domingo, 13 de outubro de 2013

“O Guarani”, de José de Alencar – o curare é um veneno muito poderoso; Peri o ingeriu para intoxicar os guerreiros canibais; todos se apavoraram com a narrativa, pois sabiam que logo o goitacá estaria morto; d. Mariz não aprovou a estratégia em relação à contaminação da água dos aventureiros rebeldes; Cecília ficou triste com o procedimento do amigo, mas o perdoou porque reconhecia que o fim de todos estava bem próximo

Talvez seja interessante retomar http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2013/10/o-guarani-de-jose-de-alencar-peri_12.html antes de ler esta postagem:

Todos que ouviam Peri entenderam que sua arma era o veneno que ele havia herdado do pai... Mas como ele o usaria no combate aos aventureiros rebeldes e a tantos selvagens?
Não precisamos de muitos esforços para saber o que havia se sucedido... Devemos creditar a dúvida de todos à incompreensão de um gesto tão abnegado.
Peri explicou que havia envenenado a água que era utilizada pelos aventureiros liderados por Loredano... E para derrotar os aimoré envenenou o próprio corpo que seria por eles devorado...
Essas revelações foram recebidas com um grito de horror... Peri tinha plena confiança no curare. Ele havia utilizado sua capacidade de pensar na trama que engendrara, e sabia que havia grande possibilidade de seu plano resultar em bem sucedido.

                                                           (curare: o veneno cuja produção era segredo de alguns povos, e que a nota esclarece ter sido objeto da admiração dos colonizadores e naturalistas. Humboldt concluiu que os indígenas deviam ter recebido os conhecimentos toxicológicos de alguma grande civilização que teria existido na América em tempos anteriores... Bororé e uirari eram os principais venenos).
                                                           Há outra nota, em francês, que revela mais sobre o curare e sua eficácia... Em síntese, podemos dizer que missionários como o padre Gumilha (que investigou as florestas do Orenoco) e naturalistas como Gilly (autor de Histoire de l’Amérique), o próprio Humboldt (que realizou viagens pelo Amazonas) e doutores (Sigaud e Lacerda) atestaram a eficácia do veneno e as violentas convulsões que ele provoca aos que o ingerem...

Peri sabia que uma pequena parcela de pó bastava para, em pouco tempo, provocar morte... Dois frutos foram suficientes (um para a água e bebidas dos aventureiros, e outro para o auto suplício destinado a ceifar a vida dos aimoré)... O momento em que o cacique aimoré assistiu Peri prostrar-se com as mãos no rosto (e que julgou tratar-se de uma reação medrosa do prisioneiro) era o da ingestão do veneno... Envenenando-se morreria e envenenaria os inimigos canibais.Como sabemos, tudo havia se sucedido exatamente como Peri esperava que ocorresse... Ele conhecia os costumes dos selvagens. Sabia que eles não matavam na guerra o inimigo que se destacava por bravura e heroísmo... Tornavam-no cativo, “para servir ao festim de vingança”... O que ele não contava era com a ação de Álvaro e dos demais aventureiros fiéis a d. Mariz... Peri pretendeu ir até o fim em seus propósitos. Mas reconheceu que Álvaro tinha razão e que, no ponto em que estavam, Cecília ficaria completamente indefesa.
(...)
Todos se impressionaram com o relato de Peri, e não conseguiram articular um juízo que revelasse solução para o drama que viam se aproximar... D. Antônio, além de ficar estarrecido com a atitude suicida de Peri, pensou sobre o envenenamento imposto aos rebeldes aliados de Loredano, algo que não aceitava porque equivalia a “descer ao nível do assassinato”. A primeira reação do fidalgo foi fazer Aires Gomes alertar os desgraçados sobre o risco que corriam.
(...)
Cecília dirigiu-se a Peri, que não conseguia encará-la de frente. O goitacá sentia-se um criminoso, pois achava que suas atitudes haviam ofendido diretamente a sua senhora... Ela perguntou-lhe por que insistiu na desobediência se ele sabia que seu sacrifício não seria aceito como condição de salvamento da vida dela. E completou dizendo que tudo o que ele fez resultou mesmo em ofensivo.
Muito acanhado, Peri respondeu que havia pedido perdão... Cecília disse que o perdoava, pois o sofrimento de todos duraria pouco tempo mais.
Leia: O guarani. Editora Ática.
Um abraço,
Prof.Gilberto

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