segunda-feira, 14 de outubro de 2013

“O Guarani”, de José de Alencar – o veneno ingerido estava fazendo efeito e Peri morreria no casarão à frente de todos; o goitacá seguiu vacilante para a floresta depois de ouvir sua senhora pedir-lhe que continuasse a viver; Loredano invadiu a casa com seus homens, mas d. Mariz estava bem preparado para recebê-lo; o italiano herético foi sentenciado pelos demais aventureiros à morte na fogueira

Talvez seja interessante retomar http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2013/10/o-guarani-de-jose-de-alencar-o-curare-e.html antes de ler esta postagem:

É claro que isso ocorreria... De repente todos notaram que a fisionomia de Peri mudara drasticamente... Seu organismo começou a sofrer mais agudamente as consequências da ação do poderoso veneno. Cecília ficou apavorada enquanto o amigo dizia que a abandonaria para sempre... Em seu desespero, a menina falava que ele era mau por abandoná-la daquela maneira.
O goitacá estava definhando, mas conseguiu perguntar se sua senhora desejava que ele vivesse... Ela respondeu que sim... Então ele garantiu que viveria ainda.
Peri contorceu-se num esforço tremendo, dirigiu-se à porta e saiu.
Ele desceu a várzea e entrou na floresta... Ia se salvar. Mas d. Antônio não tinha certeza de que isso ocorreria, ao passo que Cecília estava muito esperançosa porque confiava nas promessas do fiel amigo.
(...)
A família se recolheu ainda impressionada com os últimos eventos. Foi Álvaro quem chamou a atenção do fidalgo para a parede do oratório, que balançava como se fosse uma árvore sacudida pelo vento. D. Mariz pediu que as mulheres entrassem no gabinete. Ele e Álvaro se colocaram armados à porta e esperaram... Não demorou e a parede ruiu provocando grande barulho.
Seis homens surgiram do outro lado... Martim Vaz, Loredano e os outros quatro que ele havia selecionado. Os tipos seguiram direto ao gabinete. Porém pararam imediatamente ao notarem um grande vaso com aproximadamente 15 quilos (uma arroba) de pólvora e, a partir dele, um trilho que se estendia até o paiol... Os homens ficaram sem movimento porque, se viessem a se manifestar, Álvaro e d. Mariz disparariam suas armas em direção àquele “vulcão”... Seria o fim de todos... Dona Lauriana, Isabel e Cecília permaneceram ajoelhadas em oração.
Essa recepção aos aventureiros rebeldes nos explica os motivos de d. Mariz confiar a missão de resgatar Peri a Álvaro, Aires Gomes e a todos os demais homens que estavam na casa. De fato, com toda aquela pólvora, tinha plenas condições de afastar os malfeitores.
Os rebeldes permaneceram paralisados... E para complicar ainda mais a sua situação. Aires Gomes chegou com os demais (devemos lembrar que ele havia se dirigido ao alpendre para alertar os aventureiros a respeito do envenenamento de sua água). Há que se destacar que, avisados por João Feio, os que chegaram estavam revoltados contra o frei herético, e dispostos a reatar com d. Mariz.
Loredano viu dois dos seus cúmplices caírem se contorcendo de horríveis convulsões... O curare estava se manifestando. Na sequência, os homens trazidos por Aires Gomes (é bom que se saiba que eles não tiveram acesso à água contaminada porque o próprio italiano os isolou da despensa) dominaram o bandido.
Os aventureiros pediram perdão a d. Mariz, que explicou-lhes que haviam cometido falta gravíssima... Mas ressaltou que todos estavam vivendo delicada condição devido ao ataque dos selvagens e, sendo assim, deviam se unir e se prepararem para morrer como cristãos.
(...)
Apesar da tensão vivida, a família pôde ter algum momento de paz e esperança... Sobretudo porque Loredano foi arrastado para fora e sofreria a punição estabelecida pelos aventureiros... Isso à parte, d. Mariz notava que não tinha motivos para comemorar. Sabia que se não fossem vencidos pelas armas dos aimoré, definhariam pela fome, pois já não havia alimentos a que pudessem acessar... O fidalgo tratou com Álvaro a respeito de como poderiam minorar o drama do sítio que sofriam.
(...)
Enquanto isso, um “conselho de aventureiros” deliberou sobre o fim que caberia a Ângelo do Luca... Os homens o sentenciaram (por unanimidade) culpado e, seguindo o padrão “consagrado pela Inquisição” na punição aos hereges, Definiram a morte na fogueira como castigo ideal.
Leia: O guarani. Editora Ática.
Um abraço,
Prof.Gilberto

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