanda, em Ambuíla, junto ao rio Loje na altura em que ocorre a confluência com
o Lifume. Cerca de 400 portugueses de Angola apoiados por seis mil negros impuseram
massacrante derrota aos congoleses, pois contavam com poderosas armas de fogo. D.
Antonio acabou morto e decapitado junto com um de seus filhos.
De acordo com o livro, este acontecimento pode ser apontado como um
marco para o “começo do fim” do projeto português de um reino cristão na
África, protetorado e aliado no combate ao avanço árabe pelo continente... O “reino”
do Congo sofreu um esfacelamento. A notícia sobre as supostas minas no interior
levou os clãs a lutas por áreas diversas... Até mesmo a capital, São Salvador,
foi tomada por chefes ávidos de poder e riquezas. Fragmento de “D. Afonso I,
rei do Congo”, de Antonio Lourenço Farinha, evidencia o anteriormente exposto:
“tempos houve, para maior infortúnio, que não existia
chefe a dirigir o desditoso reino, mas nalguns anos governavam dois a três reis
simultaneamente, funcionando as capitais neste ou naquele marquesado ou
condado, por impossibilidade de fixarem residência, livres e sossegados, em São
Salvador, onde todos pretendiam estabelecer a Corte ao mesmo tempo”.
Depois foi a
desintegração... O mesmo Lourenço Farinha diz que, em 1694, a desolação chegara
a tal estado que “os lobos, onças e leões ali (na capital) podiam passar muito
à vontade”...
A partir de D. Antonio, o Congo teve “uma nova
linhagem de ‘reis’ locais”. Esses pertenceram à linhagem (dinastia) dos Kinlaza
(ou Ne Nlaza) e se sucederam por mais de duzentos anos.
Continua em https://aulasprofgilberto.blogspot.com/2021/03/rei-do-congo-mentira-que-virou-folclore.html
Leia: Rei
do Congo. Editora 34.
Um
abraço,
Prof.Gilberto