terça-feira, 6 de julho de 2021

“1984”, de George Orwell – do começo em que Winston Smith segue para o seu apartamento na Mansão Vitória; precariedades do prédio e preparação para a “semana do ódio”; cartazes do Grande Irmão por toda parte; a teletela, equipamento de propaganda e vigilância; a “patrulha da polícia” e a temida “polícia do pensamento”; notícias propagadas pela teletela e as referências críticas que nos remetem ao stalinismo

Talvez seja interessante retomar https://aulasprofgilberto.blogspot.com/2021/07/1984-de-george-orwell-uma-introducao-um.html antes de ler esta postagem:

Fazia pouco que o inverno terminara... O dia dera em ensolarado, mas também em frio, e a ventania incomodava os que tinham necessidade de sair às ruas.
Uma da tarde... Vemos Winston Smith, um tipo loiro de trinta e nove anos, funcionário do Ministério da Verdade, chegando à Mansão Vitória, o prédio onde se localizava o seu apartamento. O homem era franzino, debilitado e tinha uma pele muito clara que evidenciava os arranhões do costumeiro “sabão ordinário” e das lâminas de barbear sem corte. O vemos passando apressadamente pela porta envidraçada tentando escapar da poeira que se levantava desde o calçamento.
(...)
O saguão cheirava a repolho cozido... A parede do fundo exibia o grande e desproporcional cartaz que dominava o ambiente fechado. Nele se via uma “cara enorme”, o Grande Irmão, líder do império. Quem se detivesse a observar com atenção, notaria “o rosto de um homem de uns quarenta e cinco anos, com espesso bigode preto e traços rústicos, mas atraentes”.
Winston subiria ao sétimo andar... Não devemos estranhar que recorresse às escadas, pois ele bem sabia que o elevador era costumeiramente desativado. Somos tentados a pensar que os tempos eram de contenção de gastos, já que durante o dia a eletricidade vinha sendo desligada. É bem verdade que até nas épocas em que não se falava de corte de gastos o elevador raramente funcionava. Os moradores sabiam que aquele tipo de limitação tinha a ver com a “campanha de economia” que os preparava para a “Semana do Ódio”. Algumas postagens a mais e trataremos a respeito de eventos dessa natureza.
Subir os vários degraus era exercício dos mais extenuantes para Winston, principalmente porque lhe doía “uma variz ulcerada acima do tornozelo direito”. Por causa disso o seu caminhar era lento, já que ele tinha de parar para descansar algumas vezes.
A cada andar, junto ao acesso à porta do elevador, deparava-se com um novo grande cartaz do Grande Irmão com a inscrição “O Grande Irmão zela por ti”. Ao passar diante do grande painel tinha-se a sensação de que o olhar do líder máximo acompanhava seus movimentos. 
(...)
Enfim Winston chegou ao seu apartamento... Assim que abriu a porta ouviu a propaganda oficial que era transmitida desde a teletela, “uma placa metálica retangular semelhante a um espelho fosco”.
Toda residência possuía ao menos um desses equipamentos instalados. Winston pôde perceber que a matéria era a respeito da mais que satisfatória produção de ferro gusa. Girou um botão para diminuir o volume do aparelho, que funcionava ininterruptamente e em nenhuma hipótese podia ser desligado.
Dirigiu-se à janela e pela vidraça contemplou a paisagem fria... A poeira da rua era agitada pelo vento que provocava pequenos redemoinhos que espalhavam também tiras de papéis. O céu estava limpo e o sol se fazia presente, mas tudo em volta parecia descorado... De chamativo só mesmo os muitos cartazes que estampavam o bigodudo Grande Irmão, que parecia a tudo observar sem cessar.
Os cartazes estavam por toda parte e transmitiam a mesma mensagem “O Grande Irmão zela por ti”. Smith observou um desses na casa que estava do outro lado da rua... Mais uma vez sentiu como se os olhos escuros do grande líder o estivessem procurando. Outro grande cartaz que podia ser notado mais adiante tremulava conforme era atingido pela ventania, pois não estava bem afixado e apresentava um pequeno rasgo. Por causa disso, a inscrição INGSOC era eventualmente encoberta.
(...)
Como se pode depreender, os cartazes do Grande Irmão eram parte da propaganda e constante vigilância do governo. O aparelho de teletela instalado nas residências tinha as mesmas funções...
Desde a janela do apartamento, Winston notou outro equipamento de patrulhamento utilizado pelo regime... A certa distância, um helicóptero sobrevoava a baixa altitude e pairava por alguns instantes junto aos telhados. Tratava-se da “Patrulha da Polícia” que tinha a missão de “espiar pelas janelas do povo”. Esse tipo de patrulha era bastante comum, e o rapaz sabia que o que mais devia preocupar as pessoas era a “Polícia do Pensamento”.
(...)
No interior do apartamento a teletela continuava a transmitir a matéria a respeito do ferro gusa e sobre a “superação do Novo Plano Trienal”...
Neste ponto vale ressaltar algumas referências críticas descritas pelo autor a fim de caracterizar a estrutura totalitarista existente no mundo de Winston Smith... O patrulhamento e a intensa propaganda política de culto à liderança máxima (bem parecida com o Stalin) se destacam. E o que dizer desse “Novo Plano Trienal”? Como sabemos, a planificação da Economia era cara aos comunistas da URSS...
Leia: “1984”. Companhia Editora Nacional.
Um abraço,
Prof.Gilberto

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