sexta-feira, 18 de outubro de 2013

“O Guarani”, de José de Alencar – O dia que se encerrou majestoso precedeu o ataque aimoré; eles estavam na região e derrubaram a grande árvore próxima à cabana de Peri; d. Mariz insistiu para que Cecília ingerisse um cordial a fim de adormecer pesadamente; Peri apossou-se de objetos e explicou à menina que ela viveria; Loredano padece na fogueira; as flechas incendiárias dos guerreiros aimoré começam a atingir o casarão

Talvez seja interessante retomar http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2013/10/o-guarani-de-jose-de-alencar-isabel.html antes de ler esta postagem:

O dia se foi... Na mente de todos havia a certeza de que os guerreiros aimoré voltaram e apenas aguardavam o escurecer para fazer o ataque definitivo ao casarão... De fato, os selvagens trataram de eliminar qualquer possibilidade de fuga dos inimigos sitiados... A escada de pedra era a única saída... Por todos os lados deparava-se com despenhadeiros... Havia a árvore cujos galhos mais altos aproximavam-se da cabana de Peri. Mas só um tipo com a sua agilidade poderia utilizá-la para se retirar do lugar... Mesmo assim, os aimoré (que pretendiam eliminar todos os agregados de d. Mariz) derrubaram a árvore. Caída, a altura de seus seculares galhos atingiam alturas mais avançadas do que muitas outras árvores da floresta.
Peri notou a ação dos inimigos... Nada podia fazer. Sorriu e continuou a trabalhar em seu projeto para libertar Cecília... Torcia uma corda com a folhagem de uma das palmeiras que sustentavam sua cabana. Até então ele já havia cortado duas palmeiras, e rachou uma delas... Mais tarde saberemos quais eram as suas pretensões... O fato é que depois de prestar o favor a Isabel (levando Álvaro ao seu aposento), dedicou-se a torcer a longa corda.
(...)
Ao anoitecer, Peri dirigiu-se à sala... Aires Gomes mantinha-se firme à porta do gabinete... D. Antônio estava acomodado na cadeira enquanto insistia em fazer Cecília beber de uma taça... Dizia que era um cordial (provavelmente vinho do Porto) que a faria bem. Mas a menina manifestava intensa amargura... Quis saber de que serviria ingerir o “revigorante” se bem poucas horas de vida restavam a eles... O pai procurou animá-la dizendo que nem tudo estava perdido, pois havia esperança... Cecília só bebeu da taça porque o pai prometeu falar-lhe sobre a esperança a que se referia.
D. Mariz disse à filha que nenhum inimigo passaria pela porta para realizar qualquer afronta final à família... Depois disso, beijou-lhe a fronte, encostou a cabeça da menina na poltrona, e deixou o gabinete para conferir o que se passava do lado de fora.
Peri viu e ouviu d. Mariz conversando com Cecília. Entrou e apoderou-se de alguns objetos... A menina percebeu os seus movimentos e o inquiriu. O índio explicou, sem entrar em detalhes, que estava de saída, mas que em breve retornaria... A única preocupação de Cecília, que já sentia os efeitos do cordial, era que ele pudesse estar presente no momento de partilhar a mesma morte... Sobre isso, Peri disse que “sim”, ele morreria, mas garantiu que sua senhora permaneceria viva...
Tudo o que ela conseguiu foi perguntar: “Para que viver, depois de perder todos os seus amigos?”... Depois a menina vacilou, deitou a cabeça sobre o espaldar da cadeira e, antes de cair em sono profundo, respondeu a si mesma com um “não!”... Preferiria, antes, morrer como Isabel.
Peri se assustou um pouco com o que ouviu. Inclusive chegou a experimentar umas gotas do fundo do cálice que d. Mariz havia oferecido à filha. Por um momento chegou a imaginar que o fidalgo pudesse articular um ato final desesperado (eliminar a vida da filha querida antes do ataque carnificina), mas, ao se lembrar dos gestos firmes do amigo, repeliu completamente aquele pensamento.
De posse dos objetos que subtraiu na sala, Peri seguiu para o quarto que estava ocupando... D. Mariz continuou sua perambulação e, de certa forma, sua presença reanimou os aventureiros que permaneciam junto à porta... A certa distância podiam ver que Loredano queimava atado ao poste da fogueira que eles haviam montado especialmente para a execução...
(...)
A pira onde Loredano ardia não era o único local onde chamas podiam ser observadas... De repente, várias “listras de fogo atravessaram o ar”... Eram as flechas aimoré lançadas contra o casarão... Elas caíam certeiras sobre o telhado, janelas e paredes.
Leia: O guarani. Editora Ática.
Um abraço,
Prof.Gilberto

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