Talvez seja interessante retomar https://aulasprofgilberto.blogspot.com/2021/07/1984-de-george-orwell-do-comeco-em-que.html antes
de ler esta postagem:
A teletela era equipamento dos mais avançados...
Ela tanto transmitia discursos e mensagens do Partido como recebia as imagens
de tudo o que estivesse ao alcance de seu “campo de visão”, além dos sons do
interior da residência. Qualquer som mais alto que um cochicho podia ser
captado pela placa metálica.
As pessoas sabiam que
eram vigiadas. Sem terem plena certeza de que isso ocorresse a todo o momento,
procuravam não cometer equívocos que lhes trouxessem complicações com a
“Polícia do Pensamento”. Esta podia entrar em contato a qualquer momento, e
inevitavelmente o indivíduo contatado ficava sem saber se o mesmo ocorria com
outros ou se receberia ligações constantes, e por quanto tempo, até serem
liberados ou encaminhados a temidas instâncias.
(...)
Como se vê, o anteriormente descrito podia levar toda população a uma
verdadeira paranoia, já que pouca coisa escapava da vigilância da “Polícia do
Pensamento”, vivia-se sob a tensão de a qualquer momento ser advertido de algum
modo...
Também
aí é necessário advertir que ninguém tinha plena certeza de que isso realmente ocorreria.
Assim, as pessoas se habituaram a aceitar que os movimentos e sons domésticos
eram sempre captados e analisados por censores rigorosos. Imaginavam que sua
movimentação só podia escapar da vigilância da teletela nas ocasiões em que o
ambiente estivesse às escuras.
(...)
Winston era dos que
evitava cometer deslizes diante da teletela... Por isso se mantinha de costas
para o aparelho o mais que podia. Evidentemente sabia que ainda assim seus
movimentos podiam ser interpretados “pelas costas”.
Ainda
perto da janela do apartamento, o rapaz refletia sobre o Ministério da Verdade,
localizado a um quilômetro de distância de onde morava. Trabalhava naquele
prédio e lembrou-se de sua imponência, já que nenhuma outra construção de
Londres atingia a sua altura.
O prédio do
Ministério da Verdade era realmente algo diferenciado. Nenhum “outro objeto
visível” chegava à sua magnitude. Tratava-se de uma gigantesca pirâmide
revestida por um cimento muito branco e que possuía uma série de terraços,
sendo que o mais elevado estava à altura dos trezentos metros acima do solo.
Para termos uma ideia do colossal tamanho da edificação, desde a janela de seu
apartamento, Winston Smith podia ler os três lemas do IngSoc inscritos em sua
fachada:
“Guerra é Paz. Liberdade é Escravidão. Ignorância é Força”.
O gigantesco Ministério se elevava acima da “paisagem fuliginosa” da
cidade.
Certo desânimo e repugnância o dominaram quando pensou nela, a mais
importante e uma das mais populosas da Oceania. Apesar disso, não conseguia se
recordar de tempos mais antigos, os de sua infância, em que o aspecto de
Londres fosse diferente do que se lhe apresentava...
Não conseguia se lembrar de outro casario que
não fosse aquele constituído por casas do século XIX... A maioria caindo aos
pedaços e com a necessidade de serem amparadas por escoras de madeira, com
janelas remendadas com papelão e telhados com as chapas envergadas de ferro. E
o que dizer dos jardins circundados por muros que ruíam por falta de cuidados?
Praticamente não se
recordava de nada da época de sua infância, apenas “uma série de quadros
iluminados, que se sucediam sem pano de fundo e (que) eram quase
ininteligíveis”. As crateras provocadas por bombas já existiam há muito tempo!
Em muitas delas cresceu um mato volumoso que escondia escombros antigos...
Certas bombas que caíram sobre a cidade eram tão potentes que abriram grandes
clareiras nas quais surgiram barracos de madeira, cujas aglomerações lembravam
galinheiros.
Por tudo isso, Winston não podia deixar de lamentar sempre que pensava
em Londres. Mas, como veremos, outros assuntos estavam incomodando bem mais.
(...)
Dizia-se
que o Ministério da Verdade possuía “três mil aposentos sobre o nível do solo,
e correspondentes ramificações no subsolo”. Outros três prédios tão grandes e
espantosos quanto este marcavam a paisagem de Londres. Tanto é assim que podiam
ser avistados ao mesmo tempo desde o telhado da Mansão Vitória.
Esses outros grandes
prédios abrigavam os outros três ministérios que desenvolviam ações de governo.
Eram eles: o Ministério da Paz; o Ministério do Amor; o Ministério da Fratura.
A
partir das funções que desempenhavam, podemos dizer que:
* O Ministério
da Verdade se encarregava “das notícias, diversões, instrução e belas artes”;
* O Ministério
da Paz “se ocupava da guerra”;
* O Ministério
do Amor “mantinha a lei e a ordem”;
* O Ministério
da Fartura “amparava as atividades econômicas”.
Continua em https://aulasprofgilberto.blogspot.com/2021/07/1984-de-george-orwell-um-pouco-sobre.html
Leia: “1984”. Companhia Editora Nacional.
Um
abraço,
Prof.Gilberto