Talvez seja interessante retomar http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2013/10/o-guarani-de-jose-de-alencar-peri_4.html
antes de ler esta postagem:
Entre os ferozes
aimoré estava o velho chefe da tribo. Ele também era bem alto... Via-se que sua
posição era de grande importância porque observava o trabalho dos demais como
quem preside tarefas. Sua filha, uma índia jovem e bela, o acompanhava de
perto. Além da beleza, ela se destacava pela aplicação que dedicava à sua
tarefa, que consistia em produzir espessa fumaça a partir da queima de folhas
de tabaco.
O velho aspirava a fumaça e se transformava. O fragmento a seguir também
concebe uma classificação inferiorizante:
Envolto pelo fumo espesso que se enovelava (...) aquela figura
fantástica parecia algum ídolo selvagem, divindade criada pelo fanatismo desses
povos ignorantes e bárbaros.
Algo chamou a atenção da jovem índia. Ela debruçou-se
sobre o ombro do pai, que se tornou paralisado... Falou-lhe ao ouvido e, na
sequência, a um sinal dele, voltou a queimar as folhas de pitima (de petim;
tabaco)...
Passou-se algum tempo e os aimoré permaneceram em seus afazeres.
Novamente a menina estremeceu... Ela ouvia rumores na floresta, e dessa vez um
guerreiro também se agitou e levantou a cabeça por ter notado algo... Logo
todos os demais estavam em postura de atenção. Todo o bando voltou-se para a
índia depois que ela soltou um tremendo grito enquanto estendia a mão em
determinada direção... Imediatamente o cacique girou sua tangapema (um porrete ou
tacape; em tupi, “arma valente de guerra”). Os demais também empunharam suas
armas... Fez-se um aglomerado e no meio dele se posicionaram as crianças.
Todos esperavam o ataque dos brancos, mas se passou
algum tempo e nada ocorreu. Convenceram-se de que não haveria nenhum combate e
que o rumor que notaram devia ser próprio da floresta.
Mas aconteceu que, de
repente, Peri aterrissou no meio deles. Ao lançar-se de uma das árvores
eliminou dois guerreiros. Movimentou o montante sobre a sua cabeça, e foi assim
que um círculo de inimigos abriu-se ao seu redor. Depois encostou-se a uma
pedra de tal modo acomodada que os selvagens só conseguiam atacá-lo, no máximo,
aos pares. A narrativa expressa o horror que se seguiu:
Houve uma confusão,
um turbilhão horrível de homens que se repeliam, tombavam e se estorciam; de
cabeças que se levantavam e outras que desapareciam; de braços e dorsos que se
agitavam e contraíam, como se tudo isto fosse partes de um só corpo, membros de
algum monstro desconhecido debatendo-se em convulsões.
A gritaria era intensa e misturava-se aos gemidos e aos choques das
armas... De um momento para outro os ataques cessaram porque uma grande
quantidade de cadáveres se acumulou entre Peri e os guerreiros... O goitacá
estava exausto e, como o seu braço direito já não dava conta de manipular o
montante, passou a arma para a mão esquerda. Foi nesse momento que o velho
cacique caminhou em sua direção com uma enorme clava portando “escamas de
peixes e dentes de fera”. Peri apenas o olhou e, no momento em que sofreria o
golpe, decepou o punho de seu inimigo com o batente... Clava e mão foram ao
chão enquanto o líder aimoré gritava de dor... Seu sangue tingia os demais
guerreiros.
É claro que eles se tornaram sedentos de
vingança.
Continua em http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2013/10/o-guarani-de-jose-de-alencar-peri-se.html
Leia: O guarani. Editora Ática.
Um abraço,
Prof.Gilberto