Talvez seja interessante retomar https://aulasprofgilberto.blogspot.com/2021/06/a-invencao-dos-direitos-humanos-uma.html antes
de ler esta postagem:
No
passado, os defensores dos direitos se defrontaram com opositores, a quem
chamavam de “tradicionalistas insensíveis” adeptos de uma sociedade marcada por
injustiças e desigualdades. Os tradicionalistas eram conhecidos também por sua
intenção de fazer prevalecer os “costumes históricos” que patenteavam o
reconhecimento dos poderosos enquanto “maiorais da sociedade” em detrimento do
igualitarismo e dos direitos naturais.
Hoje em dia não basta simplesmente “rejeitar as visões mais antigas”. Os
direitos humanos nos levam a outros enfrentamentos que exigem maior amadurecimento
de todos. A discussão se amplia sempre e o texto lembra, por exemplo, que é
preciso “imaginar o que fazer com os torturadores e os assassinos, como
prevenir o seu surgimento no futuro sem deixar de reconhecer, o tempo todo, que
eles são "nós". Não podemos nem tolerá-los nem desumanizá-los”.
(...)
Não é incomum ouvirmos
falar a respeito das dificuldades de os direitos humanos se tornarem realidade
exatamente por causa das estruturas dos “órgãos, cortes e convenções
internacionais” que mais parecem estorvar do que promover avanços nos programas
que proporcionariam a dignidade humana. Daí as conclusões que cravam tais
estruturas como incapazes.
Lynn Hunt nos lembra que “as cortes e as organizações
governamentais, por mais que tenham alcance internacional, serão sempre freadas
por considerações geopolíticas”, assim, apesar de todas as dificuldades, as
estruturas dos organismos de defesa dos direitos permanecem as mais adequadas
(ou as possíveis) na divulgação, denúncias e promoção dos direitos humanos.
(...)
Além disso, “a história dos direitos humanos mostra que os direitos são
afinal mais bem defendidos pelos sentimentos, convicções e ações de multidões
de indivíduos, que exigem respostas correspondentes ao seu senso íntimo de
afronta”. A autora complementa essas considerações citando o protesto de Rabaut
Saint-Étienne ao governo da França a respeito “dos defeitos” do edito de 1787
sobre a tolerância religiosa aos protestantes:
“Chegou
a hora em que não é mais aceitável que uma lei invalide abertamente os direitos
da humanidade, que são muito bem conhecidos em todo o mundo”.
(...)
As Declarações elucidadas em “A Invenção dos Direitos Humanos” (os
documentos de 1776, 1789 e 1948) são baluartes que amparam o senso que devemos
ter a respeito “do que não é mais aceitável” e que nos levam a apontar como
inadmissíveis toda e qualquer violação dos direitos.
A violação de direitos sempre afligirá e colocará em alerta os que
conhecem os seus significados... A aflição diante das violações ocorre
exatamente porque “conhecemos os significados dos direitos humanos”.
Há este paradoxo, “mas apesar
disso (os direitos) ainda são autoevidentes”.
(...)
Com esta postagem
encerramos as reflexões e estudos sobre “A Invenção dos Direitos Humanos”.
A parte final do livro apresenta os textos das
Declarações de 1776, 1789 e 1948.
Leia: A
Invenção dos Direitos Humanos. Companhia das Letras.
Um
abraço,
Prof.Gilberto