terça-feira, 8 de outubro de 2013

“O Guarani”, de José de Alencar – Loredano explica o seu plano aos aventureiros escolhidos; os homens ficam sabendo que devem invadir a casa e assassinar a todos, menos Cecília; aceitam a tudo, inclusive trair os antigos companheiros; o italiano não abandonou o sonho de encontrar as minas de prata no interior da Bahia; a religiosidade dos aventureiros impede que derrubem a parede sobre as imagens do oratório; Loredano mais uma vez inconformado

Talvez seja interessante retomar http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2013/10/o-guarani-de-jose-de-alencar-filha-do.html antes de ler esta postagem:

Os aventureiros quiseram conhecer o plano do chefe para livrá-los da morte que os selvagens aimoré traziam. O italiano respondeu que tinha um preço... Os homens estavam desesperados, então pediram esclarecimentos imediatos sobre o acordo que deviam firmar...
Loredano exigia que o acompanhassem e o obedecessem cegamente... Explicou que estavam bem próximos da execução do plano... Deveriam acabar de demolir a parede e invadir o “território de d. Mariz”. Depois teriam de assassinar a todos, menos Cecília... Disse que a queria para si e que, se desejassem ficar com a outra (Isabel), ele permitiria sem ressalvas. Prosseguiu esclarecendo que tomariam a casa, reuniriam os aventureiros e, bem organizados, atacariam os aimoré.
Seus cúmplices ficaram admirados com a última informação que receberam porque tinham ouvido do mesmo Loredano que não teriam a menor chance contra os selvagens. Então perguntaram a ele sobre esta incoerência... O italiano respondeu que não iriam dedicar esforços à resistência... Em vez disso se salvariam...
Foi então que revelou toda a sua crueldade, que consistia em expor os demais aventureiros ao confronto direto com os aimoré enquanto eles, seus fiéis seguidores e mais chegados, se safariam...
Os aventureiros quiseram mais detalhes e ouviram que os índios seriam atacados por dois grupos acomodados no alto do rochedo... Ele mesmo apresentaria a ideia e convenceria aos demais a se concentrarem num ponto específico. Isso seria dispendioso, e Loredano se encarregaria (junto com os seus escolhidos) de sair para cima dos inimigos, que estariam comprometidos com o ataque que recebiam do rochedo... Mas, em vez de lutar, marchariam para o povoado mais próximo, deixando os pobres coitados para trás. Seu plano considerava também a necessidade de se retirarem com víveres para a jornada que empreenderiam...
Um dos que o ouviam atentamente não se conteve e gritou com indignação que o plano era uma traição, pois equivalia a entregar os demais companheiros aos selvagens. Loredano explicou que eles não poderiam esperar nenhuma alternativa melhor do que a que ele oferecia... Disse que o mundo é assim mesmo e que “a morte de uns é necessária para a vida dos outros”... O aventureiro retrucou dizendo que nunca se submeteriam àquela vilania...
A estratégia de Loredano foi levá-los a entender que ele próprio havia se enganado em confiar seu projeto a homens que não valiam a pena salvar a vida... Em seu íntimo, os aventureiros não queriam desistir totalmente da ideia. Então Loredano esclareceu que não se tratava de traição porque, estando acuados pelos ataques e sem possibilidades de defesa, sustentava que era melhor salvar alguns... E garantiu, inclusive, que os que seriam sacrificados morreriam “com a satisfação de que sua morte foi útil aos companheiros”...
Depois dessas palavras os aventureiros concordam que Loredano tinha razão... Algo deveria ser feito porque os “braços cruzados” resultariam num “destino cruel e estéril”... Disseram que ele podia contar com eles... Alguém falou sobre o remorso que carregariam para o resto de suas vidas... Loredano apoiou a ideia de um outro sobre mandar rezar uma missa em memória dos companheiros que morreriam.
Tudo acertado, os homens se puseram a investir contra a parede... O chefe italiano, no entanto, ficou a um canto, onde retirou o seu largo cinto de escamas de aço que escondia o pergaminho com o roteiro para as minas de prata... O bandido recapitulou sua trajetória até aquele momento. Distraiu-se pensando no seu destino em busca da riqueza que se escondia nos sertões da Bahia.
(...)
Os homens continuaram em sua tarefa de derrubar a parede até que notaram que ela desabaria sobre o oratório da casa... Loredano demonstrou-se indignado ao saber que faltava bem pouco para que um simples empurrão derrubasse tudo. Ele perguntou por que os aventureiros haviam interrompido o trabalho, e eles responderam que “atirar as imagens sagradas e bentas ao chão” não era algo a que se dispusessem... Pediam a Deus que ficassem livres de tamanho sacrilégio...
O italiano se revoltou e passou a murmurar sobre a ignorância e estupidez de marmanjos que recuavam perante “um fragmento de madeira e um pouco de argila”.
Leia: O guarani. Editora Ática.
Um abraço,
Prof.Gilberto

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