sexta-feira, 11 de outubro de 2013

“O Guarani”, de José de Alencar – os aimoré encerram o cerimonial para o sacrifício de Peri; o cacique insulta o seu prisioneiro; cânticos e tambores ensurdecedores; Peri está pronto para o suplício (também o que ele planejou); Álvaro, Aires Gomes e aventureiros surgem para salvá-lo, mas pode ser tarde demais

Talvez seja interessante retomar http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2013/10/o-guarani-de-jose-de-alencar-um-pouco.html antes de ler esta postagem:

O cacique se aproximou de Peri e passou a falar com ele em guarani. Disse-lhe que estava ali para matá-lo. Peri respondeu que não o temia. O velho perguntou se ele era goitacá, e Peri respondeu que era seu inimigo. Depois o cacique falou para ele se defender. Peri sorriu e esclareceu que o líder aimoré não era merecedor... É claro que isso tornou o guerreiro da mão decepada ainda mais enfurecido, e por pouco ele não golpeou o prisioneiro com sua tangapema. O velho se acalmou porque o ritual devia ter seu prosseguimento...
A “esposa do que ia ser sacrificado” atravessou o terreiro para entregar um grande vaso de vinho de ananás ao velho cacique, seu pai, que, de um trago bebeu o líquido de forte aroma.
Depois disso, o velho pronunciou-se a Peri de modo que todos pudessem ouvir: “Guerreiro goitacá, tu és forte e valente; tua nação é temida na guerra. A nação aimoré é forte entre as mais fortes, valente entre as mais valentes. Tu vais morrer”.
Os demais guerreiros responderam em coro... O fim de Peri estava próximo...
O cacique continuou a se pronunciar: “Guerreiro goitacá, tu és prisioneiro; tua cabeça pertence ao guerreiro aimoré; teu corpo aos filhos de sua tribo; tuas entranhas servirão ao banquete da vingança. Tu vais morrer”.
Novamente em coro, os demais guerreiros responderam... Um canto mais prolongado, que anunciava as glórias da nação e os feitos heroicos do cacique, foi entoado... Por todo esse tempo Peri manteve-se impassível. Olhava para o cacique, para os guerreiros e para os preparativos destinados ao seu sacrifício. Nesse movimento ia desfazendo um dos nós que carregava em seu saio de algodão...
O velho cacique se aproximou depois que terminou a sua falação... Encarou sua vítima e levantou a pesada clava... Os guerreiros se tornaram ainda mais ansiosos... As velhas também se mostraram impacientes... Só a “noiva do prisioneiro” é que virou o seu rosto para não contemplar o horror aplicado àquele por quem nutria afeto sincero. Então Peri levou as duas mãos ao rosto e curvou a cabeça... O cacique entendeu que aquele gesto era uma manifestação de medo do goitacá, mas em breve conheceremos o real motivo da prostração...
Peri ouviu o cacique sentenciar que sua reação se devia ao medo que tinha da morte que se aproximava. Mas ele levantou a cabeça e todos viram que sua fisionomia era de intensa tranquilidade... Naquele momento Peri estava pronto “para ir se abrigar no seio do Criador”... Olhou para o céu e concentrou-se na imagem de Cecília feliz e salva. Na sequência pediu ao velho cacique que desferisse o golpe fatal.
Os instrumentos provocaram um barulho ensurdecedor... A gritaria e os cânticos completavam a balbúrdia...
A pesada arma do cacique girou no ar... Em meio à confusão foi possível ouvir um estrondo diferenciado... E no mesmo instante um corpo foi ao chão.
(...)
O estrondo se devia a um tiro disparado dentre as árvores... O corpo que se tornou inerte não foi o de Peri. O cacique foi atingido por arma de fogo no momento mesmo em que desferiria o golpe contra o goitacá.
Passou-se um brevíssimo tempo e Álvaro surgiu no terreiro com sua clavina ainda fumegante. Sua espada libertou Peri das cordas ao mesmo tempo em que combatia os guerreiros aimoré... Esses estavam tremendamente transtornados, mas pulavam em cima do invasor.
Álvaro não estava só... Dez homens, incluindo Aires Gomes, o acompanhavam... Com suas armas de fogo e espadas se postaram formando uma proteção a Álvaro e Peri... Embora fossem maioria, os guerreiros aimoré não tinham como vencer a barreira que se formou. Peri observou a tudo sem intervir no confronto. Ficou a imaginar que aquela ação dos aventureiros liderados por Álvaro explicava a aparição da esperançosa Cecília na esplanada. E também que seus planos estavam sendo atrapalhados.
Leia: O guarani. Editora Ática.
Um abraço,
Prof.Gilberto

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