domingo, 20 de outubro de 2013

“O Guarani”, de José de Alencar – Peri se torna cristão; com tristeza, d. Mariz e dona Lauriana se despedem da filha; fuga e primeiros desafios; já no rio, Peri observa os dramas da fortaleza; Loredano queima; a casa queima; inúmeros selvagens morrem ao derrubarem a parede principal

Talvez seja interessante retomar http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2013/10/o-guarani-de-jose-de-alencar-cecilia_19.html antes de ler esta postagem:

O ataque dos selvagens veio fulminante... D. Antônio admitia a derrota, mas não permitiria que os aimoré os ultrajassem. Fica claro que lançaria mão dos recursos que tinha para evitar que os encontrassem com vida...
Como vimos, os escrúpulos de nobre fidalgo o impediram de aceitar o plano de fuga oferecido por Peri... É certo que lamentava profundamente saber que Cecília amargaria um fim tão trágico e por isso, no último instante, acenou com a possibilidade de salvar a filha ao dizer ao goitacá que, se ele se tornasse cristão, teria o seu consentimento para conduzi-la ao Rio de Janeiro.
(...)
Imediatamente Peri assumiu que queria se tornar cristão... Evidentemente ele entendeu que essa era a condição a qual deveria se submeter para salvar a sua senhora. D. Mariz explicou-lhe que, na hora extrema, todo cristão pode batizar. Então ordenou que o índio se ajoelhasse, batizou-o e anunciou que doravante teria um nome cristão: Antônio... Peri beijou a cruz da espada... No mesmo instante pôs-se a postos para iniciar a fuga com Cecília.
O fidalgo sabia que o amigo não mediria esforços para socorrer sua amada filha... Todavia pediu-lhe que não permitisse que ela caísse em mãos inimigas se seu plano não lograsse sucesso... O goitacá convertido prestou mais esse juramento e pediu que as portas fossem fechadas. Ele não queria que os selvagens, que subiam o rochedo e já se aproximavam da casa, notassem a sua fuga. Dona Lauriana teve tempo apenas de envolver Cecília numa manta de seda... Com um singelo beijo na fronte da filha, pai e mãe se despediram.
Peri estava impaciente... Não podia esperar mais... As flechas incendiárias penetravam as frestas da porta e janelas... Toda a casa estava tremendo devido à chegada da leva de guerreiros aimoré. Eles já se lançavam contra a casa em chamas e batiam violentamente contra a porta principal.
Cecília foi acolhida nos braços de Peri, que seguiu no rumo do quarto outrora utilizado por ela. Aproveitando-se dos galhos da árvore que os selvagens haviam cortado e uma das palmeiras que era esteio de sua cabana, o goitacá (em meio à escuridão e com Cecília nos braços) atravessou o abismo apoiando-se na palmeira...
(...)
Como podemos perceber, essa empreitada era mesmo das mais complexas para um tipo como d. Mariz. Ele mesmo garantia a Peri que não teria as condições físicas necessárias... No momento em que o goitacá arriscava mais uma vez a vida para salvar Cecília, ao fidalgo restava aguardar que os tacapes que batiam contra as paredes da casa cumprissem o seu papel de conduzir os que nela se protegiam ao derradeiro momento de suas existências.
(...)
Peri conseguiu chegar ao outro lado em segurança... Ele evitou o campo dos aimoré e foi para a margem do Paquequer, onde estava uma canoa que outrora fora utilizada pelos agregados de d. Antônio para fazer a travessia... Os preparativos que o índio organizou para a fuga de d. Mariz haviam sido bem planejados. Ele acondicionou várias coisas na embarcação (roupas, uma colcha de damasco, alimentos e até dinheiro para alguma necessidade do fidalgo e a filha enquanto navegassem).
Cecília foi delicadamente acomodada na canoa... Ela dormia profundamente, e Peri teve o cuidado de protegê-la com a manta de seda... Já em meio à correnteza, ele viu o casarão tomado pelo incêndio... Ele conseguiu distinguir o poste onde Loredano era devorado pelas chamas da fogueira de sua condenação... Notou a movimentação dos vultos aimoré... Muitos deles morreram quando a parte da frente do casarão desmoronou. Depois disso, foi possível notar também que a sala estava envolta em chamas e que muitos queimavam ali. Ainda não era o fim.
Leia: O guarani. Editora Ática.
Um abraço,
Prof.Gilberto

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