terça-feira, 1 de outubro de 2013

“O Guarani”, de José de Alencar – Peri projetou um plano contra os aventureiros e os aimoré; pregou as portas, manipulou as talhas dos aventureiros e foi atingido pelo punhal do bandido; Martim Vaz inicia o trabalho junto à frágil parede enquanto Loredano tem desagradáveis surpresas; aventureiros acordados e sufocados por intensa fumaça; João Feio manifesta-se contra o renegado italiano

Talvez seja interessante retomar http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2013/09/o-guarani-de-jose-de-alencar-os-aimore.html antes de ler esta postagem:

O dia estava amanhecendo... Martim Vaz pôs-se a trabalhar na parede enquanto Loredano retornou para a cozinha dos aventureiros. Porém foi sufocado por uma tremenda fumaça que invadia todo o alpendre... Os demais aventureiros estavam indignados porque haviam despertado com a sensação de sufocamento... O desespero era geral também porque a ideia de um ataque aimoré não podia ser desprezada.
O italiano quis saber o que estava acontecendo, mas foi interrompido por João Feio que chegou da vigilância que fazia na esplanada. O tipo disparou ofensas a Loredano, a quem chamou de renegado e sacrílego... Foi falando isso exigindo que ele se entregasse a d. Mariz para que fosse castigado. João Feio estava tão indignado que garantiu que ele mesmo resolveria o assunto se o outro não se dirigisse ao fidalgo...
É evidente que, àquela altura, João Feio já estivesse sabendo da vida pregressa de Loredano... O italiano começou a esbravejar na tentativa de intimidá-lo, mas logo percebeu que o seu segredo havia sido descoberto. Disse apenas que o sereno da noite devia ter prejudicado o juízo de João Feio e que o melhor que o rapaz tinha a fazer era deitar-se.
(...)
Peri ainda estava aos pés de sua senhora na sala, quando notou que algo se processava nas passagens e paredes ocultas da casa... Isso se devia às primeiras incursões de Martim Vaz pela brecha do interior, que havia entre os cômodos... É por isso que Peri tratou de percorrer as portas para pregá-las por dentro.
Como sabemos, Peri deixou suas armas e saiu do quarto de Cecília... Ele seguiu pelo corredor e ouviu as pancadas que tinham origem na parede do oratório, e é claro que desconfiou que as armações dos bandidos estivessem em adiantado curso.
Antes mesmo de o italiano conhecer a porta (descoberta por Vaz) que dava acesso ao oratório, Peri chegou à despensa dos aventureiros... Na escuridão do lugar, ele conseguiu definir as talhas que continham líquidos. De repente viu uma luz se aproximando e percebeu que ela iluminava o caminho de Loredano e de Martim Vaz. Bem que o índio pensou em eliminar o bandido ali mesmo, mas seus planos iam além dessa intenção... Não é por acaso que havia chegado àquele local, e dali teria de partir para concluir o plano de salvar a sua senhora... Devia lidar com os aimoré.
Foi Peri quem soprou sobre a vela que Martim Vaz conduzia... O aventureiro imaginou que uma corrente de ar tivesse atrapalhado o percurso que realizavam e, assim, retornou para providenciar outra iluminação... Oculto pela escuridão e com a mão molhada Peri tocou o rosto de Loredano. O italiano (como sabemos) deu um golpe com o seu punhal no ar porque desconfiava da presença de algum inimigo... A verdade é que ele atingiu o braço de Peri, que permaneceu no mais completo silêncio e, para não se denunciar, se retirou para o fundo do alpendre antes que Martim Vaz chegasse com a luz. O índio pegou um dos morcegos que infestavam o teto e o feriu com a faca... Ao procurar a luz, o morcego se aproximou dos dois aventureiros. E foi assim que Loredano entendeu que, na escuridão, havia atingido aquele bicho voador, e não um inimigo humano.
Depois que Loredano se retirou em direção à porta que Vaz pretendia mostrar-lhe, Peri deu prosseguimento aos seus planos... Apoderou-se de roupas que estavam secando e atirou-as ao resto de fogo que havia sido deixado pelos outros dois... Seu objetivo era provocar intensa fumaça para que os demais despertassem e bebessem da água que ele acabara de manipular. Isso explica o relato inicial nessa postagem... Porém só poderemos entender os objetivos de Peri mais tarde.
Leia: O guarani. Editora Ática.
Um abraço,
Prof.Gilberto

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