segunda-feira, 7 de outubro de 2013

“O Guarani”, de José de Alencar – a filha do cacique aimoré tenta seduzir Peri de todas as maneiras; o goitacá permanece firme em seus propósitos; uma paixão inesperada; sabendo que seus segredos já eram conhecidos por aventureiros, Loredano escolhe quatro comparsas para obter fidelidade irrestrita

Talvez seja interessante retomar http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2013/10/o-guarani-de-jose-de-alencar-peri-se.html antes de ler esta postagem:

Peri rejeitava a tudo... Então a indiazinha o abraçou dizendo frases em sua língua... Elas podiam transmitir alguma súplica ou consolo ao que estava para morrer. É claro que ela não entendia que a morte que se aproximava trazia felicidade a Peri... Ao notar que ela o abraçava, o índio fez de tudo para afastá-la. A ele interessava apenas ver finalizados os preparativos aimoré...
A filha do cacique tornou-se frustrada. Em seu cotidiano estava acostumada a ser tratada como a mais bela e desejada por todos os jovens guerreiros. O cacique poderia tê-la destinado ao mais forte deles, mas decidiu que ela serviria ao mais valente de todos os prisioneiros...
Todas as iniciativas da acompanhante de Peri eram ineficazes. Nem mesmo o cauim que ela preparou foi aceito por ele... Ela depositou um cardo bem doce nos lábios dele...
                                                    Conforme esclarece a nota, o cardo é um “fruto da urumbeba e de outras palmas de espinhos (...); vermelho na casca e de polpa branca”.
A tudo Peri rejeitava... Até os lábios encarnados da donzela, que mantinha seu rosto colado ao dele... De olhos fechados ele voltava ao seu pensamento à Cecília. O que o angustiava era a demora dos preparativos cerimoniais, e é por isso que procurou abstrair-se do contexto que estava vivendo.
Ele entreabriu os olhos e viu que a menina se mantinha bem próxima ao seu rosto... Ela havia recebido a ordem de servi-lo, mas aconteceu que se afeiçoara espontaneamente a ele. Ao vê-lo em confronto contra todos os guerreiros de seu povo, e depois tão próximo a ela, o considerou o mais belo e digno de ser amado.
O goitacá passava por uma provação. A menina era uma tentação... Mas sua ideia se fixava apenas no intento a que se submetera. A lembrança de Cecília e dos demais da casa o conservava firme em seus propósitos...  Virou o rosto para não ter de encarar o olhar da indiazinha... E foi assim que pôde contemplar um casal de corrixos (segundo a nota um pequeno pássaro que tem o dom de imitar o canto dos demais) que providenciava a mudança de seu ninho por causa da presença dos guerreiros... Enquanto um desfazia o ninho com o bico, o outro levava gravetos e outros fragmentos para outro lugar... A moça também achou graça dos passarinhos e pôs-se a sorrir enquanto se retirava aos acenos.
Peri não entendeu o que ela queria transmitir-lhe... Então viu que ela retornou com um arco e uma pedra que possuía um fio de corte. Com a pedra ela o desprendeu das cordas. Depois deu a ele o arco e flechas. Ela apontou para a floresta densa, e ele entendeu que estava libertando-o e, talvez inspirada pelo casal de corrixos, mostrando que podiam partir juntos.
É assim que a terceira parte do romance intitulada ’’Os Aimorés”  termina.
(...)
Depois do episódio em que João Feio ameaçou Loredano, o italiano seguiu para a despensa com quatro aventureiros que mais confiava. Ali teve uma conversa cujo conteúdo não devia ser compartilhado com os demais. Depois que notou que seu segredo já era do conhecimento de algumas pessoas, concluiu que deveria modificar o seu plano.
Sua ideia era juntar esse grupo a Martin Vaz, que continuava a atacar a parede que dava para o oratório. Ele entendeu que os seis poderiam derrotar d. Mariz e seus homens. Para convencer os quatro selecionados, disse-lhes que estavam em condição desesperadora por não terem forças para resistir aos aimoré (nós bem sabemos que o flanco dos aventureiros era poupado pelos ataques selvagens). Os homens entenderam que, de fato, mais dia menos dia seriam atacados e vencidos.
Loredano recheou seu relato com advertências horripilantes... Disse que a morte reservada a eles era a pior, pois serviriam de alimento aos canibais... É claro que os aventureiros se sentiram muito mal, e era isso mesmo o que o bandido esperava para dizer que tinha um plano para salvá-los.
Leia: O guarani. Editora Ática.
Um abraço,
Prof.Gilberto

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